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Trump reduz tarifas sobre café, carne e frutas, mas taxa de 40% continua
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Economia

Trump reduz tarifas sobre café, carne e frutas, mas taxa de 40% continua

| Tarifaço | Decreto presidencial americano faz referência apenas às taxas impostas no dia 2 de abril. Medida pode beneficiar exportadores cearenses
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DECRETO de Trump diz que decisão leva em conta demanda interna e negociações (Foto: SAUL LOEB / AFP)
Foto: SAUL LOEB / AFP DECRETO de Trump diz que decisão leva em conta demanda interna e negociações

Os Estados Unidos anunciaram a redução da tarifa básica sobre a importação de café, carne bovina, tomate, banana e outros produtos agrícolas que havia sido anunciada no dia 2 abril contra diversos parceiros comerciais. No caso do Brasil, essa taxa era de 10%. 

A decisão tem validade retroativa ao dia 13 de novembro, quinta-feira. No entanto, continua válida a taxa extra de 40% imposta aos produtos brasileiros que começou a vigorar em agosto, conforme informações confirmadas pelo governo brasileiro.

Confira aqui o decreto presidencial americano

O decreto presidencial americano determina que alguns produtos agrícolas fiquem isentos das tarifas "recíprocas" impostas neste ano, após analisar questões como a capacidade de produção nacional de certos itens nos Estados Unidos.

Na lista publicada pela Casa Branca estão produtos que os Estados Unidos não cultivam ou o fazem em quantidades muito pequenas comparadas às suas necessidades: café, chá, abacate, tomate, manga, abacaxi, banana, coco, castanha de caju, açaí, entre outros.

Trump emitiu em 2 de abril um decreto que modificou substancialmente a política comercial americana, ao impor tarifas aduaneiras mínimas de 10%, pois, em sua opinião, o déficit comercial constituía "uma ameaça incomum e extraordinária para a segurança nacional e a economia dos Estados Unidos", lembrou a Casa Branca em comunicado.

A essa tarifa mínima foram adicionadas sobretaxas específicas a países e produtos. O Tesouro americano começou a fazer arrecadações substanciais com as tarifas aduaneiras, mas, ao mesmo tempo, a inflação tem ganhado impulso no país por conta desses encargos.

Após uma primeira revisão em 5 de setembro, Trump agora considera que "a demanda interna atual de certos produtos e a capacidade interna para produzir certos produtos" o obrigam a reduzir novamente as tarifas.

O custo de vida é citado pelos americanos como uma de suas principais preocupações nas pesquisas de opinião.

Negociações em andamento

Na quinta-feira, 13, os Estados Unidos anunciaram acordos tarifários com o objetivo de reorganizar sua política comercial com Argentina, Equador, El Salvador e Guatemala, todos eles importantes produtores de insumos como o café, a carne bovina e as frutas.

No mesmo dia, o chanceler brasileiro Mauro Vieira disse, após se reunir com seu chanceler americano Marco Rubio, que os dois países estão avançando em um acordo provisório para desbloquear as relações bilaterais. O encontro aconteceu às margens da cúpula do G7, no Canadá.

Em um breve comunicado, o Departamento de Estado americano indicou que Rubio e Vieira "discutiram sobre um quadro mútuo para a relação comercial" bilateral.

O Brasil é o maior produtor mundial de café, cujo preço aumentou 20% em agosto e setembro, e também de carne bovina.

Após o anúncio de ontem, o presidente da Associação Nacional do Café, Bill Murray, afirmou em comunicado que a decisão de reduzir as tarifas vai "suavizar a pressão do custo de vida para dois terços da população americana adulta que consume café todos os dias".

O governo Trump reconheceu as preocupações sobre o custo de vida que os americanos enfrentam, e que motivaram o castigo eleitoral sofrido pelos democratas há um ano. "Isso é algo que vamos solucionar, e vamos solucionar de imediato", disse esta semana Kevin Hassett, diretor do Conselho Nacional Econômico da Casa Branca.

Além da redução das tarifas, Trump anunciou, há uma semana, uma investigação sobre as práticas dos frigoríficos, os quais ele acusa de conspirar para fixar preços. Segundo os últimos dados oficiais disponíveis, os preços ao consumidor da carne bovina aumentaram quase 15% em estimativa anual em setembro.

Em um relatório recente, a Farm Bureau, principal organização agrícola dos Estados Unidos, atribui os preços recorde à significativa diminuição do número de cabeças de gado nos últimos anos (a mais baixa em 74 anos), junto com uma demanda consistentemente forte. (Com AFP) 

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Ceará pode ser beneficiado com redução de tarifa

Se no decreto de agosto quase nenhum item de exportação cearense entrou na lista de isenções, desta vez, vários produtos foram contemplados. Ainda que a redução se aplique apenas às tarifas de abril, de 10%, exportadores cearenses veem a decisão como um avanço.

Para o Ceará, a inclusão de frutas, como coco, castanha de caju e manga, na lista americana tem potencial de impacto direto. Cerca de 95% da manga exportada pelo Estado tem os EUA como destino, e indústrias locais de coco enfrentavam risco de paralisação por causa da tarifa elevada, explica o CEO da JM Negócios Internacionais, Augusto Fernandes.

"A manga é crucial para o Ceará. E o coco evita férias coletivas em fábricas que empregam mais de mil pessoas. Para o estado, isso salva", afirma Fernandes.

Ele lamenta, no entanto, que itens relevantes para o Estado, como pescado, mel e calçados, não foram incluídos até o momento, o que limita o impacto macroeconômico. "É um fôlego, mas ainda não muda o quadro geral. Se pescado, mel e calçados entrarem, aí sim o cenário se transforma", avalia.

Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), considerou a decisão importante.

De acordo com ele, o Ceará já chegou a exportar 200 milhões de dólares de castanha no passado e esse ano está diminuindo. "O maior mercado da castanha de caju é os Estados Unidos. Eu fico muito feliz", disse Amílcar.

O presidente da Faec informou que tem conversado com produtores cearenses para ampliar a cajucultura no Estado. "Ela faz toda a diferença, e, com as novas tecnologias, nós podemos avançar muito. Então, é um bom momento para o Ceará essa liberação da tarifa", afirmou. (Carmen Pompeu e Mariah Salvatore/Especial para O POVO)

Efeitos da medida estão sendo analisados, diz Mdic

O Brasil pode ser beneficiado com a redução das tarifas. No entanto, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) informou que ainda está analisando a Ordem Executiva assinada por Trump.

A lista divulgada pelo governo dos EUA tem, pelo menos, 826 produtos. Muitos destes, itens exportados pelo Brasil como carnes, banana, coco, açaí, castanha, tomate e laranja.

Na justificativa para reduzir as tarifas, a Casa Branca informou que levou em consideração também o "andamento das negociações com diversos parceiros comerciais, a demanda interna atual por certos produtos e a capacidade interna atual de produção de certos produtos".

Em nota, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) avaliou que ainda há pontos a serem melhores esclarecidos. "O Cecafé está em contato com seus pares americanos, neste momento, para analisar, cuidadosamente, a situação e termos noção do real cenário que se apresenta", diz o comunicado.

Já a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) considerou positiva a decisão do governo norte-americano de reduzir as tarifas aplicadas à carne bovina brasileira. "A medida reforça a confiança no diálogo técnico entre os dois países e reconhece a importância da carne do Brasil, marcada pela qualidade, pela regularidade e pela contribuição para a segurança alimentar mundial", informou. (Com Agência Brasil)

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