Após 90 dias da imposição do tarifaço pelos Estados Unidos, as exportações do Ceará para o país norte-americano, principal parceiro comercial, demonstraram uma leve recuperação em outubro, indo na contramão do Brasil.
Em 6 de agosto, os EUA aplicaram uma sanção de 40% sobre a tarifa de 10% já existente desde abril, totalizando 50% de imposição sobre os produtos brasileiros.
Em outubro, a participação dos Estados Unidos nas exportações cearenses atingiu 39,4%, totalizando US$ 84 milhões.
Este índice superou os meses anteriores: setembro, que registrou 37,03% (US$ 58,9 milhões), e agosto, com 34,5% (US$ 52,59 milhões).
Os dados são provenientes da plataforma Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Antes da aplicação da sanção em agosto, a participação dos EUA nas exportações cearenses era significativamente maior, com exceção de janeiro:
No acumulado do ano até outubro, a participação dos norte-americanos nas exportações atingiu 49,1%, somando US$ 922 milhões.
Este valor já superou o total registrado em todo o ano anterior, 2024, quando os EUA representaram 44,9% das exportações, totalizando US$ 659,1 milhões.
É importante notar que o registro da balança comercial brasileira tem apresentado dados defasados devido a um erro de sistema do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que afetou os registros de exportações a partir de setembro de 2024.
Este problema levou a revisões nos números divulgados pelo Mdic, resultando em dados maiores em 2025 em comparação com os meses afetados pelo erro no ano anterior.
A análise dos dados acumulados revela que a participação dos EUA tem diminuído progressivamente ao longo dos meses pré e pós-tarifaço:
Historicamente, na série de 2000 a 2024, os EUA sempre ocuparam a primeira colocação. Houve uma perda de participação de 49,73% em 2000 para 15,57% em 2014.
Mas os EUA voltaram a ganhar relevância, alcançando 44,8% do valor exportado pelo Estado em 2024, conforme destacou Alexsandre Lira Cavalcante, analista de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
Em outubro de 2025, as exportações totais do Ceará cresceram 141,4% em relação à igual período do ano anterior, totalizando US$ 213,3 milhões. Já as importações caíram 34,2%, somando US$ 196,8 milhões em compras do Exterior.
A base de comparação para o ano anterior é menor devido ao erro de dados no Serpro.
O valor corrente da balança comercial em outubro foi de US$ 410,1 milhões, 5,9% acima do registrado em outubro do ano passado. No mês, o Ceará exportou mais do que importou, gerando um superávit de US$ 16,5 milhões.
A participação cearense nas exportações totais do País foi de 0,73% (14º no ranking nacional), e nas compras de fora foi de 0,79% (17º).
No acumulado de janeiro a outubro:
O resultado da balança comercial acumulada foi de déficit, uma retração de US$ 437,6 milhões, indicando que o Ceará importou mais do que exportou neste período.
Nas vendas ao Exterior, os países com as principais participações em outubro foram Estados Unidos (39,4%), México (17,6%), Itália (11,8%) Países Baixos/Holanda (4,3%), China (3,5%) e Argentina (2,6%).
Em importações os parceiros de maior impacto são China (30%), Estados Unidos (15%), Colômbia (15%), Austrália (7%), Uruguai (5%), Países Baixos/Holanda (5%), Japão (4%), Alemanha (3%), Índia (3%) e Canadá (2%).
O valor de US$ 213,3 milhões registrado em outubro de 2025 foi o maior das exportações ao longo do ano, superando os meses pós-tarifaço: setembro/2025 (US$ 159,1 milhões) e agosto (US$ 152,1 milhões).
Antes das imposições norte-americanas, os meses apresentaram montantes maiores:
Outros meses tiveram desempenho menos expressivo que outubro:
Em comparação histórica com anos anteriores, outubro/2025 superou 2024, ficou abaixo de 2023 e 2019, mas foi superior aos resultados de 2022 a 2020 e de 2017 a 2015. A série histórica de exportações para meses de outubro é apresentada a seguir:
| Mês/Ano | Valor (US$) |
| Outubro/2025 | 213.315.652 |
| Outubro/2024 | 88.377.276 |
| Outubro/2023 | 223.293.855 |
| Outubro/2022 | 195.704.302 |
| Outubro/2021 | 162.073.811 |
| Outubro/2020 | 170.493.301 |
| Outubro/2019 | 225.825.447 |
| Outubro/2018 | 328.323.834 |
| Outubro/2017 | 187.401.764 |
| Outubro/2016 | 145.379.341 |
| Outubro/2015 | 98.567.102 |
Na análise setorial em outubro, a indústria da transformação se destacou, registrando 84,3% das exportações, totalizando US$ 179,7 milhões. Este resultado foi superior ao de setembro (79,4%), similar ao de agosto (84%), mas abaixo de julho (92,7%).
Em seguida, a indústria extrativa registrou 24,1% e US$ 47,3 milhões em outubro. Para fins de comparação, nos meses anteriores, o setor registrou 6,9% (US$ 11 milhões) em setembro, 8,8% (US$ 13,3 milhões) em agosto, e 3,7% (US$ 10,3 milhões) em julho.
Por fim, a agropecuária alcançou 9,5% e US$ 20,1 milhões em outubro. Nos meses anteriores, o setor havia registrado 13,4% (US$ 21,3 milhões) em setembro, 6,8% (US$ 10,4 milhões) em agosto e 3,5% (US$ 9,8 milhões) em julho.
