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PIB do Brasil reduz ritmo de crescimento para 0,1% no 3º trimestre
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PIB do Brasil reduz ritmo de crescimento para 0,1% no 3º trimestre

| IBGE | Embora seja o melhor patamar para o trimestre, desempenho da economia vem perdendo força ao longo de 2025
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JUROS altos pressionam consumo das famílias (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS JUROS altos pressionam consumo das famílias

A economia brasileira cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2025 na comparação com o segundo trimestre, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O percentual, embora seja o maior patamar já registrado para o trimestre, aponta tendência de desaceleração da economia ao longo de 2025. 

No primeiro trimestre do ano, a alta ante o último trimestre de 2024 foi de 1,5%. Já na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2025, a expansão ficou em 0,3%.

De modo geral, essa alta trimestral de 0,1% é considerada pelo IBGE como estabilidade, ou seja, não significativa. De acordo com o instituto, o PIB chega a R$ 3,2 trilhões.

Em relação ao 3º trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB), conjunto dos bens e serviços produzidos no país, apresenta alta de 1,8%. No acumulado de quatro trimestres, o indicador teve expansão de 2,7%.

Desempenho dos setores

Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, a indústria apresentou o maior crescimento (0,8%), seguida pela agropecuária (0,4%). O desempenho dos serviços, que representam o maior peso no PIB, ficou estável em 0,1%.

Destaques para transporte, armazenagem e correio (2,7%); informação e comunicação (1,5%); atividades imobiliárias (0,8%).

A analista das Contas Trimestrais do IBGE, Claudia Dionísio, explica que o desempenho da atividade de transportes é resultado do escoamento da produção extrativa mineral e agropecuária.

No trimestre, o comércio, que também está no grupo de serviços, avançou 0,4%. Na Indústria, houve alta nas indústrias extrativas (1,7%), na construção (1,3%) e nas indústrias de transformação (0,3%). Já o segmento eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos recuou (-1,0%).

Pelo lado das despesas, o consumo das famílias (0,1%) ficou praticamente estável e o consumo do governo avançou 1,3%.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que mede o aumento da capacidade produtiva de um país por meio de investimentos, subiu 0,9%. As exportações contribuíram com avanço de 3,3%. No trimestre, as importações recuaram 0,3%.

Por outro lado, a indústria se encontra 3,4% abaixo do nível mais alto, atingido no terceiro trimestre de 2013.

Tendência de desaceleração da economia

Os dados do IBGE apontam tendência de desaceleração da economia ao longo de 2025. No primeiro trimestre do ano, a alta ante o último trimestre de 2024 foi de 1,5%. Já na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2025, a expansão ficou em 0,3%.

Os dados do IBGE sinalizam para desaceleração no acumulado de quatro trimestres. No fim de março, o crescimento foi de 3,6%. Três meses depois, passou para 3,3%, até chegar a 2,7% no fim de setembro.

De acordo com a analista Claudia Dionísio, um dos principais fatores que levam à desaceleração é a política monetária restritiva, ou seja, o patamar alto dos juros. "Os juros mais altos comprometem várias atividades da economia", avalia.

Entre as atividades mais afetadas pelos juros, ela cita a indústria de transformação (seguimento que transforma matéria-prima em produto final ou intermediário), investimentos e o consumo das famílias, "que tem relação com o crédito", justifica.

No entanto, a pesquisadora aponta que fatores como mercado de trabalho aquecido, aumento da renda dos trabalhadores e da massa salarial e programas assistenciais de transferência de renda aceleram a economia, de certa forma. "Mitigam um pouco os efeitos contracionistas", afirma.

O Brasil tem registrados nos últimos trimestres os menores índices de desemprego já apurados.

A taxa básica de juros no país, a Selic, está em 15% ao ano, maior patamar desde julho de 2006 (15,25%). A Selic é decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que defende o nível elevado como forma de combater inflação, acumulada em 4,68% em 12 meses. Desde setembro de 2024, a inflação está acima do teto da meta do governo, que vai até 4,5%.

Ao esfriar a economia, a taxa de juros alta tende a diminuir a procura por bens e serviços, de forma a frear a alta de preços. O efeito colateral é o obstáculo à geração de emprego e ao crescimento econômico.

A pesquisadora Rebeca Palis aponta que a alta das exportações mostra que o tarifaço americano, iniciado em agosto, que aplicou taxa de até 50% em cima de vendas brasileiras para os Estados Unidos, teve impacto localizado.

Além disso, observa que os exportadores mitigaram o obstáculo. "Os próprios exportadores conseguiram redirecionar", disse. No caso da soja, por exemplo, parte das vendas foi direcionada para a China, acrescenta Claudia Dionísio. (Agência Brasil)

 

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"O carregamento estatístico até o terceiro trimestre já é de 2,2%, similar ao crescimento que a SPE projetava antes para o ano. No entanto, a expectativa continua sendo de crescimento positivo na margem ainda para o quarto trimestre, repercutindo, principalmente, uma leve melhora no desempenho dos serviços", diz a nota informativa da SPE, divulgada ontem.

Mais cedo, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, já havia dito que o desempenho do PIB no terceiro trimestre mostrava uma desaceleração da atividade em linha com o esperado, e reiterado a expectativa de um crescimento em torno de 2,2% a 2,3% para o acumulado de 2025. O PIB brasileiro cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2025, na comparação com o segundo, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de 0,2%, e da estimativa da própria SPE, de 0,3%.

Na nota informativa, a Pasta diz que as revisões realizadas pelo IBGE resultaram em uma revisão para cima no PIB do primeiro semestre, o que acentua a tendência de arrefecimento da economia. "Não se altera a perspectiva de desaquecimento econômico e de fechamento do hiato desenhada do segundo semestre de 2025 em diante", diz a nota da SPE, destacando a redução do carrego estatístico para 2026. (Agência Estado)

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Segundo a Austin, informações do relatório do Fundo Monetário Internacional com base em dados compilados até o primeiro semestre deste ano sugerem uma probabilidade alta de que a Rússia supere em breve o PIB da Itália, assumindo assim a 8ª posição. "Não é que as economias do Brasil, Canadá e Itália derraparam ou pioraram entre o início de 2025 e o momento atual. Muito pelo contrário, pois o Brasil inclusive teve valorização do real e melhora nas expectativas de crescimento do PIB e até diminuiu a distância entre Canadá e Itália, que praticamente não alteraram suas projeções desde o início do ano", escreveram o economista-chefe Alex Agostini, e o economista Rodolpho Sartori, da Austin, em relatório. "O fato é que houve forte valorização da moeda da Rússia (o rublo) de mais de 39% neste ano de 2025."

Quanto ao terceiro trimestre de 2025, o Brasil teve o 34º melhor desempenho dentro de um ranking de crescimento, considerando as informações de 51 países. O PIB do Brasil cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2025, ante o trimestre imediatamente anterior, segundo os dados das Contas Nacionais trimestrais publicadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os países com desempenho melhor do que o do Brasil no período estão China (1,1%), Canadá (0,6%), África do Sul (0,5%) e França (0,5%).

O avanço brasileiro foi idêntico ao do Reino Unido (0,1%), Itália (0,1%) e Angola (0,1%). (Agência Estado)

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