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EUA absorvem 47,5% da exportação cearense: US$ 985,8 mi
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Economia

EUA absorvem 47,5% da exportação cearense: US$ 985,8 mi

Exportações concentradas em siderurgia (52%) e no mercado dos EUA exigem diversificação para evitar choques tarifários
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NO acumulado do ano, as exportações cearenses ficaram na 17ª posição no País (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE NO acumulado do ano, as exportações cearenses ficaram na 17ª posição no País

A análise da balança comercial cearense no período acumulado de janeiro a novembro de 2025 revela que, apesar do tarifaço, os Estados Unidos continuam sendo o principal destino das exportações, totalizando U$ 985.808.138, o que corresponde a 47,5% do total exportado no período.

Mesmo no recorte mensal (novembro de 2025), o mercado norte-americano foi o principal destino, respondendo por U$ 63.752.773 em valor fob (free on bord) - preço da mercadoria que inclui todos os custos até o momento em que ela é colocada a bordo do navio (ou outro meio de transporte) no porto de embarque, sendo que a partir daí, comprador assume riscos e custos, incluindo frete internacional e seguro.

De acordo com João Mário de França, professor da pós-graduação em economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre), as exportações Ceará são caracterizadas por uma pauta ainda muito concentrada focada principalmente na indústria siderúrgica, de calçados e em produtos regionais.

“Apesar do Ceará representar aproximadamente 2% do PIB Nacional, em termos de exportações, no acumulado do ano de 2025 até novembro, só representa cerca de 0,66% do que o País exporta”, diz o pesquisador.

Além desse problema da pauta ainda muito concentrada, destaca João Mário, outro agravante é que próximo da metade dela está destinada ao mercado dos Estados Unidos principalmente com produtos semi-acabados de ferro e aço. “E isso foi um problema com o aumento das tarifas imposto pelo governo americano que afetou esse item, entre outros”, comenta.

De acordo com o economista, mesmo com o alívio recente das tarifas que beneficiaram alguns dos nossos produtos regionais exportados para lá, seguem altas tarifas para a indústria siderúrgica e de calçados.

Apesar do forte déficit acumulado, a fotografia de novembro de 2025, isoladamente, mostrou um déficit menor, embora mantendo a tendência negativa, fechando em –US $17,2 milhões. Neste mês específico, as exportações totalizaram U$ 191 milhões, assegurando a 15ª posição no ranking mensal, enquanto as importações somaram US$ 208,2 milhões, ficando na 17ª posição.

Concentração Recorde na Indústria de Transformação

O motor das vendas externas demonstrou uma dependência acentuada de um único grupo de produtos da Indústria de Transformação. O produto mais exportado no acumulado de janeiro a novembro de 2025 foi “produtos semi-acabados" - leia-se siderurgia, o qual alcançou US$ 1.077.563.983. Notavelmente, este produto respondeu por 52% do total das exportações no período.

Essa concentração de pauta não se alterou na análise mensal; em novembro de 2025, "Produtos semi-acabados" manteve a liderança da Indústria de Transformação, totalizando US$ 99.278.308 e correspondendo novamente a 52% da participação nas exportações de novembro.

Para contextualizar a importância desse segmento primário transformado, a segunda maior exportação da Indústria de Transformação no acumulado (jan-nov) foi "calçados", atingindo U$ 172.210.018.

João Mário de França recomenda que a economia cearense aumente sua internacionalização buscando diversificar sua pauta exportadora (melhorando a qualidade e competitividade de seus produtos) e também buscando novos destinos para os atuais produtos exportados e os possíveis novos.

“Esse último item é relevante porque evita situações em que um choque como ocorreu nas tarifas de importação de um determinado país tenha um considerável impacto em nossas exportações”, pontua o pesquisador do FGV/Ibre.

De acordo com ele, para que isso aconteça, é fundamental a participação do Governo Estadual e Entidades Empresariais no apoio para empresas locais no acesso aos mercados internacionais com informações técnicas e promoção comercial.