Os itens com maiores valores de exportação e com maior crescimento percentual em relação a outubro do ano passado foram:
Se a análise se concentrar apenas no crescimento percentual de outubro de 2024 para outubro de 2025, os dados mais elevados foram:
Entre os principais montantes registrados em outubro que sofreram retração frente a igual período de 2024, destacam-se:
Por fim, várias categorias registraram quedas expressivas de -100%, não registrando exportações no período:
Em outubro deste ano frente ao de 2024, as exportações do Brasil aos EUA caíram 37,9%, sendo a mais acentuada desde a entrada em vigor das tarifas adicionais de 40% sobre produtos brasileiros, em agosto deste ano.
Porém, a diversificação das exportações para a Ásia e a Europa compensou os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos.
As vendas do Brasil para o Exterior cresceram 9,1% em outubro na comparação com igual mês do ano passado, batendo recorde para o mês desde o início da série histórica, em 1989.
Segundo o levantamento, as exportações somaram US$ 31,97 bilhões no mês passado, enquanto as importações atingiram US$ 25,01 bilhões, resultando em superávit comercial de US$ 6,96 bilhões.
A retração nas exportações para os Estados Unidos, impactadas pelo tarifaço implementado pelo governo norte-americano, levou a uma queda de 24,1% nas vendas para a América do Norte. Essa foi a única região com redução nas exportações em outubro.
O principal fator do encolhimento das vendas para a América do Norte foi a queda de 82,6% nos embarques de petróleo, equivalente a perda de US$ 500 milhões. Também recuaram as vendas de celulose (43,9%), óleos combustíveis (37,7%) e aeronaves e partes (19,8%).
“Mesmo produtos que não foram tarifados, como óleo combustível e celulose, sofreram queda”, informou o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Mdic, Herlon Brandão.
O recuo nas exportações para os Estados Unidos foi compensado pelo aumento das vendas para outras regiões, especialmente a Ásia, que teve alta de 21,2%, impulsionada pela China (33,4%), Índia (55,5%), Cingapura (29,2%) e Filipinas (22,4%).
Entre os produtos, destacaram-se os aumentos nas exportações de soja (64,5%), óleos brutos de petróleo (43%), minério de ferro (31,7%) e carne bovina (44,7%).
Na Europa, as vendas cresceram 7,6%, com forte avanço de minérios de cobre (823,6%), carne bovina (73,4%) e celulose (46,8%). Já a América do Sul apresentou alta de 12,6%, puxada pelos embarques de óleos brutos de petróleo (141,1%).
Segundo Brandão, as exportações brasileiras para os Estados Unidos têm registrado redução constante nos últimos três meses. A queda foi de 16,5% em agosto, 20,3% em setembro e 37,9% em outubro.
“Temos observado taxas de variação negativa cada vez maiores, na comparação com o mesmo mês do ano anterior”, explicou Brandão.
O diretor do Mdic destacou ainda que o movimento reflete não apenas os efeitos diretos das tarifas, mas também uma possível redução da demanda norte-americana.
“A principal queda em termos absolutos foi no petróleo bruto, que não foi tarifado. Isso indica que há efeitos diversos influenciando a retração das exportações aos EUA”, completou. (Com Agência Brasil)
Diante do cenário com os Estados Unidos, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) reforçou urgência de avanços nas negociações bilaterais.
A análise é que essa retração, a terceira consecutiva, evidencia a intensificação dos efeitos negativos das tarifas sobre o fluxo comercial entre os dois países, impactando cadeias produtivas integradas, investimentos e empregos em ambas as economias.
Esses efeitos se somam à menor demanda nos Estados Unidos e à redução de preços internacionais para alguns produtos, como petróleo e derivados.
“A forte contração nas exportações brasileiras para o mercado americano em outubro reforça a urgência de uma solução para normalizar o comércio bilateral. É essencial que o valioso impulso político gerado pelo recente encontro entre os presidentes Lula e Trump seja aproveitado para alavancar avanços concretos nas negociações entre os dois países”, afirmou Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
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Exportações totais do Ceará sobem 141,4% em outubro
Em outubro de 2025, as exportações totais do Ceará cresceram 141,4% em relação à igual período do ano anterior, totalizando US$ 213,3 milhões. Já as importações caíram 34,2%, somando US$ 196,8 milhões em compras do Exterior.
A base de comparação para o ano anterior é menor devido ao erro de dados no Serpro. O valor corrente da balança comercial em outubro foi de US$ 410,1 milhões, 5,9% acima do registrado em outubro do ano passado. No mês, o Ceará exportou mais do que importou, gerando um superávit de US$ 16,5 milhões.
A participação cearense nas exportações totais do País foi de 0,73% (14º no ranking nacional), e nas compras de fora foi de 0,79% (17º).
As vendas para outras nacionalidades somaram US$ 1,9 bilhão, um aumento de 47,4% em relação ao mesmo período de 2024. As importações totalizaram US$ 2,3 bilhões, representando um recuo de 12,2%. Os valores correntes alcançaram US$ 4,2 bilhões (crescimento de 7,2%). O resultado da balança comercial acumulada foi um déficit de US$ 437,6 milhões.
Os países com as principais participações em outubro foram Estados Unidos (39,4%), México (17,6%), Itália (11,8%) Países Baixos/Holanda (4,3%), China (3,5%) e Argentina (2,6%).