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Mansueto Almeida: juros altos e falta de infraestrutura adequada prejudicam o crescimento do agro
Economia

Mansueto Almeida: juros altos e falta de infraestrutura adequada prejudicam o crescimento do agro

Atual economista-chefe do BTG Pactual, esteve no Ceará para falar com grupo da Faec e analisou o cenário para o setor
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Mansueto de Almeida participou de encontro com empresários em Fortaleza (Foto: Kalebe Oliveira/ Acqua Vero Investimentos)
Foto: Kalebe Oliveira/ Acqua Vero Investimentos Mansueto de Almeida participou de encontro com empresários em Fortaleza

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) recebeu nesta segunda-feira, 1, o economista cearense Mansueto Almeida, para uma palestra com empresários do agro. Durante o encontro em Fortaleza, o atual economista-chefe do BTG pactual falou sobre os desafios do ramo com o cenário nacional e internacional.

Mansueto, que também foi secretário do Tesouro Nacional, frisou que os juros altos retardam o avanço do agronegócio e da própria economia.

"A gente tá com juro muito alto. Esse juro muito alto vai esfriar a economia. Não é recessão, a produção do Brasil não vai cair, mas você vai ter uma forte desaceleração no crescimento", comentou.

O Brasil é o segundo país com maior taxa real de juros do mundo, rodando em torno de 9,76%, e deve assumir a primeira posição muito em breve, disse o especialista.

Ainda que esse contexto da taxa do juro seja ruim para o País, o Brasil segue crescendo economicamente. Esse ano a taxa de crescimento deve ser de 2%, e a tendência é seguir os mesmo passos em 2026.

Agro brasileiro tem números históricos de produção

O agronegócio brasileiro teve números históricos de produção nos últimos anos. Em 2023, o País registrou a maior safra da história. No ano seguinte, a safra não bateu a anterior, mas foi considerada a segunda maior.

A expectativa a longo prazo é positiva para o ramo, com produção agrícola só crescendo e atingindo recordes. Esse aumento nos números se dá muito pelo desenvolvimento da prática, com cada vez mais tecnologia integrada.

"A agricultura hoje tem muita incorporação e tecnologia e infelizmente a nossa infraestrutura não acompanhou esse desenvolvimento da agricultura", se queixou.

O economista apontou para a necessidade de fazer concessões para melhorar a infraestrutura: " Já há alguns anos nós nos convencemos que para melhorar a infraestrutura, da mesma forma que a gente teve que fazer concessão para melhorar os aeroportos no Brasil, hoje nós fazemos concessões para investimento em infraestrutura, por exemplo, rodovias federais".

"Investimento em infraestrutura, quando você faz um marco regulatório adequado, atrai bastante investimento, inclusive de grupos muito fortes de fundos de pensão e de outros países".

Ainda que o saldo seja positivo, o resultado poderia ser ainda melhor, com a redução das taxas e investimento nessa infraestrutura.

"Eu acho que os grandes empresários no Brasil, os grandes projetos estão todos preparados para 2 anos de juro alto. Não tem ninguém preparado para 3, 4 anos", concluiu.

Esse fator de longo prazo, citado pelo especialista, prejudicaria novos investimentos e rentabilidade geral das empresas, incluindo o agronegócio.

Tarifaço e o impacto nos EUA

No evento, Mansueto comentou sobre a questão do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump. Para ele, o principal impactado, em todo o contexto atual, é o próprio Estados Unidos.

O economista citou "aumento nos preços", "reorganização da cadeia de produção" e "desaceleração do crescimento econômico" como principais consequências para os norte americanos.

Ainda, segundo ele, a taxação tem um lado positivo para os países emergentes, sendo a questão da queda do dólar. Com a baixa na moeda, ocorre uma valorização de outras moedas.

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