O governo dos Estados Unidos decidiu expandir a tarifa de 50% sobre aço e alumínio para 407 novas categorias de produtos, em decisão que entrou em vigor na segunda-feira, 18. A lista inclui desde motocicletas, peças automotivas e turbinas eólicas até cadeirinhas infantis, móveis e utensílios domésticos.
O anúncio foi publicado apenas no dia seguinte no Federal Register, pegando importadores e fabricantes de surpresa.
A cobrança vale independentemente da origem dos produtos e se aplica inclusive a mercadorias já em trânsito para os portos americanos, o que elevou a preocupação de empresas que não tiveram tempo de se adaptar.
De acordo com dados oficiais, os itens incluídos somam cerca de US$ 138 bilhões em importações anuais, elevando o valor total afetado pelas tarifas para US$ 328 bilhões.
Antes da decisão, a sobretaxa incidia principalmente sobre insumos básicos de aço e alumínio; agora, passou a atingir também produtos finais e semi acabados em larga escala.
Entre os setores mais impactados estão o automotivo, o de infraestrutura energética e o de bens de consumo duráveis.
Fabricantes de turbinas, transformadores elétricos e equipamentos industriais alertam para dificuldades adicionais, já que parte desses itens não possui produção suficiente dentro do território norte-americano.
A administração Trump afirma que o objetivo é proteger a indústria doméstica e fechar brechas usadas por empresas estrangeiras para escapar das tarifas já em vigor. Entidades como a Aluminum Association apoiaram a decisão, classificando-a como necessária para garantir condições de concorrência mais justas.
Por outro lado, grupos empresariais como a Core Coalition, que reúne fabricantes de equipamentos elétricos, criticaram a medida.
A entidade argumenta que não há oferta doméstica suficiente para atender à demanda em setores estratégicos, como o de transformadores usados em redes de energia, essenciais também para projetos de inteligência artificial e infraestrutura crítica.
A ampliação das tarifas provocou reação imediata de importadores e analistas de mercado. Segundo especialistas ouvidos pela Reuters e pela CNBC, a medida deve elevar custos logísticos e regulatórios, já que as empresas precisarão comprovar com precisão o peso e a composição metálica de cada mercadoria.
Economistas alertam ainda para um possível efeito inflacionário, pois os custos adicionais podem ser repassados ao consumidor final. A Axios destacou que a política tarifária de Trump ocorre em um momento de expectativa por cortes de juros nos EUA — algo que pode ser adiado caso a inflação se acelere.
Esta não é a primeira vez que Trump endurece a política comercial em seu segundo mandato. Em março de 2025, o governo havia imposto uma tarifa global de 25% sobre aço e alumínio.
Em junho, essa taxa foi elevada para 50%. Agora, a novidade está na ampliação do escopo, com a inclusão de centenas de produtos industrializados.
Analistas ouvidos pelo Guardian avaliam que o governo busca fortalecer sua narrativa de “renascimento industrial” nos EUA.
No entanto, especialistas em comércio internacional questionam se a política terá resultados de longo prazo, já que pode reduzir investimentos e prejudicar setores dependentes de insumos importados.
O impacto da decisão ainda deve se desenrolar nos próximos meses. Importadores estudam recorrer judicialmente e pressionar o Departamento de Comércio por regras mais claras.
Setores dependentes de insumos estrangeiros também devem intensificar o lobby em Washington.
Enquanto isso, o mercado global acompanha de perto os efeitos da medida. Há expectativa de que parceiros comerciais pressionem por negociações ou adotem contramedidas, em um cenário que reacende temores de guerra tarifária.