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Previdência já consome mais da metade do orçamento federal, diz Raul Veloso
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Previdência já consome mais da metade do orçamento federal, diz Raul Veloso

Especialista alerta que envelhecimento populacional e fraudes pressionam sistema, que já consome 51,8% do orçamento
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Raul Veloso destaca impacto da Previdência nas contas públicas durante entrevista em Fortaleza (Foto: DEIVYSON TEIXEIRA)
Foto: DEIVYSON TEIXEIRA Raul Veloso destaca impacto da Previdência nas contas públicas durante entrevista em Fortaleza

Os gastos da Previdência Social já representam 51,8% do orçamento da União. Em 1987, eram 19,2%, o que faz do tema o maior desafio das contas públicas brasileiras.

O alerta foi feito pelo economista Raul Veloso, PhD pela Universidade de Yale e referência nacional no tema, em entrevista ao O POVO CBN, antes de palestra que ministra nesta segunda-feira, 22, no auditório do Sebrae Ceará.

“O grande drama do País é como arcar com despesas que não podem deixar de ser feitas. A previdência sozinha já consome mais da metade do orçamento e, infelizmente, o Brasil não está se preparando da forma adequada para enfrentar esse cenário”, explicou.

Segundo Veloso, os gastos obrigatórios já representam 96,8% do orçamento da União, restando pouco espaço para investimentos. “Quando surge uma despesa incomprimível, os governantes escolhem cortar em obras para abrir espaço no orçamento. É daí que decorre a falta de infraestrutura, as pontes que caem, as estradas que cedem”, afirmou.

O economista destacou ainda a pressão demográfica. “A explicação para esse salto nos gastos é o envelhecimento populacional, que avança rapidamente”, disse.

A tendência preocupa, segundo ele, porque muitos jovens hoje rejeitam a carteira assinada e não contribuem para a Previdência, fragilizando o sistema.

Veloso também chamou atenção para o peso das fraudes. De acordo com estimativas citadas por ele, mais de 550 mil benefícios indevidos são pagos mensalmente, o que representa um rombo de cerca de R$ 14 bilhões por ano. “Há uma disputa pelos recursos e, quando a população não vê retorno, tenta se livrar de pagar. Isso fragiliza ainda mais a Previdência”, pontuou.

Apesar das dificuldades políticas, ele defende reformas que ampliem a contribuição, aumentem a idade mínima e combatam irregularidades. “Entre pagar aposentadorias ou pagar juros, é evidente que a sociedade prefere destinar os recursos à previdência. Mas precisamos de um equacionamento que não sacrifique o investimento em infraestrutura”, concluiu.

Raul Veloso participa nesta segunda, 22, da palestra “Déficit público brasileiro e previdência”, promovida pela Academia Cearense de Economia e pelo Sebrae Ceará, às 17h, no auditório da instituição (Rua Monsenhor Tabosa, 777).

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