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Governo do Ceará terá R$ 20 milhões de ajuda a exportadoras
Economia

Governo do Ceará terá R$ 20 milhões de ajuda a exportadoras

|TARIFAÇO| O valor é para auxiliar as empresas cearenses afetadas pela taxação de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos aos produtos brasileiros. Setores calculam prejuízos de até 70%
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PRINCIPAIS produtos de exportação cearense foram afetados pelo tarifaço (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE PRINCIPAIS produtos de exportação cearense foram afetados pelo tarifaço

O Governo do Ceará abriu crédito adicional extraordinário ao orçamento no valor de R$ 20 milhões.

O valor é para auxiliar as empresas afetadas pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, o que afetou, proporcionalmente, no País, mais ao estado cearense.

Esse montante vai para a administração da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE). Em suma, é para atender as despesas referentes à subvenção econômica, que será concedida a empresas exportadoras, de modo a mitigar os efeitos adversos decorrentes do aumento tarifário.

Dos R$ 20 milhões de subvenção econômica, a divisão proposta no decreto 36.844, de 10 de setembro, R$ 10 milhões estão para o desenvolvimento e diversificação dos setores industriais na Grande Fortaleza, e mais R$ 10 milhões para todo o Estado. O objetivo é realizar projetos em parceria com instituições ligadas à internacionalização da indústria cearense. 

Em nota, a Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE) reitera que o crédito adicional extraordinário “destina-se a viabilizar medidas de enfrentamento à taxação imposta pelos Estados Unidos, seja por meio de subvenção econômica ou de pagamento de crédito à exportação. A suplementação das dotações orçamentárias assegura que os recursos estejam disponíveis para a execução das ações anunciadas pelo Governo do Ceará”.

Conforme fontes ouvidas por O POVO os prejuízos com o tarifaço chegam a 70% em algumas cadeias produtivas, tais como a dos pescados. De acordo com Paulo Gonçalves, diretor do Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca do Ceará (Sindfrio), o setor “vinha trabalhando com uma média de 500 toneladas por mês e caiu aí para uns 30% no mês de agosto. Com a notícia de que o governo vai dar o socorro e vai ajudar as empresas, redimensionando a exportação, existe a perspectiva de retorno”.

Ele lembra que “quando foi anunciado o tarifaço, todo mundo foi recolhendo as embarcações. Então, quando o governo anunciou o subsídio, até você armar e colocar os barcos para pescar de novo, isso demora um tempo. Então, existe a previsão de retornar às 500 toneladas por mês até o final de novembro, embora a gente tenha a expectativa de voltar até antes”. 

“Nós estamos incentivando os barcos a voltar ao mar, porque os preços que nós estávamos praticando até o dia 3 ou 4 de agosto eram preços que realmente representavam o que a gente tinha para receber dos comerciantes. As empresas estavam reclamando de um preço muito baixo, em torno de R$ 22, R$ 23. E nós ajustamos com as embarcações para voltarem a pescar com um preço por volta de R$ 28, R$ 29”, explica Gonçalves.

O diretor do Sindfrio lembrou o tamanho da cadeia produtiva do pescado e o impacto do tarifaço em termos de embarcações e profissionais afetados. “Se você considerar que nós temos em torno de 1.200 embarcações por ano e nós temos, mais ou menos, cinco pessoas por embarcação. Estamos falando de 6 mil pessoas no mar e para cada pessoa que está no mar, eu preciso de cinco em terra, ou seja, estamos falando de cerca de 30 mil pessoas”, quantificou.

Já a fundadora da Associação Nacional dos Produtores de Coco (Aprococo), Rita Grangeiro, “a cadeia do coco está trabalhando com 40% de prejuízo. O governo estadual ficou de fazer essa reposição porque 10% já tinha sido absorvido por todos. Então, na verdade, o problema são os outros 40%”.

“Em agosto, foram exportados 1,5 milhão de litros de água de coco, mas com um desconto de 40% para que fosse viável, para que não se perdesse o cliente e mantivesse os empregos. Por outro lado, a venda de 1 milhão de litros foi cancelada. O prejuízo maior é para o produtor”, ressaltou.

Ela afirma que mesmo com a subvenção é estimado um prejuízo de 10% a 12%. “Isso aí (a subvenção) tem que ser uma coisa rápida, porque senão a indústria não vai aguentar. Ela tem que bancar essa diferença”, conclui citando a margem de lucro que deve ser perdida. (Colaborou Beatriz Cavalcante)

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O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa durante uma reunião de gabinete na Sala do Gabinete da Casa Branca, em Washington, DC, em 26 de agosto de 2025. (Foto de Mandel NGAN / AFP)
O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa durante uma reunião de gabinete na Sala do Gabinete da Casa Branca, em Washington, DC, em 26 de agosto de 2025. (Foto de Mandel NGAN / AFP)

Exportações de produtos do tarifaço recuam 22,4%

As exportações de produtos afetados pelo tarifaço americano caíram 22,4% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2024. Já as vendas de itens que não sofreram taxas adicionais recuaram 7,1%.

A constatação está no Monitor de Comércio Brasil-EUA, boletim elaborado pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), entidade sem fins lucrativos que representa mais de 3,5 mil empresas envolvidas no comércio entre os dois países.

A análise é feita em cima de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), que já havia revelado que as exportações brasileiras para os Estados Unidos regrediram 18,5% em agosto ante o mesmo mês de 2024.

De acordo com a Amcham, os dados do mês passado indicam que as sobretaxas impostas pelos EUA provocaram uma queda expressiva nas exportações brasileiras e vêm contribuindo também para a desaceleração das importações.

Já em relação aos produtos não taxados, a Amcham avalia que a queda de 7,1% foi influenciada "sobretudo por fatores de mercado, como a menor demanda dos EUA por petróleo e derivados".

Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, perdendo apenas para a China. No acumulado dos primeiros oito meses do ano, o comércio entre os dois países chegou a US$ 56,6 bilhões. As nossas exportações somam US$ 26,6 bilhões e apresentam alta de 1,6% ante janeiro a agosto de 2024.

Mas o resultado isolado de agosto significou a maior queda mensal de 2025, "indicando que o tarifaço influenciou as decisões empresariais", frisa a Amcham. (Agência Brasil)

Projeção

O Ministério da Fazenda estima que as ações do governo brasileiro devem reduzir pela metade o impacto do tarifaço aplicado pelos Estados Unidos na economia brasileira

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