Com dificuldade na liquidez, Fortaleza apresentou a pior situação fiscal entre as capitais do Nordeste no Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) 2025, que usa como base os dados de 2024. No comparativo com todas as capitais, a cidade ocupa a 17ª posição.
Os dados são da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), baseados nas informações declaradas pelas prefeituras, sendo composto pelos indicadores de autonomia, gastos com pessoal, investimentos e liquidez.
Assim, a Capital registrou a nota 0,7532, considerada "boa" pelo estudo. O destaque ficou para o grau excelente em investimentos e autonomia, este último com nota máxima. Além disso, ao registrar 0,6991 em gastos com pessoal, obteve uma flexibilidade orçamentária intermediária.
Por outro lado, o indicador de liquidez não permitiu que a cidade tivesse um desempenho fiscal mais elevado, com 0,4983.
"Esse resultado indica que o município começou o ano de 2025 com pouca folga para cobrir as despesas contratadas no ano anterior [...] A menor flexibilidade orçamentária e a menor liquidez, frente a média das capitais, fizeram a cidade se posicionar na metade inferior do ranking", indica o levantamento.
Contudo, a análise histórica demonstra que Fortaleza possui uma sólida trajetória de boa gestão fiscal, com dados históricos positivos em autonomia, ao apresentar nota máxima em todos os anos.
Considerando todos os municípios cearenses, a nota ficou em 0,5491. O valor é abaixo da média nacional das prefeituras (0,6531). Porém, São Gonçalo do Amarante, a cerca de a 59 km de Fortaleza, foi o único município do Nordeste a apresentar desempenho máximo no indicador geral.
Outro dado apontado pelo IFGF é que 57,5% dos municípios cearenses registraram uma gestão fiscal crítica ou difícil em 2024. Outros 38,1% têm uma situação boa e, 4,4%, excelente.
"Os municípios do Estado apresentaram baixa rigidez orçamentária e bom nível de investimentos. No entanto, o quadro fiscal das cidades cearenses foi marcado pela baixa autonomia e pelo planejamento financeiro ineficiente", evidencia o estudo.
Destrinchando por setor, o de autonomia apresentou um desempenho médio mais baixo entre os municípios do Ceará: 0,1887 ponto, 57,1% abaixo da média nacional (0,4403).
Ao todo, 59 prefeituras não foram capazes sequer de suprir suas despesas básicas e, portanto, receberam nota zero.
Em compensação, o indicador de gastos com o pessoal obteve uma pontuação de 0,7340. Mesmo abaixo do Brasil (0,7991), o número reflete um bom desempenho.
Dos 129 municípios que ficaram com conceito bom ou excelente no indicador, 47 (26,0% do total de municípios) receberam nota máxima por destinarem menos de 45% de seu orçamento para despesas com pessoal. Porém, 20 prefeituras comprometem mais 54% da Receita com a folha de salário e aposentadorias do funcionalismo público.
Entre essas cidades, Amontada, Bela Cruz e Iracema destinam mais de 60% da receita para esse tipo de despesa, ou seja, ultrapassaram o limite máximo para gasto com pessoal determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Já no IFGF Liquidez, que avalia se as prefeituras dispõem de recursos em caixa para cumprimento das obrigações financeiras de curto prazo, os municípios cearenses apresentaram baixo desempenho: 0,5074, abaixo do registrado na média dos municípios do País (0,6689).
Nessa vertente, 117 prefeituras (64,6%) ficaram com conceito ruim ou crítico e, desse grupo, 40 municípios encerraram 2024 no “cheque especial”, sem recursos em caixa para cobrir despesas postergadas para o ano seguinte. Na contramão, 64 cidades (35,4%) se destacaram com um planejamento financeiro eficiente, com 31 deles alcançando nota máxima no indicador.
Por fim, o IFGF Investimentos, que mede a parcela da receita destinada aos investimentos públicos, teve resultado médio de 0,7664 ponto e foi a única vertente acima da média nacional (0,7043).
Das cidades analisadas, mais de 74% apresentaram um nível elevado em 2024. Assim, 68 prefeituras ficaram com nota máxima no indicador ao destinarem mais de 12% do orçamento para esse tipo de despesa. Contudo, as que apresentaram pior desempenho foram:
Vale ressaltar que os dados dos municípios de Graça, Meruoca e Penaforte não foram avaliados devido à indisponibilidade ou inconsistência nas informações declaradas.
Confira os assuntos econômicos no Ceará, no Brasil e no Mundo
Siga o canal de Economia no WhatsApp para ficar bem informado
Zero
Ao todo, 59 prefeituras no Ceará não foram capazes sequer de suprir suas despesas básicas e, portanto, receberam nota zero no quesito autonomia