O Ceará receberá aproximadamente R$ 200 milhões do Governo Federal para reforçar as áreas de ciência e tecnologia, com foco também na transição energética. Os investimentos foram anunciados ontem pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, e pelo governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT). Uma das contempladas é a Casa dos Ventos, com aporte de R$ 128 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Esse valor é acrescido de uma contrapartida da empresa, de R$ 68 milhões.
O objetivo é desenvolver estudos de engenharia que possibilitarão a decisão de prosseguimento para as fases posteriores da construção da usina de produção de hidrogênio e amônia verde. A estimativa é produzir até 900 quilo-toneladas por ano (ktpa) de amônia verde para exportação e potencial utilização como combustível para navegação marítima. Outros R$ 70 milhões serão aplicados na capacitação em Inteligência Artificial (IA), via Lei de TICs, em parceria com a Softex.
"É algo muito importante para o desenvolvimento econômico do Estado [...] Diz respeito à utilização da matriz energética renovável, que apostamos tanto para colaborar com a mudança da matriz energética de combustíveis. E assim a gente poder gerar uma nova economia no País, uma nova indústria baseada em energia limpa", afirmou Elmano de Freitas.
Já a ministra Luciana Santos reforçou que os recursos são necessários para inovar ainda mais nessa área, que tem uma forte vocação no Nordeste. "São desafios da cadeia produtiva do hidrogênio verde que estamos atuando para poder garantir a realização."
Por fim, o secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, Inácio Arruda, ressaltou que o investimento em ciência não é despesa. Segundo ele, "é um investimento com retorno altíssimo para o Ceará e o Brasil". "A ciência voltou para ficar e o presidente Lula falou que não existe contingenciamento de recursos."
Além disso, segundo a titular da Pasta, já foram destinados mais de R$ 1,3 bilhão para o Ceará no setor de ciência e tecnologia. Desde o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foram cerca de R$ 705 milhões somente pelo Finep, com 131 projetos.
Entre eles está o P90, da empresa J.Macêdo, que visa modernizar e automatizar o processo produtivo de derivados de trigo, utilizando tecnologias de ponta da indústria 4.0 para aumentar a eficiência operacional e reduzir desperdícios. São mais de R$ 88,5 milhões.
Há ainda outros dois projetos com a M. Dias Branco, que somam R$ 164,3 milhões. Um deles é de evolução tecnológica e o outro é de inovações para expansão do mercado. Outra contemplada é a Brisanet, no valor de R$ 30,5 milhões, para dar suporte a toda a operação do serviço novo 5G, incluindo comercialização, atendimento e faturamento para as regiões Nordeste e Centro-Oeste.
A Lei de TICs já mobilizou R$ 375 milhões em investimentos em P&D no Ceará, por meio de quatro empresas incentivadas e 17 Instituições de Ciência e Tecnologia credenciadas. Só em contrapartidas já foram destinados R$ 182 milhões para 10 projetos de Residência em TICs, formação com foco em áreas estratégicas como computação em nuvem, big data, cibersegurança, IoT, manufatura avançada, robótica e inteligência artificial.
A meta é formar mais de 20 mil profissionais no Estado. Esses valores se somam aos R$ 70 milhões anunciados pela ministra para capacitação em IA, no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que prevê investimentos de R$ 23 bilhões até 2028. Entre os aportes em popularização científica, destaca-se o Programa Rede Pop Ciência Ceará, que recebeu mais de R$ 10 milhões para ações como feiras, olimpíadas, exposições, museus e a entrega de equipamentos de informática a 43 escolas indígenas do estado.