O corpo do policial Heber Carvalho da Fonseca, 39, foi enterrado ontem, 30, em Sulacap, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ele e o também 3º sargento Cleiton Serafim Gonçalves, 42, morreram durante megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha contra integrantes do Comando Vermelho.
No início da manhã dessa quinta-feira, 30, os corpos dos agentes do Batalhão de Operações Policiais (Bope) foram velados na sede da corporação, na zona sul da capital fluminense.
Um cortejo com o corpo do agente saiu do batalhão no caminhão do Corpo de Bombeiros e seguiu por ruas da cidade. Mais de 100 pessoas, entre amigos, familiares e colegas de farda, estiveram no sepultamento do agente. O enterro teve forte comoção e diversas homenagens.
O helicóptero da Polícia Militar fez voos sobre o cemitério. Também houve honrarias militares com a presença da Marinha do Brasil. Tiros de honra foram disparados pela corporação da Polícia Militar.
Os agentes da corporação fizeram a oração do Bope e foram aplaudidos. O agente estava na corporação desde 2008. Ele deixa esposa, um casal de filhos e um enteado.
Já Gonçalves, que estava na corporação desde 2011, foi sepultado, ontem, na cidade de Mendes, no sul fluminense. Ele deixa esposa e uma filha.
Na quarta-feira, 29, os outros dois policiais civis mortos na megaoperação foram enterrados. Rodrigo Veloso Cabral, 34, tinha entrado na corporação há 40 dias. Já Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51, chefiava a 53ª DP, em Mesquita, na Baixada Fluminense.
Em nota, a Polícia Civil se solidarizou com os familiares dos policiais mortos e disse que "os ataques covardes de criminosos contra nossos agentes não ficarão impunes".
"Hoje o Rio de Janeiro amanheceu de luto. Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, comissário da 53ª DP, Rodrigo Velloso Cabral, da 39ª DP, Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca, ambos sargentos do Bope, deram a vida cumprindo o dever de proteger a população fluminense. Minha solidariedade e minhas orações estão com as famílias, amigos e colegas de farda desses heróis. Eles serviram ao Estado com coragem e lealdade, defendendo o que acreditavam: um Rio mais seguro e livre", afirmou o governador Cláudio Castro. (Agência Estado)
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                    Ministra quer perícia independente após reunião com famílias no Rio
 
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, classificou hoje (30) como "um fracasso" a operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no início da semana, e que deixou ao menos 121 pessoas mortas. Ela disse que está empenhada em garantir uma perícia independente para averiguar as circunstâncias dos assassinatos na ação. 

A fala da ministra contrasta com a declaração do governador Cláudio Castro que, nesta quarta-feira (29) classificou a Operação Contenção como um "sucesso".
"A gente teve uma demanda da comunidade de estabelecer a perícia independente e autônoma. Nosso Conselho Nacional de Direitos Humanos já nos comunicou sobre isso e estamos trabalhando para que isso se efetive", afirmou à imprensa, após encontro de mais de duas horas com lideranças da comunidade e familiares das vitimas da Operação Contenção.
Ao menos 121 pessoas foram assassinadas na ação das polícias Civil e Militar de combate ao tráfico de drogas, com a intenção de enfrentar a expansão da facção Comando Vermelho pelo país. Além dos mortos, mais de 80 pessoas foram presas. A polícia também apreendeu 118 armas e drogas.
Devido à alta letalidade, no entanto, a ministra Macaé Evaristo condenou a operação, chamada de abominável e "um horror" por também expor pessoas inocentes ao risco de morte.
"Essa operação foi um fracasso. É inadmissível uma operação para o combate ao crime organizado, que é o que nós defendemos, não usar inteligência para garantir a sua efetividade", afirmou .
"Ninguém tem objetivo de matar as pessoas, se a gente quer combater o crime, temos que começar chegando aonde está o dinheiro. Porque se tem crime organizado, tem setores que estão lucrando com esse crime organizado."
No encontro, a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, acrescentou que "nenhum corpo tombado" deve ser aceitável, reforçando a crítica à letalidade.
As ministras, ao lado de parlamentares federais e estaduais, participaram do encontro com a comunidade na sede da Central Única de Favelas (Cufa), a poucos metros de onde a comunidade de Vila Cruzeiro expôs cerca de 80 corpos retirados da mata pelos moradores, nesta quarta-feira (29).
Os representantes do Poder Público também receberam demandas por atendimento psicossocial, serviços públicos, além de alternativas de trabalho para a juventude local.
Macaé prometeu uma comissão emergencial integrada por vários ministérios para atender às reivindicações.
"A comunidade, além de apresentar toda a dor desse processo, trouxe um olhar, um pedido de paz, mas ela também quer ter direitos, direito à educação, saúde, assistência e, especialmente, direito a um trabalho decente para a juventude ".
A comissão deve ser integrada pelos ministérios da Saúde, Educação, Assistencial Social, Igualdade Racial e Mulheres.
Ato
Quatro cruzes com camisas das polícias Militar e Civil foram colocadas na Praia de Copacabana, em homenagem aos policiais