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Economia brasileira deve crescer em 2026, mesmo em ano eleitoral, avalia Rosenberg
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Economia brasileira deve crescer em 2026, mesmo em ano eleitoral, avalia Rosenberg

Com inflação controlada e reservas elevadas, Luiz Paulo Rosenberg avalia que o Brasil tem bases sólidas para um 2026 de crescimento e estabilidade
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ROSENBERG palestrou sobre a conjuntura econômica em ano de eleição (Foto: GEORGE LUCAS/FIEC)
Foto: GEORGE LUCAS/FIEC ROSENBERG palestrou sobre a conjuntura econômica em ano de eleição

Brasil reúne condições para um desempenho econômico positivo em 2026, mesmo diante das incertezas externas e do ambiente eleitoral. A avaliação é do economista Luiz Paulo Rosenberg, PhD em Economia, que apresentou nesta segunda-feira, dia 3, a palestra "Conjuntura econômica em ano de eleição", na sede da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

O evento, promovido pela Academia Cearense de Economia (ACE), reuniu representantes do setor produtivo e especialistas para analisar os possíveis cenários do país em 2026.

Ao avaliar o desempenho recente da economia brasileira, ele afirmou que o país encerra o ano com indicadores mais positivos do que o debate eleitoral sugere.

"A inflação se encontra sob controle, o mercado de trabalho apresenta equilíbrio saudável e as contas externas exibem robustez, com reservas adequadas para enfrentar oscilações internacionais. O ambiente eleitoral de 2026 deve intensificar disputas por narrativas. De um lado, o governo tende a destacar resultados econômicos; de outro, a oposição deverá buscar pautas alternativas para equilibrar o debate", afirmou.

Mais cedo, em entrevista ao quadro Guia Econômico, da rádio O POVO CBN, Rosenberg, cuja trajetória inclui passagens pelo Ministério do Planejamento, Banco Central, instituições acadêmicas no Brasil e no exterior, ressaltou que a percepção sobre a economia brasileira tem melhorado, mas algumas incertezas ainda estão pelo caminho.

Dentre estas, os próximos passos do presidente americano, Donald Trump. "As incertezas? Uma delas é o tamanho da encrenca que os Estados Unidos vão armar para a gente. Mas, se a gente perceber, é como um corretor de imóveis: ele diz que está vendendo por 140 para você comprar por 120 e achar barato, quando, na verdade, ele venderia por 100. Se o “tarifaço” deles não provocar um desaquecimento, esse perigo está contornado".

Ele pondera, no entanto, que, pelo menos até o momento, a forma como o governo brasileiro conduziu a crise causada pela tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros têm favorecido a figura do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. 

"Politicamente, há três ou quatro meses, o presidente estava em queda livre. A gente discutia quem seria o próximo presidente entre os governadores liberais — Zema (Romeu Zema, de MG); Tarcísio (Tarcísio de Freitas, de SP), ou até o gaúcho (Eduardo Leite, do RS), que é muito bom. Agora, o cenário já virou, graças ao Trump. Primeiro despertando o nacionalismo e, agora, a sensação de que o Brasil “enquadrou” os Estados Unidos, que devem recuar na agressividade", afirmou.

Um desfecho para a negociação entre os dois países, por enquanto, ainda é imprevisível, avalia o economista. "Mas posso garantir o seguinte: o tarifaço tem um efeito inflacionário nos Estados Unidos, porque aumenta o custo de compra do americano. Para o Brasil, o impacto é mais recessivo, porque o mercado que costumava comprar da gente, pode deixar de comprar. Se encontrarmos outros compradores, ótimo. Mas se perdermos o cliente americano e, não houver substituto, o efeito será recessivo. Mesmo assim, estamos em posição tranquila."

Impactos externos

Sobre os juros, Rosenberg afirmou que há margem para redução da taxa Selic, ainda que de forma cautelosa. Ele comparou a prudência do Banco Central à de “uma família que teme uma recaída”, após um período de instabilidade.

"Se você consultasse dez economistas e perguntasse se manteriam a taxa, todos diriam: vamos esperar mais um pouco. Então, talvez na próxima reunião o juro ainda não caia. Mas manter juro alto demais também não faz bem — é como um remédio que, em excesso, intoxica o corpo", afirmou.

O economista projeta que o Brasil deve encerrar o ano com inflação dentro da meta e crescimento em torno de 2% em 2026, desde que não haja choques externos. "Sem crise externa, num ano eleitoral, será um cenário difícil — mas positivo".

Reforma tributária

Questionado sobre a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação das altas rendas, Rosenberg avaliou que há espaço político e econômico para a proposta.

“Aprovar a isenção até R$ 5 mil é fácil politicamente. Já aumentar a tributação sobre altas rendas é um movimento mais sensível, mas há espaço. O Brasil está entre os países com maior desigualdade tributária do mundo”, observou.

Ele destacou que o tema deve ganhar relevância no debate eleitoral de 2026, uma vez que as mudanças tributárias têm efeitos políticos diretos.

No evento, o vice-presidente da Fiec, André Montenegro, destacou o quanto encontros como este contribuem para ampliar o entendimento do setor industrial sobre a dinâmica econômica.

"Temos conseguido aproximar especialistas e lideranças ao estimular conversas que ampliam repertórios e inspiram práticas inovadoras. Recentemente fizemos uma missão internacional em Hong Kong e algumas visitas técnicas a escolas politécnicas evidenciaram a importância de garantir oportunidades iguais desde a formação escolar para impulsionar países que desejam crescer de maneira sustentável", relatou.

O presidente da Academia Cearense de Economia, Sérgio Melo, contextualizou que o Brasil vive um período de transição que não se limita ao cenário nacional, já que diversos países enfrentam movimentos semelhantes.

"O momento pré-eleitoral exige atenção tanto para as possibilidades de continuidade das políticas atuais quanto para a chance de mudanças significativas caso outro projeto de governo seja eleito. Discutir cenários, riscos e oportunidades se torna indispensável para orientar decisões em um ambiente em que visões distintas sobre desenvolvimento e gestão econômica podem ganhar protagonismo no curto prazo", explicou.

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