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Exportação do Ceará após 90 dias de tarifaço tem leve recuperação para os Estados Unidos
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Economia

Exportação do Ceará após 90 dias de tarifaço tem leve recuperação para os Estados Unidos

Em outubro, a participação dos Estados Unidos nas exportações cearenses atingiu 39,4%, totalizando US$ 84 milhões, superando setembro e agosto
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EXPORTAÇÕES do Ceará para o mercado americano somaram US$ 922 milhões no acumulado do ano (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR EXPORTAÇÕES do Ceará para o mercado americano somaram US$ 922 milhões no acumulado do ano

Após 90 dias da imposição do tarifaço pelos Estados Unidos, as exportações do Ceará para o país norte-americano, principal parceiro comercial, demonstraram uma leve recuperação em outubro, indo na contramão do Brasil.

Em 6 de agosto, os EUA aplicaram uma sanção de 40% sobre a tarifa de 10% já existente desde abril, totalizando 50% de imposição sobre os produtos brasileiros.

Em outubro, a participação dos Estados Unidos nas exportações cearenses atingiu 39,4%, totalizando US$ 84 milhões.

Este índice superou os meses anteriores: setembro, que registrou 37,03% (US$ 58,9 milhões), e agosto, com 34,5% (US$ 52,59 milhões).

Os dados são provenientes da plataforma Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Antes da aplicação da sanção em agosto, a participação dos EUA nas exportações cearenses era significativamente maior, com exceção de janeiro:

  • Julho: 59,9% (US$ 169,7 milhões)
    Junho: 62,9% (US$ 189,89 milhões)
    Maio: 59,04% (US$ 159,28 milhões)
    Abril: 44,5% (US$ 67,6 milhões)
    Março: 46% (US$ 56,2 milhões)
    Fevereiro: 48,1% (US$ 59,7 milhões)
    Janeiro: 23,2% (US$ 23,8 milhões)

Acumulado anual e defasagem de dados no Ceará

No acumulado do ano até outubro, a participação dos norte-americanos nas exportações atingiu 49,1%, somando US$ 922 milhões.

Este valor já superou o total registrado em todo o ano anterior, 2024, quando os EUA representaram 44,9% das exportações, totalizando US$ 659,1 milhões.

É importante notar que o registro da balança comercial brasileira tem apresentado dados defasados devido a um erro de sistema do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que afetou os registros de exportações a partir de setembro de 2024.

Este problema levou a revisões nos números divulgados pelo Mdic, resultando em dados maiores em 2025 em comparação com os meses afetados pelo erro no ano anterior.

A análise dos dados acumulados revela que a participação dos EUA tem diminuído progressivamente ao longo dos meses pré e pós-tarifaço:

  • De janeiro a julho (antes da sanção): 53,6% (US$ 726,46 milhões)
  • Até agosto (mês da aplicação da tarifa de 50%): 51,7% (US$ 779,06 milhões)
  • De janeiro até setembro: 50,3% (US$ 837,9 milhões)

Historicamente, na série de 2000 a 2024, os EUA sempre ocuparam a primeira colocação. Houve uma perda de participação de 49,73% em 2000 para 15,57% em 2014.

Mas os EUA voltaram a ganhar relevância, alcançando 44,8% do valor exportado pelo Estado em 2024, conforme destacou Alexsandre Lira Cavalcante, analista de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

Balança comercial do Ceará em outubro e no acumulado do ano

Em outubro de 2025, as exportações totais do Ceará cresceram 141,4% em relação à igual período do ano anterior, totalizando US$ 213,3 milhões. Já as importações caíram 34,2%, somando US$ 196,8 milhões em compras do Exterior.

A base de comparação para o ano anterior é menor devido ao erro de dados no Serpro.

O valor corrente da balança comercial em outubro foi de US$ 410,1 milhões, 5,9% acima do registrado em outubro do ano passado. No mês, o Ceará exportou mais do que importou, gerando um superávit de US$ 16,5 milhões.

A participação cearense nas exportações totais do País foi de 0,73% (14º no ranking nacional), e nas compras de fora foi de 0,79% (17º).

No acumulado de janeiro a outubro:

  • As vendas para outras nacionalidades somaram US$ 1,9 bilhão, um aumento de 47,4% em relação ao mesmo período de 2024
  • As importações totalizaram US$ 2,3 bilhões, representando um recuo de 12,2%
  • Os valores correntes alcançaram US$ 4,2 bilhões (crescimento de 7,2%.

