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Térmica no Ceará testa biodiesel renovável e abre espaço para usina de Quixadá
Economia

Térmica no Ceará testa biodiesel renovável e abre espaço para usina de Quixadá

O produto utilizado na usina cearense foi fabricado na Usina da Petrobras em Candeias, na Bahia. Petroleiros pleiteiam maior uso da Termoceará
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Teste de biodiesel renovável na Termoceará (Foto: Nathan Camelo/Ascom Sindipetro Ceará/Divulgação)
Foto: Nathan Camelo/Ascom Sindipetro Ceará/Divulgação Teste de biodiesel renovável na Termoceará

A Usina Termelétrica do Ceará (Termoceará), localizada em Caucaia, que utiliza gás natural e diesel para gerar energia para o País, finalizou teste considerado bem-sucedido com biodiesel renovável.

No Complexo Industrial e Portuário do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a turbina da Petrobras conseguiu operar, especificamente, com biodiesel puro (B100), comprovando viabilidade técnica do produto, conforme comunicado da equipe técnica do equipamento ao O POVO.

O movimento, segundo Douglas Uchoa, dirigente do Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí (Sindipetro-CE/PI), ajuda a pressionar pela reativação da usina de biodiesel de Quixadá, desativada em 2016 pela Petrobras, e a fomentar o uso da térmica com energia renovável do Nordeste.

Atualmente, o produto utilizado vem da Usina da Petrobras em Candeias (BA), referência nacional em biocombustíveis.

Em nota após o teste, a equipe informou que ele foi realizado em uma das oito turbinas da usina e “marcou um passo histórico para a unidade e para o avanço da transição energética no Nordeste”.

Isso porque o equipamento é projetado para funcionar com diesel convencional e gás, mas manteve os parâmetros normais com o biodiesel puro.

Para os membros do Sindipetro-CE/PI, o fato abre caminho para a usina participar do Leilão de Reserva de Capacidade de 2026 (LRCAP 2026), promovido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com uma nova opção de combustível além do diesel convencional.

“A turbina acendeu. A Termoceará pode gerar com biodiesel. É um marco para o nosso estado e para a Petrobras, que segue avançando na busca por soluções sustentáveis e inovadoras na geração de energia”, destacou a equipe técnica da usina.

Atualmente, a Termoceará encontra-se sem contrato, mas disponível para geração em tempo real.

A térmica é vista como um complemento na geração eólica e solar, especialmente ao fim da tarde, quando a produção solar diminui e a demanda de energia permanece elevada, conforme documento técnico encaminhado ao MME nas Consultas Públicas n.º 194 e 195/2025.

Para os técnicos, o resultado evidencia que o equipamento pode contribuir, também a partir do diesel, para reduzir a ociosidade das fontes renováveis, otimizar o uso das hidrelétricas e garantir maior segurança e estabilidade ao sistema elétrico regional — com custo competitivo para o consumidor.

Nesta quinta-feira, 23, outro teste com essa turbina foi realizado. Isso porque o primeiro foi apenas para ver se ela conseguia acender com o biodiesel renovável.

Agora, a ideia é que se a turbina consiga injetar energia no sistema integrado nacional. Como a capacidade total das oito é de 200 MW, a unitária consegue 25 MW. A partir da resposta positiva, a equipe de técnicos defende alguns pleitos.

Pleitos em torno da térmica no Ceará

No detalhamento dos petroleiros para a Termoceará, além da reativação da usina de Quixadá, que funcionou de 2007 a 2015, sendo desativada em 2016, há a discussão em torno do uso maior da térmica. 

Sobre a volta da produção cearense do biodiesel, Douglas Uchoa detalhou que no Estado já é possível a concessão de isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o que não havia à época da atuação da Petrobras em Quixadá.

"A Petrobras nunca desistiu de investir nas energias renováveis, e o último plano de negócios dela vai muito em linha disso, em voltar a investir em energias renováveis, então, reforça ainda mais o nosso argumento de reabrir a usina", frisou.

Já sobre a Termoceará, criada em 2002, ela inicialmente era voltada para funcionar a gás com fornecimento pela própria Petrobras.

Com a saída do navio de regaseificação da empresa do Ceará, no píer 2 no Pecém (hoje voltado ao hub de hidrogênio verde), e a dependência do Estado do gás que vem do Rio Grande do Norte, o dirigente do Sindipetro relembrou que a térmica ficou até então dependente de diesel.

Para ele, com o teste do biodiesel renovável, é preciso incluir esse combustível no leilão para que o equipamento possa ser acionado em casos de emergências, evitando apagões.

Uchoa explicou que a térmica garante fornecimento seguro de energia em períodos de muita oscilação das energias renováveis geradas no Nordeste.

O especialista defendeu que, para evitar que a falta de mecanismo suficiente para segurar altas e baixas no sistema brasileiro continue a gerar os cortes de energia, causando prejuízos ao mercado das renováveis, o acionamento do equipamento seria uma solução.

“Uma das características da nossa usina é que ela pode partir rapidamente, em 15 minutos, porque são turbinas de avião, passar quatro horas gerando e depois sair e tirar ela do sistema e desligar. Diferentemente de outras termelétricas. Por exemplo, uma termelétrica a carvão passa dois dias para partir e, após despachada, ela tem que passar um longo período para ser retirada do sistema”, argumentou como outra vantagem.

Além disso, grupo formado por especialistas composto por funcionários da Petrobras, engenheiros eletricistas e pessoas que têm familiaridade com o tema, chamado de Rever, elaborou documento para sugerir que, na elaboração do leilão de energia do MME, também se veja a viabilidade de incluir o gás.

“O gás é mais barato que o diesel e o biodiesel, e que fosse colocado no edital que os custos de expansão da malha de gás fossem contemplados no custo do leilão (ou seja, pelos consumidores)”, complementou Uchoa.

O que é a Termoceará, usina térmica da Petrobras

Com operação comercial iniciada em 2002, a Termoceará possui uma capacidade de potência instalada de 220 megawatts (com o gás natural) com eficiência energética de 36,4%, conforme a Petrobras.

A função dela é produzir energia elétrica para abastecer o sistema interligado nacional, contribuindo para o suprimento energético do Nordeste.

A usina opera por meio de um ciclo combinado, buscando mais eficiência energética e menor impacto ambiental, com o aproveitamento tanto do calor gerado pela queima do gás natural quanto da energia dos gases de escape da turbina a gás.

Segundo a Petrobras, a Termoceará possui sistemas de controle ambiental que visam minimizar os impactos ambientais da sua operação, como a redução de emissões de gases poluentes.

O POVO procurou a Petrobras para saber dos detalhes do teste com o biodiesel renovável na usina e aguarda retorno dos questionamentos. 

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