Nildo Souza, 29 anos, começou a perder a visão aos sete. Durante a adolescência, encontrou no esporte forma de superar a deficiência. "No início praticava atletismo e natação, até que conheci o futebol de 5. Daí me apaixonei e, desde então, me dedico a ele", explica.

Nildo é um dos atletas da equipe de futebol de 5 da Associação D'eficiência Superando Limites (Adesul), de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza. O time está realizando campanha para arrecadar R$ 7.300, para custear as passagens dos atletas para Campina Grande (PB), onde participarão da Copa Nordeste de Futebol de 5, realizada de 12 a 19 de maio.

O futebol de 5 é uma adaptação do futsal convencional. A equipe é formada por cinco atletas, sendo o goleiro o único com visão normal. Os outros quatro são cegos ou possuem baixa visão - estes, usam vendas nos olhos durante as competições. A bola possui um guizo, para que os atletas possam identificar sua localização. Nas laterais das quadras são colocadas tábuas de madeira, chamadas de "banda", para evitar que a bola saia. Durante o jogo, a torcida deve permanecer em silêncio, podendo manifestar-se unicamente no momento do gol. A equipe de futebol de 5 também conta com um chamador, que fica atrás do gol e orienta os atletas durante os jogos.

Harley Sousa, chamador da equipe da Adesul, conheceu o esporte há dois anos. "Sou estudante de Educação Física e já era amigo do técnico dos meninos. Ele me chamou para ver um treino e, quando vi, me apaixonei", disse.

Para ele, o chamador exerce uma função fundamental durante uma disputa. "Meu papel é orientar os jogadores. Quando algum está perto da bola, digo a direção que deve tomar como esquerda ou direita. O lado ruim é que isso acaba orientando o jogador da outra equipe", detalha. Já David Xavier, técnico do time, conheceu o futebol de 5 em 2011. "Durante um projeto de extensão do curso de Educação Física, conheci outra associação de cegos. Lá, os meninos se reuniam todo sábado pra bater um racha. Foi paixão à primeira vista", brinca.

Xavier explica que todo trabalho feito pela Adesul é voluntário. "Infelizmente nosso time não tem patrocínio ou ajuda de ninguém. Já busquei a Federação Cearense de Futebol (FCF), mas não consegui nada". Segundo ele, a hospedagem e alimentação são custeadas pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV), mas as passagens são bancadas pelas equipes.

A Copa Nordeste de futebol de 5 é classificatória para a Série B nacional da modalidade. "A Adesul é a equipe mais jovem a disputar o torneio. Formamos o time há cinco anos e estamos disputando em pé de igualdade

com times que existem há dez anos. Em 2018, o time de futebol de 5 da Adesul foi vice-campeão das Paralimpíadas Escolares. Nosso objetivo é fomentar o esporte entre esses atletas", resume Xavier.

Entre os participantes da equipe da Adesul, destacam-se alguns, que chegaram a ser convidados para defender a seleção brasileira. É o caso de Alan Sousa, 20 anos.

"Estava participando de uma competição no Maranhão, quando o David (Xavier) pediu para a gente realizar alguns exercícios. Depois ele disse que a comissão técnica da seleção brasileira estava ali, e que algum de nós poderia ser convocado. Foi uma surpresa para mim, porque eu só estava no time há poucos meses", lembra. Para ele, o futebol de 5 foi "um plano de Deus em sua vida". "O esporte pode mudar a vida de uma pessoa, pode transformá-la", conclui.

 

seleção

No ano passado, o Brasil se sagrou pentacampeão mundial de futebol de 5 ao vencer a Argentina na final, realizada em Madri (Espanha)

SERVIÇO

Para ajudar a equipe, basta entrar no link (vakinha.com.br/vaquinha/491159) ou realizar depósito em uma das contas abaixo.

Associação D'Eficiência Superando Limites

CNPJ.: 23.101.883/001-21

Caixa Econômica Federal

Agência 4371

Operação 013

Conta 14532-8

Banco do Brasil

Agência 3253-0

Conta corrente 40872-7