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43,5% das famílias do CE têm renda per capita de até meio salário mínimo
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Economia

43,5% das famílias do CE têm renda per capita de até meio salário mínimo

No País, quantidade de famílias com renda domiciliar per capita chega a 25,6%, praticamente metade do número cearense. Dados do Censo Demográfico 2022 revelam ainda que lares chefiados por mulheres são os que mais sofrem com baixa renda
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Renda média das famílias cearenses segue baixa em relação à média nacional e famílias chefiadas por mulheres sofrem mais (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Renda média das famílias cearenses segue baixa em relação à média nacional e famílias chefiadas por mulheres sofrem mais

Praticamente metade das famílias cearenses sobrevive com até meio salário mínimo de renda média per capita. Os dados do "Censo Demográfico 2022: Nupcialidade e Família" revelam que 43,5% das famílias estavam nesta condição.

Neste mesmo recorte, a média nacional é de 25,6%. Assim, o resultado cearense é quase duas vezes pior do que a média nacional.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulga os dados, ainda revela que, entre as famílias cearenses que não possuíam rendimentos no período da pesquisa, 58,3% tinham mulheres como chefes de família.

Outra vez, o resultado estadual é pior do que a média nacional, em que o percentual era de 54%.

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A economista Alessandra Araújo, professora e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre a Pobreza, da Universidade Federal do Ceará (LEP/UFC), aponta que o quadro cearense de renda se configura como uma situação de pobreza crônica.

Segundo ela, o IBGE só reafirma em mais um levantamento que boa parte da população cearense convive com extratos de renda baixos ou inexistentes.

"É uma condição mais ou menos crônica, pois essa renda per capita não evolui ao longo do tempo. Esse atual recorte diz respeito ao Censo 2022, mas as edições da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) também mostram o mesmo cenário, de que somos um estado muito pobre, dependente de programas sociais".

Neste contexto, as famílias monoparentais - majoritariamente chefiadas por mulheres - são impactadas por um agravamento de questões sociais. Alessandra lembra que existem estudos que já apontam a relação de falta de acesso dessas mulheres ao mercado de trabalho e, quando conseguem, recebem, em média, menos do que homens que exercem a mesma função.

Essa problemática encontra no Ceará um cenário que é proporcionalmente maior do que a média nacional. Segundo o Censo 2022 do IBGE, a distribuição percentual das famílias cearenses é composta em sua maioria por casais com filhos, 42,3% do total, seguido de casais sem filhos (20,7%) e mulheres sem cônjuge com filhos (14,8%).

No Brasil, a proporção de lares chefiados por mães solo é menor, de 13,5%. Já o recorte de homens sem cônjuge com filhos é de 1,9% das famílias cearenses e 2,1% das famílias brasileiras, o que demonstra a disparidade.

A especialista aponta que uma dos caminhos para remediar a situação seria o de fortalecer o Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop), sugerindo que seus recursos deveriam ser aplicados em projetos de mais curto prazo.

"Precisaríamos de uma ação mais conjunta (entre entes governamentais), de uma visão generalista, de prover educação para crianças filhas de mães solo, mas interligar essa ação com promoção de empreendedorismo, por exemplo", afirma.

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