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Ceará atinge menor índice de desigualdade da história, aponta IBGE
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Economia

Ceará atinge menor índice de desigualdade da história, aponta IBGE

|EM 2024| Índice de Gini, usado como parâmetro internacional para medir a desigualdade, do Ceará no ano passado foi de 0,487, ante 0,510 registrado no ano anterior
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PROGRAMAS de transferência de renda tiveram grande peso no resultado  (Foto: Roberta Aline / MDS)
Foto: Roberta Aline / MDS PROGRAMAS de transferência de renda tiveram grande peso no resultado

O estado do Ceará registrou, em 2024, o menor índice de desigualdade da série histórica iniciada em 2012. É o que aponta a Síntese de Indicadores Sociais, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua.

O chamado Índice de Gini, usado como parâmetro internacional para medir a desigualdade, do Ceará no ano passado foi de 0,487, ante 0,510 no ano anterior.

Vale lembrar que quanto menor o indicador menos desigual é determinada sociedade.

Conforme relatórios produzidos pelo IBGE, a redução desse índice no Estado deveu-se a uma combinação entre o impacto dos programas sociais e um maior dinamismo no mercado de trabalho.

A análise do peso dos programas sociais para a redução da desigualdade feita pelo IBGE mostra que sem esses benefícios, o índice de Gini no Ceará passaria de 0,487 para 0,574, o que representa um aumento de 18%.

A simulação feita pelo órgão de pesquisa mostra o peso das políticas de transferência de renda para essa marca inédita, que chega a superar o desempenho nacional, uma vez que o País registrou um índice de Gini de 0,504, em 2024.

Outro ponto que reforça o peso dessas políticas é o da relação entre as rendas auferidas pelos diferentes segmentos da população cearense. Em 2024, os 10% mais ricos concentraram um volume de rendimentos três vezes maior que o dos 40% mais pobres.

Isso significa uma queda em relação a 2023, quando essa relação era de 3,5 vezes e fica bem abaixo do registrado em 2012. Quando a série histórica foi iniciada essa relação era de 4,24. Esse avanço decorre de um aumento de 6% na renda dos 40% mais pobres e uma queda de 7,5% entre os 10% mais ricos.

Nesse sentido, de acordo com o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), Vitor Hugo Miro, o índice de Gini é muito sensível às mudanças nos extremos da distribuição de renda.

“Quando eu falo de ‘extremo da distribuição’, a gente pensa exatamente nos mais vulneráveis, que são os indivíduos mais pobres, ou no outro extremo, onde a gente tem, por exemplo, os 10% mais ricos”, explica.

“Então, a gente está inclusive com um nível de desigualdade, medido pelo Gini, menor do que a média brasileira. Mas é por conta desses fatores: nós tivemos um aumento de benefícios sociais e, o estado do Ceará, por ter uma população muito pobre, colheu muito do benefício desse aumento em programas de transferência de renda, como é o caso do Bolsa Família”, complementa o pesquisador.

Mesmo com a melhora na distribuição de renda, o rendimento domiciliar per capita médio no Ceará foi de R$ 1.202 em 2024, o segundo menor entre as unidades da federação, ficando o estado à frente apenas do Maranhão (R$ 1.079). Além disso, o valor permanece abaixo do patamar pré-pandemia (indicador de 2019), quando esse rendimento ficou em R$ 1.222.

O estudo também mostra que, apesar do avanço no índice de Gini, as desigualdades raciais persistem, enquanto as de gênero praticamente inexistem, sendo a renda das mulheres de R$ 1.202, ante R$ 1.203 para os homens. Já o rendimento domiciliar per capita médio da população branca foi 56,4% superior ao da população preta ou parda em 2024.

Além disso, apesar da redução das desigualdades, os dados revelam que 43,3% da população cearense ainda vive na pobreza, com ganho máximo de US$ 6,85 por dia. Ao todo, são quase 4 milhões de pessoas. Já a extrema pobreza atinge 7,9% da população ou cerca de 728 mil cearenses.

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