O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira, 2, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre de 2025. O valor apresentado foi de R$ 3,2 trilhões, atingindo o maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. Em relação ao primeiro trimestre, o índice avançou 0,4%.
O PIB é o conjunto de todos os bens e serviços produzidos no País. Com esse dado gerado pelo Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, se pode ter noção do comportamento econômico na totalidade. O cálculo é realizado com o auxílio de pesquisas setoriais.
O resultado apontou para uma desaceleração da economia brasileira, visto que entre janeiro a abril, a taxa de crescimento do índice foi de 1,3%.
“Era um efeito esperado a partir da política monetária restritiva (alta nos juros) iniciada em setembro do ano passado”, disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Comparando com o 2º trimestre de 2024, o PIB avançou 2,2%, com crescimento na agropecuária (10,1%), na indústria (1,1%) e nos serviços (2,0%).
Já no acumulado dos quatro últimos trimestres, o valor sobe para 3,2%. Olhando para o semestre, o número avançou 2,5%. Em relação ao 2º trimestre de 2024, o PIB avançou 2,2%,
Pegando o valor total do PIB, de R$ 3,2 trilhões, R$ 2,7 trilhões foi proveniente do Valor Adicionado (VA), enquanto R$ 431,7 bilhões vieram dos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, avalia que o resultado veio superior ao esperado: “O PIB veio um pouco acima do esperado, mostrando resiliência da economia, mesmo com sinais de desaquecimento à frente”.
O desempenho foi puxado, em grande parte, pelos setores de serviço que avançou 0,6% e indústria com 0,5%. Nem todo setor foi positivo, o caso da agropecuária que recuou de -0,1%.
Já no viés da oferta, o consumo das famílias também cresceu (0,5%), diferente do governo, que retrocedeu 0,6%. Os investimentos obtiveram baixa de 2,2%.
“A abertura do dado pela ótica da demanda mostra que o consumo das famílias continua resiliente, o que pode ser explicado pelo crescimento na renda real da população, visto o mercado de trabalho aquecido, e a continuidade do crescimento de benefícios sociais do Governo. Apesar disso, o crescimento está abaixo da média dos quatro trimestres anteriores, o que contribui para percepção de que a economia brasileira está em um período de desaceleração, mas que pode ser mais lento do que o estimado”, Comentou Sara Paixão, Analista de Macroeconomia da InvestSmart XP.
O economista Alex Araújo, disse ao O POVO que a baixa dos investimentos é preocupante: “é isso que acho que é um dado que é mais preocupante desse resultado total. Porque sinaliza que o potencial de crescimento futuro da economia brasileira, ela fica impactada”.
Com o cenário atual do PIB brasileiro, o País ocupou o 32º lugar no ranking dos 49 países analisados pelo economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
A análise utiliza o valor do PIB e das projeções do Fundo Monetário Internacional para traçar o ranking entre as principais economias globais.
Na lista apresentada pelo economista, 49 países apresentaram um avanço da economia, com o PIB positivo, enquanto seis tiveram retração.
Entre os que tiveram os melhores resultados, a Indonésia ficou no topo da lista, apresentando um crescimento de 4%. Taiwan (3,1%), Malásia (2,1%), Arábia Saudita (2,1%) e Tunísia (1,8%) entraram na sequência.
O Brasil caiu no ranking em comparação ao trimestre anterior, quando ocupou a 5ª posição mundial. Segundo Alex, a variação de um trimestre para o outro se dá pela prática de "politicas econômicas equivocadas".
"O Brasil infelizmente ainda segue refém de uma política econômica de curto prazo, diferente dos países da Ásia que tem de longo prazo, o que faz com que a gente tenha essa oscilação muito forte no posicionamento do ranking. Uma hora o Brasil tá lá em cima, outra hora ele tá lá embaixo, outra hora tá no meio da tabela".
Com o resultado conquistado, o Brasil (0,4%) fica abaixo da média geral (0,7%) e da média dos BRICS (0,7%). Já das médias da área do euro (0,1%) e do G7 (0,1%), o País ficou acima.
Uma análise da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda classifica 16 países do G20 que já divulgaram o resultado do PIB do trimestre encerrado em junho. Tanto em relação ao acumulado de 12 meses quanto na comparação com o segundo trimestre de 2024, Brasil figura na sexta colocação.
O G20 é composto por 19 países, além da União Africana e da União Europeia: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.
Os integrantes do grupo representam cerca de 85% da economia mundial, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população do planeta. (com Bruno de Freitas Moura - repórter da Agência Brasil)
O PIB dos estados ainda não foi divulgado, mas deve vir a público nas próximas semanas. Alex Araújo comentou que o resultado do Ceará deve ficar acima do registrado no País, analisando todos os setores: “é esperado que o PIB do estado do Ceará tenha tido um resultado melhor do que o Brasil”.
Em relação ao PIB brasileiro fechado de 2025, o mercado estima crescimento de 2,19%. A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda calcula expansão de 2,5% em 2025, de acordo com a edição de julho do bimestral Boletim Macrofiscal.
“Continua crescendo, mas não na velocidade que a gente viu no final do ano passado ou no primeiro trimestre nesse ano, mas a expectativa continua sendo de crescimento. É um crescimento mais contínuo. Porque a trajetória da taxa de juros ainda não foi alterada”, completou Alex.