O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que assinará hoje uma medida provisória (MP) criando uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas brasileiras prejudicadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Ele ressaltou que o montante faz parte de um plano de contingência que "é só o começo" e que deverá ser ampliado conforme a necessidade. A cerimônia está marcada para as 11h30, no Palácio do Planalto.
Em entrevista à BandNews, o presidente afirmou ser preciso ajudar os empresários a "abrir e brigar por mercados", ressaltando que eles não devem deixar "barato" a sobretaxa de Trump.
Ele lembrou que há legislação nos EUA que permite às companhias processarem o governo local em situações desse tipo. "Estamos pensando em ajudar, sobretudo, as pequenas empresas, o pessoal que exporta tilápia, frutas, mel, máquinas. As grandes têm mais poder de resistência."
O presidente acrescentou que o Brasil estuda medidas de reciprocidade, mas enfatizou que a intenção não é fazer bravatas. "Estamos pensando no que a gente vai colocar como reciprocidade. Não queremos fazer bravata."
Lula diz que a taxação imposta pelos Estados Unidos "não ficará impune" . "Eu queria que entrassem no site americano e procurassem uma picanha. 'Um quilo de filé' estava sendo vendido por US$ 150. Uma coisa que o presidente Trump não pensou, embora ele diga que está juntando muito dinheiro, os produtos taxados em todos os países do mundo vão aumentar de preço nos EUA", disse o petista. "O povo tem que sentir na pele para saber qual será a reação às taxas do presidente Trump."
Disse ainda não ter subestimado o presidente norte-americano, mas avaliou que Trump "tem agido com certa anormalidade" na condução das relações comerciais com o Brasil.
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o plano de contingência para socorrer empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço está "100% definido".
Segundo Haddad, o plano contempla as demandas do setor produtivo após reuniões com vários representantes e deve ser o necessário para atender os afetados. Ele disse ainda que as medidas serão custeadas via crédito extraordinário - ou seja, ficarão fora do limite de gastos do arcabouço -, mas serão contabilizadas no cálculo da meta fiscal.(Agência Estado)