Com dois modelos de automóveis da GM (Chevrolet) garantidos no polo veicular de Horizonte, o Governo do Estado agora trabalha para finalizar acordos com indústrias fornecedoras de peças para a Planta Automotiva do Ceará (Pace).
O presidente da Agência de Desenvolvimento estadual (Adece), Danilo Serpa, detalha a estratégia, que envolve aproveitar o poder do nome da marca GM.
"A partir do momento em que temos a GM, quarta maior fabricante do mundo e a maior dos Estados Unidos, no estado do Ceará, porque acreditaram no nosso polo automotivo, isso faz com que todas as outras empresas que a gente vem negociando acelerem o processo de investimento", aponta.
Neste sentido, a atração de empresas "sistemistas", que são fábricas de autopeças para o cenário local, passa a ser o grande foco, para aumentar ainda mais a quantidade de empregos gerados no polo para além da montagem dos veículos na Pace.
Atualmente, as peças vêm de fora do Estado, sendo 35% das pertencentes ao Chevrolet Spark de origem nacional. Mais o Chevrolet Captiva, que inicia produção local no começo de 2026, a Comexport, empresa que fechou contrato com a GM para montar os carros no Estado, confirmou ao O POVO que movimenta cerca de 300 contêineres por mês no Porto do Pecém.
Danilo destaca que essa atração é "prioridade zero" na agenda do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT). O movimento também envolve viagens à China para negociar com outras fabricantes para trazer modelos híbridos e elétricos à Pace.
A divulgação da Planta, destaca, tem rendido bons contatos. Na ocasião da inauguração da fábrica, em 4 de dezembro, uma comitiva de 21 empresários "sistemistas" do setor auto estiveram em Horizonte.
"Estamos divulgando nossa Planta Automotiva justamente para atrair. E o bom é que esses investimentos (de fabricantes de autopeças) vêm a reboque. Estamos com a orientação do governador para atrair essas fábricas para produção das peças dos nossos carros", pontua.
Ainda segundo Danilo, além dos 21 fabricantes de peças, outros mais mantém negociações com o Governo do Estado para instalação de projetos no Ceará. Ele espera que "em breve" novos acordos possam ser confirmados e isso também inclui a perspectiva de novas montadoras.
Neste processo de atração, Danilo aponta como fator preponderante a atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) na liberação de incentivos fiscais.
"É um papel fantástico por incentivar no Imposto de Renda as indústrias a gerar empregos no Nordeste, o que é altamente necessário e fundamental para termos competitividade", aponta.
Vale lembrar que o investimento inicial da Pace, de R$ 400 milhões, foi incrementado pela Comexport, responsável pelo projeto, em mais R$ 500 milhões voltado à pesquisa e desenvolvimento (P&D) até o fim da década.
Com capacidade de produção de 10 mil veículos, ocupa 130 mil metros quadrados (m²) que devem ser ampliados até mais de 600 mil m². De início, a Planta deve iniciar com produção de 8,8 mil veículos por ano do modelo Chevrolet Spark EUA e 15 mil do Chevrolet Captiva (previsto para iniciar em meados de 2026).
Para dar noção da ampliação, a Pace ocupa o que há até cinco anos era a fábrica da Troller, que tinha capacidade total de produção de quase 1 mil veículos. A operação da Pace/GM toma 3/4 dessa fábrica e terá capacidade anual de montagem de mais de 23 mil veículos por ano.
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Setor calçadista avança e novos projetos devem ser instalados no Ceará
No balanço das ações da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) no ano, o presidente Danilo Serpa destaca que a viabilização célere de incentivos para projetos para empresas que estão se instalando ou já se instalaram no Ceará gera efeitos visualizados em geração de emprego no Ceará.
Danilo lembra que, pela primeira vez na história, o número de pessoas com carteira assinada no Estado superou a marca de beneficiários do Bolsa Família.
Neste sentido, cita a participação do setor calçadista, um dos mais intensivos em demanda de mão de obra. Uma das novidades do setor, que tomou a liderança nacional em unidades de calçados produzida, superando o Rio Grande do Sul, é a chegada de uma nova indústria em Cariré.
“Dos grandes projetos, (além do polo automotivo), estamos fortes na indústria calçadista. Estive em uma feira onde contactamos mais de 40 empresários, estamos negociando e alguns deles já estão vindo para o Ceará, como é o caso de uma empresa indo para Cariré. E temos outros projetos vindo se instalar, além de que praticamente todas as empresas calçadistas do Ceará estão em ampliação”.
O feedback recebido dos empreendedores do setor calçadista é de que o nível de produtividade dos trabalhadores cearenses fica acima de outras praças nacionais.
“Todos sempre dizem que o trabalhador daqui é o melhor. A mão de obra cearense se destaca pelo seu trato com produtos artesanais, geram um nível de produtividade superior ao Rio Grande do Sul e São Paulo”, revela.