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Grande Fortaleza tem o maior avanço da extrema pobreza no País em 4 anos
Economia

Grande Fortaleza tem o maior avanço da extrema pobreza no País em 4 anos

|Aponta estudo| De 2021 a 2024, a taxa de pessoas na pior condição socioeconômica saiu de 6,6% para 8,6%
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Contexto de inflação elevada colaborou para aumento de pessoas na extrema pobreza (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Contexto de inflação elevada colaborou para aumento de pessoas na extrema pobreza

A Região Metropolitana de Fortaleza é a área do Brasil, entre outras 21 pesquisadas pelo Observatório das Metrópoles, onde a extrema pobreza mais cresceu em quatro anos. De 2021 a 2024, a taxa de pessoas na pior condição socioeconômica saiu de 6,6% para 8,6%.

Na maioria das outras cidades, o movimento foi inverso. Exceto na Região Metropolitana de Florianópolis, na qual o crescimento da extrema pobreza foi de 1,2% para 1,5%. Os dados usados no estudo são da PNAD Contínua.

O levantamento aponta ainda que, no País, a partir de 2021, passou a ocorrer redução expressiva da taxa de extrema pobreza, chegando a 3,3% em 2024. "Isso indica que, desde 2021, mais de 2,8 milhões de pessoas saíram da situação de pobreza extrema no Brasil metropolitano", destaca, sobre algo que Fortaleza não viveu.

 

Intitulado Desigualdades nas Metrópoles, o documento classifica pobreza extrema os "domicílios em que a renda per capita (a soma de tudo recebido pelos habitantes da casa e dividido pela quantidade deles) é inferior a R$ 217,37 por mês".

Veja a taxa de extrema pobreza de cada área pesquisada:

Aracajú

  • 2021: 10,2%
  • 2024: 4,5%

Belém

  • 2021: 9,4%
  • 2024: 2,6%

Belo Horizonte

  • 2021: 3,8%
  • 2024: 1,8%

Brasília

  • 2021: 4,6%
  • 2024: 1,7%

Curitiba

  • 2021: 2,5%
  • 2024: 1,7%

Florianópolis

  • 2021: 1,2%
  • 2024: 1,5%

Fortaleza

  • 2021: 6,6%
  • 2024: 8,6%

Goiânia

  • 2021: 4,4%
  • 2024: 1,4%

São Luís

  • 2021: 11,2%
  • 2024: 6,4%

Vitória

  • 2021: 7,2%
  • 2024: 1,8%

João Pessoa

  • 2021: 12,2%
  • 2024: 4%

Macapá

  • 2021: 10%
  • 2024: 1,6%

Maceió

  • 2021: 9,7%
  • 2024: 5,1%

Manaus

  • 2021: 12,5%
  • 2024: 4,3%

Natal

  • 2021: 9,5%
  • 2024: 4,9%

Porto Alegre

  • 2021: 3,5%
  • 2024: 1,5%

Recife

  • 2021: 14%
  • 2024: 4,9%

Rio de Janeiro

  • 2021: 7,8%
  • 2024: 3,2%

Salvador

  • 2021: 12,3%
  • 2024: 6,3%

São Paulo

  • 2021: 4,9%
  • 2024: 3%

Teresina

  • 2021: 7,9%
  • 2024: 2,2%

Vale do Rio Cuiabá

  • 2021: 2,7%
  • 2024: 1,9%

Contexto econômico explica

Ao O POVO, o economista Marcelo Ribeiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Observatório das Metrópoles, aponta o contexto econômico como provável motivo para o aumento das pessoas em situação de extrema pobreza.

"Nós tivemos, neste período entre 2021 e 2024, uma elevada taxa de inflação. Como essas pessoas têm nos programas de transferência de renda a principal fonte de recursos, e eles não foram ajustados no mesmo ritmo da inflação, isso se mostrou em uma perda do poder de compra", avalia.

Para reverter esse movimento identificado nos últimos quatro anos, o pesquisador indica que é preciso insistir em políticas públicas do tipo, como o Bolsa Família, em conjunto com medidas estaduais e municipais que amparem essas famílias.

"É preciso ter atenção a esse segmento da população que não é atingido diretamente pelo mercado de trabalho, pelos efeitos propriamente ditos deles, e são mais dependentes de políticas sociais, especialmente as de transferência de renda", observa.

Desigualdade diminui

Apesar do aumento da extrema pobreza, a desigualdade diminuiu em Fortaleza - em um movimento observado em todo o País. O Brasil chegou a marca de 0,534 no Coeficiente de Gini - responsável por medir a desigualdade - e atingiu o menor patamar da história em 2024.

No caso de Fortaleza, o coeficiente saiu de 0,545 para 0,519, em uma escala de quanto menor melhor. Comparada às demais áreas não houve destaque, uma vez que Curitiba, Florianópolis, São Luís e Vale do Rio Cuiabá não tiveram redução da desigualdade e as principais quedas no indicador foram observadas em João Pessoa (0,534), São Paulo (0,536), Natal (0,537), Brasília (0,547) e Recife (0,556).

Para este comparativo, indica o pesquisador, a renda do trabalho foi decisiva. De acordo com o estudo, os 40% mais pobres da população brasileira viram seus ganhos aumentarem nos últimos quatro anos, reduzindo a diferença entre os 10% mais ricos.

Pela segunda vez consecutiva, destaca o documento, "a média de renda atingiu o maior valor da série histórica, chegando a R$ 2.475 em 2024 - considerando o conjunto das regiões metropolitanas."

Fortaleza, no entanto, apresenta o segundo menor rendimento médio do salário do período, ao sair de R$ 1.480 (2021) para R$ 1.497 (2024). A frente apenas de São Luís.

Confira as rendas de trabalho de cada área pesquisada:

Aracajú

  • 2021: R$ 1.569
  • 2024: R$ 1.908

Belém

  • 2021: R$ 1.473
  • 2024: R$ 1.845

Belo Horizonte

  • 2021: R$ 2.123
  • 2024: R$ 2.452

Brasília

  • 2021: R$ 2.974
  • 2024: R$ 3.276

Curitiba

  • 2021: R$ 2.156
  • 2024: R$ 3.078

Florianópolis

  • 2021: 2.706
  • 2024: 3.528

Fortaleza

  • 2021: R$ 1.480
  • 2024: R$ 1.497

Goiânia

  • 2021: R$ 1.717
  • 2024: R$ 2.386

João Pessoa

  • 2021: R$ 1.417
  • 2024: R$ 1.928

Macapá

  • 2021: 1.152
  • 2024: 1.635

Maceió

  • 2021: 1.248
  • 2024: 1.695

Manaus

  • 2021: 1.144
  • 2024: 1.426

Natal

  • 2021: 1.928
  • 2024: 2.037

Porto Alegre

  • 2021: 2.286
  • 2024: 2.887

Recife

  • 2021: 1.280
  • 2024: 1.844

Rio de Janeiro

  • 2021: 2.230
  • 2024: 2.640

Salvador

  • 2021: 1.557
  • 2024: 1.768

São Luís

  • 2021: 1.112
  • 2024: 1.500

São Paulo

  • 2021: 2.486
  • 2024: 2.931

Teresina

  • 2021: 1.198
  • 2024: 1.762

Vale do Rio Cuiabá

  • 2021: 1.638
  • 2024: 2.425

Vitória

  • 2021: 1.824
  • 2024: 2.480

IBGE: Pobreza e extrema pobreza atingem menor nível no país desde 2012 | O POVO NEWS

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