Barbalha (a 548,30 km de Fortaleza), no Cariri, deve ser o município mais impactado da região pelo “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
A estimativa é do secretário executivo de Finanças, Planejamento e Gestão municipal, Aquiles Soares, com perdas previstas em R$ 6 milhões, em 2025, conforme entrevista concedida à rádio O POVO CBN Cariri.
O município lidera as exportações no Cariri, com arrecadação de cerca de R$ 5,2 milhões em 2024, principalmente no setor agrícola. “Barbalha será diretamente afetada, especialmente na produção de hortaliças, sementes, chá-mate e frutas. Pequenos agricultores também sentirão fortemente os efeitos”, afirma Soares.
O secretário explica que, mesmo com a lista de exceções anunciada pelo Governo Federal, que reduziu a aplicação da tarifa extra de 40% sobre alguns produtos, permanecem os 10% anteriores, totalizando 50% para itens fora da lista. “É um impacto muito grande e ninguém esperava por uma taxação dessa magnitude”, diz.
Para mitigar os prejuízos, a Prefeitura pretende atuar junto ao Governo do Estado, que anunciou pacote de R$ 30 bilhões para enfrentar os efeitos do tarifaço. Entre as medidas em estudo estão direcionar a produção não exportada para o mercado interno, reduzindo preços ao consumidor, e revisar o Código Tributário municipal para diminuir taxas e alíquotas, incentivando o comércio formal.
Barbalha também quer acelerar a abertura de empresas, adotando processos digitais inspirados no modelo de Sobral. “Queremos ser referência em desburocratização para atrair investimentos, mesmo diante de um cenário adverso”, afirma Soares.
A busca por novos mercados é outra frente. O secretário cita a participação do prefeito do Crato, André Barreto, em comitiva federal que viajará à China para prospectar compradores. “O Ceará ainda depende muito dos Estados Unidos, e é essencial diversificar nossos parceiros comerciais”, complementa.
Segundo Soares, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico está elaborando estudo para mapear os impactos por setor e ampliar programas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Também está em curso a regularização de agricultores como Microempreendedores Individuais (MEIs), garantindo acesso a crédito e benefícios previdenciários.
“Queremos transformar esse desafio em oportunidade para fortalecer o mercado interno, gerar empregos e aumentar a arrecadação”, conclui o secretário.