O resultado da balança comercial acumulada foi de déficit, uma retração de US$ 437,6 milhões, indicando que o Ceará importou mais do que exportou neste período.

Nas vendas ao Exterior, os países com as principais participações em outubro foram Estados Unidos (39,4%), México (17,6%), Itália (11,8%) Países Baixos/Holanda (4,3%), China (3,5%) e Argentina (2,6%).

Em importações os parceiros de maior impacto são China (30%), Estados Unidos (15%), Colômbia (15%), Austrália (7%), Uruguai (5%), Países Baixos/Holanda (5%), Japão (4%), Alemanha (3%), Índia (3%) e Canadá (2%).

Comparação mensal das exportações totais no Ceará

O valor de US$ 213,3 milhões registrado em outubro de 2025 foi o maior das exportações ao longo do ano, superando os meses pós-tarifaço: setembro/2025 (US$ 159,1 milhões) e agosto (US$ 152,1 milhões).

Antes das imposições norte-americanas, os meses apresentaram montantes maiores:

  • Julho: US$ 283,1 milhões
  • Junho: US$ 301,5 milhões
  • Maio: US$ 269,7 milhões

Outros meses tiveram desempenho menos expressivo que outubro:

  • Abril: US$ 151,7 milhões
  • Março: US$ 122,1 milhões
  • Fevereiro: US$ 124,2 milhões
  • Janeiro: US$ 102,4 milhões

Em comparação histórica com anos anteriores, outubro/2025 superou 2024, ficou abaixo de 2023 e 2019, mas foi superior aos resultados de 2022 a 2020 e de 2017 a 2015. A série histórica de exportações para meses de outubro é apresentada a seguir:

Mês/Ano Valor (US$)
Outubro/2025 213.315.652
Outubro/2024 88.377.276
Outubro/2023 223.293.855
Outubro/2022 195.704.302
Outubro/2021 162.073.811
Outubro/2020 170.493.301
Outubro/2019 225.825.447
Outubro/2018 328.323.834
Outubro/2017 187.401.764
Outubro/2016 145.379.341
Outubro/2015 98.567.102

Exportações por setor no Ceará, em outubro

Na análise setorial em outubro, a indústria da transformação se destacou, registrando 84,3% das exportações, totalizando US$ 179,7 milhões. Este resultado foi superior ao de setembro (79,4%), similar ao de agosto (84%), mas abaixo de julho (92,7%).

Em seguida, a indústria extrativa registrou 24,1% e US$ 47,3 milhões em outubro. Para fins de comparação, nos meses anteriores, o setor registrou 6,9% (US$ 11 milhões) em setembro, 8,8% (US$ 13,3 milhões) em agosto, e 3,7% (US$ 10,3 milhões) em julho.

Por fim, a agropecuária alcançou 9,5% e US$ 20,1 milhões em outubro. Nos meses anteriores, o setor havia registrado 13,4% (US$ 21,3 milhões) em setembro, 6,8% (US$ 10,4 milhões) em agosto e 3,5% (US$ 9,8 milhões) em julho.

Destaques por item exportado no Ceará

Os itens com maiores valores de exportação e com maior crescimento percentual em relação a outubro do ano passado foram:

  • Ferro e aço: 4.057.783,133%, atingindo US$ 63,9 milhões
  • Máquinas e equipamentos de geração de energia: 5.820,6%, atingindo US$ 7,3 milhões
  • Minerais não metálicos: 10,6%, totalizando US$ 1,9 milhão
  • Veículos rodoviários, incluindo veículos de almofada de ar: 96,3%, com US$ 973 mil
  • Couro e peles finas vestidas: 6,7%, com US$ 632 mil

Se a análise se concentrar apenas no crescimento percentual de outubro de 2024 para outubro de 2025, os dados mais elevados foram:

  • Ferro e aço (40.57.783,133%)
  • Produtos metálicos (15.426,4%)
  • Máquinas e equipamentos de geração de energia (5.820,6%)
  • Fertilizantes em bruto e minerais em bruto, excluindo petróleo, carvão e pedras preciosas (116,2%)
  • Artigos de vestuário e seus acessórios (112,8%)

Entre os principais montantes registrados em outubro que sofreram retração frente a igual período de 2024, destacam-se:

  • Vegetais e frutas: -35,2% (US$ 2,7 milhões)
  • Calçados: -23,8% (US$ 2,7 milhões)
  • Pescado (exceto mamíferos marinhos), crustáceos, moluscos e invertebrados aquáticos e suas preparações: -65,7% (US$ 1,8 milhão)
  • Açúcares, preparações de açúcar e mel: -37,8% (US$ 800 mil)
  • Ceras e outros óleos/gorduras de origem animal/vegetal: -85% (US$ 127 mil)