Estrutura das Importações: O Peso do Carvão

Do lado das compras internacionais, que impulsionaram o déficit, o produto mais importado no período acumulado de janeiro a novembro de 2025 pertence à Indústria Extrativa: o "Carvão, mesmo em pó, mas nã...". Este item atingiu US$ 447.205.622, representando uma participação de 17,6% no total das importações.

Em comparação, o segundo produto mais importado, classificado na Indústria de Transformação, foi "Compostos organo-inorgânico...", com US$ 207.340.973 e uma participação de 8,2%. A predominância do carvão nas importações sugere uma forte demanda por commodities energéticas ou insumos básicos.

Parcerias de Exportação

A liderança como principal destino das exportações no mês de novembro de 2025 coube aos Estados Unidos. O valor fob das exportações totalizou US$ 63.752.773, o que representou uma participação de 33,4% no total das exportações do mês. Na sequência, o México e a Turquia se destacaram como parceiros comerciais importantes em valor fob, com participações de 13,8% e 12,5%, respectivamente.

Ceará exportações para países de janeiro a novembro

País Continente Fluxo Valor FOB US$ Participação (%)

  • Estados Unidos América do Norte US$ 985.808.138 (47,5%)
  • México América do Norte US$ 160.967.770 (7,8%)
  • Itália Europa US$ 85.620.043 (4,1%)
  • Países Baixos (Holanda) Europa US$ 81.079.733 (3,9%)
  • China Ásia (Exclusive Oriente Médio) US$ 74.970.063 (3,6%)
  • França Europa US$ 70.956.849 (3,4%)
  • Reino Unido Europa US$ 64.294.933 (3,1%)
  • Argentina América do Sul US$ 56.174.056 (2,7%)
  • Alemanha Europa US$ 46.822.806 (2,3%)
  • Colômbia América do Sul US$ 41.841.621 (2%)
  • Polônia Europa US$ 41.180.427 (2%)
  • Turquia Europa US$ 27.118.124 (1,3%)
  • Espanha Europa Exportação 25.386.588 1,2
  • Paraguai América do Sul Exportação 25.337.409 1,2
  • Bélgica Europa Exportação 17.493.565 0,8
  • Peru América do Sul Exportação 15.749.153 0,8
  • Índia Ásia (Exclusive Oriente Médio) Exportação 14.797.397 0,7
  • Vietnã Ásia (Exclusive Oriente Médio) Exportação 14.335.891 0,7

Agropecuária

O principal produto agropecuário exportado no acumulado Jan-Nov de 2025 foi "frutas e nozes não oleaginosas", com 7,8% de participação nas exportações totais. Outros produtos agropecuários importantes foram "mel natural" (0,4%), "matérias vegetais em bruto" (0,2%), e "pescado inteiro vivo, morto..." (0,2%).

Em 2024, o principal produto agropecuário exportado foi "frutas e nozes não oleaginosas", com 8,3% de participação nas exportações totais daquele ano.

A variação de 4,3% em junho de 2025 (o menor valor) para 17,4% em fevereiro de 2025 (o maior valor) indica uma flutuação sazonal significativa na participação da agropecuária ao longo do ano.

No cenário nacional, a balança comercial cearense apresentou um déficit expressivo de -465,2 milhões de dólares. O resultado decorre de um volume de importações (U$ 2,5 bilhões) superior ao total das exportações (U$ 2,1 bilhões) ao longo dos 11 meses deste ano (jan-nov de 2025).

O desempenho comercial posicionou a economia cearense em patamares modestos no ranking nacional, sublinhando a necessidade de ganhos de escala no comércio exterior. No acumulado de janeiro a novembro de 2025, as exportações totais garantiram apenas a 17ª posição, representando 0,66% da participação total no cenário nacional. As importações, por sua vez, atingiram a 13ª posição, correspondendo a 0,98% do total importado.

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