A prévia da inflação voltou a acelerar na Grande Fortaleza em novembro, segundo atestam os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 26. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) avançou 0,23% , após o variação quase nula de 0,01% em outubro.
Conhecido como a “prévia da inflação”, o indicador mede os preços entre os últimos 15 dias de um mês e os primeiros 15 do outro, sinalizando o que deve ocorrer no índice oficial do período, divulgado no início de dezembro. Com o novo resultado, Fortaleza acumula 3,92% de inflação no ano e 4,34% em 12 meses.
O movimento de aceleração foi puxado principalmente pelos grupos Despesas Pessoais (0,53%) e Vestuário (0,52%), que apresentaram as maiores altas percentuais do mês.
Pacotes de turismo foram os principais influenciadores dos grupos de consumo, com variação de 4,13% no período, seguido por joias e bijuterias (2,91%).
Em um momento de retomada das viagens, aumento da circulação de turistas e preparação para o fim do ano, itens ligados a serviços, lazer e compras sazonais exerceram pressão adicional sobre o índice. A análise acompanha a tendência nacional, em que o grupo despesas pessoais também liderou a alta.
De acordo com Ricardo Coimbra, economista e conselheiro Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-Ce), esse maior crescimento das despesas pessoais e vestuário pode estar relacionado com o período próximo ao final do ano, com as festas de Natal e Ano Novo.
“Muitas vezes, esses preços sobem um pouquinho para depois eles reduzirem no período da Black Friday, então pode estar alguma coisa relacionada com isso também. E as despesas pessoais é uma volatilidade de período”, completa.
A proximidade das festas e das férias escolares pode ajudar a explicar parte da pressão sobre os preços, especialmente nos setores ligados ao consumo típico de dezembro.
Pacotes turísticos, por exemplo, subiram 3,90% no País. Segundo Ricardo, a escalada pode ter relação direta com o comportamento dos consumidores no período.
“Normalmente está relacionado com o período sazonal. Como a gente chega nos períodos que se aproximam de final de ano, acaba tendo um preço diferenciado. Então, pode ter sido impactado por essa variável cíclica”, analisa.
Outro destaque no cenário local foi o reajuste da taxa de água e esgoto, que subiu 9,75% a partir do dia 5 de novembro e impactou diretamente o grupo Habitação. O subitem variou 2,83% no IPCA-15 de Fortaleza, contribuindo para manter o custo da moradia em trajetória de alta. A região representa 3,88% do peso total do índice nacional.
Apesar de não figurar entre os maiores avanços mensais na capital, o grupo Saúde e Cuidados Pessoais continua sendo o principal responsável pela inflação acumulada no ano em Fortaleza.
“A gente observa que os preços dos medicamentos vêm subindo um pouco acima da média, e também relacionado com os serviços de saúde, de um modo geral, com os reajustes dos planos de saúde”, comenta o economista.
Em novembro, o segmento variou 0,29%, influenciado por planos de saúde e produtos de higiene. Alimentação e bebidas, por sua vez, subiram 0,25% no mês, refletindo altas pontuais, mas sem exercer impacto dominante como em outros períodos do ano.
Alimentação e bebidas: 24,2287
Habitação: 16,3969
Transportes: 18,7641
Saúde e cuidados pessoais: 13,9620
Despesas pessoais: 7,6172
Educação: 6,8052
Vestuário: 4,7341
Artigos de residência: 3,7574
No cenário nacional, o IPCA-15 subiu 0,20% em novembro, acima dos 0,18% registrados em outubro. O principal responsável pela alta geral foi o grupo Despesas Pessoais, com aumento de 0,85%, impulsionado por hospedagem (4,18%) e pacotes turísticos (3,90%).
Na sequência, os grupos Saúde e Cuidados Pessoais (0,29%) e Transportes (0,22%) também contribuíram, este último puxado por passagens aéreas, que dispararam 11,87%, o maior impacto individual do mês.
Com o resultado, a inflação nacional acumula 4,15% no ano e 4,50% nos últimos 12 meses, registrando a menor taxa anual desde janeiro. A desaceleração na comparação anual — em novembro de 2024, o índice ficou em 0,62% — indica que, apesar de pressões pontuais, o comportamento dos preços permanece em trajetória moderada.
Enquanto Fortaleza registra aceleração acima da média nacional no mês, o comportamento dos grupos de consumo mostra que o fim do ano já começa a reorganizar a demanda e, consequentemente, os preços na capital cearense.
Com Agência Estado