Por fim, várias categorias registraram quedas expressivas de -100%, não registrando exportações no período:

  • Máquinas para escritório e máquinas automáticas de processamento de dados
  • Artigos de borracha
  • Produtos químicos inorgânicos
  • Plásticos em formas primárias
  • Minérios metálicos e sucata
  • Fibras têxteis (exc. tops de lã e outra lã penteada) e seus resíduos (não transformados em fios/tecido)
  • Cereais e preparações de cereais

Exportações do Brasil para os Estados Unidos apresentam queda, mas recorde no total

Em outubro deste ano frente ao de 2024, as exportações do Brasil aos EUA caíram 37,9%, sendo a mais acentuada desde a entrada em vigor das tarifas adicionais de 40% sobre produtos brasileiros, em agosto deste ano.

Porém, a diversificação das exportações para a Ásia e a Europa compensou os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos.

As vendas do Brasil para o Exterior cresceram 9,1% em outubro na comparação com igual mês do ano passado, batendo recorde para o mês desde o início da série histórica, em 1989.

Segundo o levantamento, as exportações somaram US$ 31,97 bilhões no mês passado, enquanto as importações atingiram US$ 25,01 bilhões, resultando em superávit comercial de US$ 6,96 bilhões.

A retração nas exportações para os Estados Unidos, impactadas pelo tarifaço implementado pelo governo norte-americano, levou a uma queda de 24,1% nas vendas para a América do Norte. Essa foi a única região com redução nas exportações em outubro.

O principal fator do encolhimento das vendas para a América do Norte foi a queda de 82,6% nos embarques de petróleo, equivalente a perda de US$ 500 milhões. Também recuaram as vendas de celulose (43,9%), óleos combustíveis (37,7%) e aeronaves e partes (19,8%).

“Mesmo produtos que não foram tarifados, como óleo combustível e celulose, sofreram queda”, informou o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Mdic, Herlon Brandão.

O recuo nas exportações para os Estados Unidos foi compensado pelo aumento das vendas para outras regiões, especialmente a Ásia, que teve alta de 21,2%, impulsionada pela China (33,4%), Índia (55,5%), Cingapura (29,2%) e Filipinas (22,4%).

Entre os produtos, destacaram-se os aumentos nas exportações de soja (64,5%), óleos brutos de petróleo (43%), minério de ferro (31,7%) e carne bovina (44,7%).

Na Europa, as vendas cresceram 7,6%, com forte avanço de minérios de cobre (823,6%), carne bovina (73,4%) e celulose (46,8%). Já a América do Sul apresentou alta de 12,6%, puxada pelos embarques de óleos brutos de petróleo (141,1%).

Segundo Brandão, as exportações brasileiras para os Estados Unidos têm registrado redução constante nos últimos três meses. A queda foi de 16,5% em agosto, 20,3% em setembro e 37,9% em outubro.

“Temos observado taxas de variação negativa cada vez maiores, na comparação com o mesmo mês do ano anterior”, explicou Brandão.

O diretor do Mdic destacou ainda que o movimento reflete não apenas os efeitos diretos das tarifas, mas também uma possível redução da demanda norte-americana.

“A principal queda em termos absolutos foi no petróleo bruto, que não foi tarifado. Isso indica que há efeitos diversos influenciando a retração das exportações aos EUA”, completou. (Com Agência Brasil)

Câmara Americana de Comércio para o Brasil reforça urgência das negociações

Diante do cenário com os Estados Unidos, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) reforçou urgência de avanços nas negociações bilaterais.

A análise é que essa retração, a terceira consecutiva, evidencia a intensificação dos efeitos negativos das tarifas sobre o fluxo comercial entre os dois países, impactando cadeias produtivas integradas, investimentos e empregos em ambas as economias.

Esses efeitos se somam à menor demanda nos Estados Unidos e à redução de preços internacionais para alguns produtos, como petróleo e derivados.

“A forte contração nas exportações brasileiras para o mercado americano em outubro reforça a urgência de uma solução para normalizar o comércio bilateral. É essencial que o valioso impulso político gerado pelo recente encontro entre os presidentes Lula e Trump seja aproveitado para alavancar avanços concretos nas negociações entre os dois países”, afirmou Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.

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Exportações totais do Ceará sobem 141,4% em outubro

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