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As medidas articuladas por Elmano para conter impacto do tarifaço no Ceará
Economia

As medidas articuladas por Elmano para conter impacto do tarifaço no Ceará

Em diálogo com empresários, Estado mapeia impactos e busca intermediar interesses cearenses em grupo de trabalho chefiado por Alckmin. Governo cogita possibilidade de comprar parte das mercadorias para evitar prejuízos maiores
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FORTALEZA-CE, BRASIL,15.07.2025: Governador Elmano de Freitas visita o sistema OPOVO de comunicação.  (Fotos: Fabio Lima) (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA-CE, BRASIL,15.07.2025: Governador Elmano de Freitas visita o sistema OPOVO de comunicação. (Fotos: Fabio Lima)

O Governo do Estado anunciou a articulação de medidas para reduzir o impacto do tarifaço de 50% em todos os produtos exportados a partir de 1º de agosto. Atualmente, o Ceará mantém relação superavitária com os Estados Unidos, sendo o país o seu principal parceiro comercial.

Além de mapear os impactos, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT) está intermediando a inclusão da agenda de demandas dos empresários cearenses no comitê nacional de negociação, liderado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).

Nessa terça-feira, 15, Elmano conversou com Alckmin por telefone e solicitou uma reunião para tratar sobre a questão.

"Nós estamos trabalhando para termos uma agenda, para levar essas especificidades da economia cearense para o grupo de trabalho que está negociando com o governo americano", disse Elmano.

"O estado do Ceará tem muitos produtos que são vendidos para os Estados Unidos. Nós temos a preocupação de que essa taxação, se ela acontecer como foi apresentada inicialmente, terá um efeito negativo na nossa economia. Pode gerar desemprego para o nosso povo. Portanto, é hora de agir", afirmou.

Conforme o Governo do Estado, pelo menos seis setores serão os mais impactados com as tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: aço, mineral (pedras e granitos), pescados, castanha de caju, cera de carnaúba e pás eólicas.

Além de viabilizar o contato entre empresários e Alckmin, o governador também disse, com exclusividade ao O POVO, que outra medida é estudada: a aquisição de pescados e castanhas de caju pelo Estado para impedir prejuízo para não se perder a mercadoria.

"O impacto sentido no Ceará não é para agosto, o impacto é imediato porque alguns compradores já estão dizendo para não enviar as mercadorias."

Estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) alerta para "efeitos expressivos" a partir da taxação imposta por Trump. Isso ocorre especialmente pela concentração das relações comerciais do Estado com outros países.

Um dos responsáveis pelo estudo, o analista Alexsandre Lira, destaca que, em 2024, os Estados Unidos corresponderam a 44,8% das exportações cearenses, seguido - de longe - por Holanda (4,35%), México (3,94%), China (3,91%) e França (3,89%).

As vendas aos EUA correspondiam 29,6% das exportações cearenses em 2010. Em 2024, esse montante saltou para os 44,8%.

Conforme o chefe do Executivo, a reunião, promovida na última segunda-feira, 14 de julho, com os representantes dos setores produtivos, serviu para confirmar o cenário preocupante. Porém, explicou que é necessário fazer um esforço diplomático intenso e “não cair numa isca de fazer uma queda de braço”, por isso a intenção do mapeamento dos segmentos mais impactados. Partiu dos empresários o pedido de interlocução junto ao Governo Federal para reforçar o canal de negociação.

“Não interessa à economia brasileira uma queda de braço, mas, ao mesmo tempo, é preciso manter o otimismo, a tranquilidade, a firmeza nas posições. Sem entrar num jogo de quem é o mais forte, quem perde mais, quem ganha mais. Isso não interessa à economia brasileira, aos trabalhadores brasileiros.”

Como cada setor é afetado?

Os EUA são hoje o principal parceiro comercial do Ceará. De acordo com dados do Observatório da Indústria do Ceará, somente neste ano, mais de US$ 366,8 milhões em produtos cearenses foram exportados ao País. O número representa 47,61% do volume total de exportações.

Dentre os principais produtos exportados estão: aço (US$ 262,3 milhões); peixes (US$ 19,1 milhões) e calçados (US$ 13,9 milhões).

De acordo com Elmano de Freitas, o setor do aço tem uma especificidade: o item já está com uma tarifa de 50%. Ou seja, há uma dúvida se será adicionado 50% ou se ficará do jeito que está. 

Sobre o setor de pescados, o governador destacou que, neste momento, há um contêiner no mar e outro contêiner chegando ao porto. Por isso a preocupação sobre a indefinição sobre a implementação da tarifa. Outro ramo também é o da cera de carnaúba, devido aos postos de trabalho.

“A cera de carnaúba e a castanha-de-caju nos preocupam um pouco, porque a safra começa a ser colhida agora. No segundo semestre inteiro é colhida, então tem um impacto de emprego importante”, destaca Elmano. (Colaborou Carmen Pompeu)

Entenda os impactos de uma eventual taxação dos EUA por parte do Brasil | O POVO News

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