A produção de hidrogênio verde (H2V) continua entre as principais iniciativas para o desenvolvimento econômico sustentável e descarbonização na Europa, afirma Jochen Quinten, diretor nacional da Agência Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão), que aponta o Brasil na "pole position" do setor com o Ceará em destaque.
Quinten está em Fortaleza para o H2Latam Summit Brazil, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), e que mira uma nova fase no trabalho da GIZ para desenvolver a cadeia produtiva do H2V.
Após aplicar cerca de 30 milhões de euros ao longo dos últimos cinco anos em parcerias com governos, academia e iniciativa privada no Brasil, os alemães querem promover a conexão entre os futuros produtores e os mercados consumidores. Por isso a escolha do Ceará para sediar o evento.
"Definitivamente, o Brasil está na pole position dos mais atrativos do mundo para a produção e venda de hidrogênio verde. Sobre o Ceará, as condições são especialmente boas, considerando a geração de energias renováveis, infraestrutura e a cooperação entre os portos de Pecém, Roterdã e Duisport", afirmou.
Na abertura do evento - que ocorre até esta quinta-feira, 9, Ricardo Cavalcante, presidente da Fiec e presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), assinou um termo de cooperação juntamente com a GIZ, o governo o estado alemão da Renânia do Norte-Vestefália e o Governo do Ceará.
A finalidade do documento é promover a cooperação em temas prioritários como energia, em especial energias renováveis e fontes de energia climaticamente neutras, com hidrogênio e seus derivados, economia ambiental, beneficiamento de matérias-primas, logística com ênfase em armazenamento, transporte e hubs portuários e formação e mobilidade de mão-de-obra qualificada.
Sobre o H2V, acrescentou Cavalcante, a cooperação ajuda na modelagem da produção a partir dos interesses do mercado consumidor e demonstra que a aposta feita há cerca de cinco anos está se concretizando agora.
"A gente fica muito feliz em entender que chegou a hora. A hora que tanto esperávamos", afirmou, sobre a sinalização dos alemães de que há mercado consumidor na Europa e de que a produção planejada por empresas no Ceará terá compradores.
Fernanda Delgado, CEO da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV), também avalia o cenário econômico atual de forma positiva e considera "o Ceará líder neste setor por toda a infraestrutura montada", que inclui 93% de toda a energia ser de origem renovável, porto adequado para receber investimentos e os avanços "no projeto de água de reuso e as infraestruturas compartilhadas para um hub".
Para ela, "o Estado só tem a ganhar" nesta etapa de publicação da regulamentação. Segundo Fernanda, "os marcos regulatórios vêm bem satisfatórios, não separando os mercados interno e externo e colocando recursos a disposição a partir de 2028 a 2032".
A CEO se refere aos leilões esperados. Perguntada sobre as críticas recebidas pelo setor nos últimos meses, ela afirmou que a ABIHV "avalia como uma curva de aprendizado normal".
"Agora, tem uma diferença entre quem realmente tem dinheiro para fazer o investimento em hidrogênio, amônia, metanol e fertilizante, e aqueles que estavam aproveitando uma onda de disponibilidade de financiamento. Isso baixa um pouco a euforia de que o hidrogênio iria resolver tudo", afirmou ao O POVO.