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Custo da energia volta a subir em setembro e pressiona orçamento familiar
Economia

Custo da energia volta a subir em setembro e pressiona orçamento familiar

Com o aumento na conta de luz, a eficiência energética deixa de ser uma opção e se torna uma necessidade urgente para o bolso do consumidor brasileiro
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O impacto das tarifas de energia no orçamento das famílias segue como o principal vilão da inflação do mês de setembro. Após a deflação de agosto, a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) deste mês acelerou para 0,48%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O aumento é impulsionado pelo encarecimento das contas de luz, que subiram 12,17% devido ao fim do bônus de Itaipu e à manutenção da bandeira tarifária vermelha, no patamar 2, mais cara. A alta vem após queda de 4,93% nos preços do mês anterior.

Diante dessa realidade, a eficiência energética torna-se não apenas necessária, mas uma aliada no cotidiano, contribuindo para a redução de gastos e a preservação dos recursos naturais.

George Alves Soares, gerente do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), explica que a eficiência energética é um conjunto de ações que visam otimizar o uso das fontes de energia.

Segundo ele, "a utilização racional de energia, às vezes chamada simplesmente de eficiência energética, consiste em usar de modo eficiente a energia para se obter um determinado resultado".

“A eficiência energética, segundo a Agência Internacional de Energia, tem um papel-chave no alcance das metas globais de sustentabilidade. Ela está relacionada, por exemplo, à redução das emissões de gases do efeito estufa, ao combate à poluição do ar, à diminuição da pobreza e ao orçamento público, entre outros”, exemplifica Soares.

Desde 1985, o Procel investiu R$ 3,15 bilhões nesse processo, o que resultou em uma redução de custos no sistema elétrico da ordem de R$ 42,8 bilhões.

“Para cada real investido, a sociedade teve R$ 14 como retorno”, aponta.

Pequenas mudanças, como trocar lâmpadas incandescentes por modelos de LED, instalar sensores para o desligamento automático de luzes e usar o chuveiro de forma estratégica, podem fazer uma grande diferença na conta de luz e na sustentabilidade do planeta.

Aproveitar a luz natural do sol ao abrir cortinas e janelas também ajuda a economizar energia. Além disso, é importante desligar os eletrônicos da tomada e evitar deixá-los no modo stand-by, evitando assim o desperdício desnecessário.

Outro ponto importante é a manutenção regular de equipamentos como geladeiras e aparelhos de ar-condicionado, que garante maior eficiência e menor gasto energético.

No transporte, atitudes como evitar acelerações e freadas bruscas também são recomendadas para o consumo consciente de combustível.

No Brasil, existe o Selo Procel, uma certificação que indica que um produto ou equipamento possui alta eficiência energética, ou seja, consome menos energia para desempenhar sua função, contribuindo para a economia de energia e a redução do impacto ambiental.

Ele ajuda os consumidores a identificar as opções mais sustentáveis e eficientes no mercado, incentivando o uso de tecnologias que respeitem os recursos naturais.

“O selo promove o uso racional de energia, contribuindo para a redução do impacto ambiental e o cumprimento de metas de sustentabilidade, como as previstas em políticas públicas e acordos climáticos. O Brasil, ao longo dos anos, vem consolidando experiências de implementação e montando uma boa infraestrutura de suporte para a implantação massificada, no caminho de promover uma transição energética justa. Estamos preparados para um grande salto em eficiência energética”, diz Soares.

Outra pauta diretamente relacionada à eficiência energética são as altas temperaturas, que intensificam a demanda por sistemas de climatização, tornando o setor de aquecimento, ventilação, ar-condicionado e refrigeração (HVAC-R) essencial para o conforto térmico em ambientes residenciais, comerciais e industriais.

Ana Maria Carreño, diretora de clima da Clasp, acredita na possibilidade de se produzir eletrodomésticos, produtos de iluminação e equipamentos economicamente acessíveis, de baixo impacto e de alta qualidade.
Isso, segundo ela, pode ser feito por meio do desenvolvimento de políticas com padrões mínimos de desempenho energético, métodos de testes, etiquetas comparativas e selos de aprovação.

Ela também destaca a importância da “avaliação de produtos e padrões de qualidade em países que necessitam de infraestrutura e apoio nessas atividades. E, ainda, da pesquisa, inovação e desenvolvimento de mercado em países que precisam desenvolver seus ecossistemas de inovação para promover o acesso à energia".

Segundo a executiva, o Brasil tem um papel fundamental no setor HVAC-R, em virtude do seu posicionamento político, comercial e diplomático, que faz do país um interlocutor ideal em fóruns multilaterais, além do alinhamento com a política de neoindustrialização.

“É preciso adensar as cadeias industriais para a transição energética, com vistas à autonomia, à eficiência energética e à diversificação da matriz brasileira, e expandir a capacidade produtiva da indústria brasileira por meio da produção e da adoção de insumos, inclusive materiais e minerais críticos, tecnologias e processos de baixo carbono”, observa Ana.

A diretora da Clasp ainda ressalta que o Brasil tem algumas vantagens em relação a outros países do Sul Global que também fabricam equipamentos para climatização e refrigeração, além da China. Entre elas, a capacidade produtiva para atender a um mercado de grande porte, embora ainda enfrente desafios para exportar.

O país também conta com uma cadeia de componentes relativamente estruturada, que pode se aprimorar rapidamente, e com um sistema de inovação desenvolvido e muitos incentivos para desenvolver aparelhos ecológicos.

“O Brasil pode exportar equipamentos e componentes de alto valor agregado para outros países do Sul Global ou enfrentar novas barreiras regulatórias no mercado internacional”, conclui a especialista em clima.

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