Logo O POVO+
Produtores correm contra o tempo para exportar antes do tarifaço
Economia

Produtores correm contra o tempo para exportar antes do tarifaço

Estratégia.
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Vista aérea do terminal multiuso de cargas do porto do Pecém (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Vista aérea do terminal multiuso de cargas do porto do Pecém

Com o tarifaço de 50% oficializado e os produtos cearenses fora da lista de exceções, a tendência é que os produtores agilizem nos próximos dias os embarques no Estado para fugir da taxação que começa no dia 6 de agosto.

A avaliação é de Augusto Fernandes, diretor da JM Negócios Internacionais, empresa de despacho aduaneiro que opera no Porto do Pecém. "Esses sete dias serão corridos, porque a gente vai embarcar tudo o que puder", diz.

Entre esses itens, estão 95 toneladas de mel, que estavam paradas no porto em razão dessa indefinição tarifária. Também conta que há mais de 60 contêineres de calçados na mesma situação, mas diz acreditar que ainda estão em negociação sobre a antecipação do embarque. 

De acordo com Fernandes, a tarifa pegou "todo mundo do mercado de surpresa", não dando tempo para a criação de estratégias.

Além disso, o profissional diz que decreto traz pontos confusos e que ainda está cedo para mensurar o impacto da medida sobre a indústria cearense. "Tem muita coisa ainda pela frente para descobrir nos próximos dias (...) Eu penso que ainda vai ter esclarecimento sobre esse decreto (...)."

O setor de frutas também projeta impacto negativo nas exportações a partir da imposição de tarifas pelo governo dos Estados Unidos. Especialmente por conta da safra de manga.

Quem faz a análise é Luis Alberto Barcelos, diretor da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Segundo ele, como as frutas não estão entre os quase 700 itens isentos da taxa, o Brasil de forma geral deve sofrer um "impacto grande" com a cobrança, principalmente sobre a manga.

"Embora o destino maior das frutas brasileiras não seja os Estados Unidos, seja a Europa, os EUA representam 12% do que a gente exporta, mas na manga tem uma participação muito grande, a safra começa exatamente agora, exatamente nesse comecinho de agosto", explica.

"Sobre a oferta, o consumo é o mesmo, então o preço cai e atualmente não vai nem compensar colher uma parte da manga que tem aí, então o desemprego (que pode causar) é muito ruim", completa.

No entanto, quanto ao Ceará ele diz que no caso específico da manga o mercado não será afetado, pois o produto "sai predominantemente do Vale do Rio São Francisco e um pouco do Rio Grande do Norte". Já frutas como o melão e a melancia devem, segundo analisa, sofrer um pouco de impacto.

Apesar disso, Alberto destaca que o Porto do Pecém vai perder muita carga, uma vez que "essas mangas e uvas que iriam para os EUA produzidos em outros estados são exportados pelo Pecém".

Outro setor impactado é o de castanhas de caju. Um detalhe técnico gera apreensão, já que a lista de exceções inclui a castanha-do-Pará, mas excluiu os demais tipos típicos do País.

O POVO apurou que a indústria cearense Usibras — que possui fábricas no Brasil, Gana e Estados Unidos — segue em contato com parceiros nos EUA para compreender os detalhes da medida. (Gabriela Almeida e Samuel Pimentel)

O que você achou desse conteúdo?