A tensão do Clássico-Rei do fim de semana foi além do gramado. Nas arquibancadas, fora e até distante do estádio, episódios de violência e vandalismo atrelados ao jogo foram registrados.
No total, mais de uma dezenas de ocorrências policiais, algumas envolvendo centenas de pessoas, foram apuradas pelo O POVO, que ouviu a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS), assessoria de imprensa da Polícia Militar (PM) e os responsáveis pelo comando interno e externo do policiamento designado para o Castelão para a partida.
O contingente policial escalado para o segundo jogo entre Ceará e Fortaleza no Brasileirão foi compatível com o do primeiro. O plano de ação para a partida de 3 de agosto informava que 500 PMs estariam envolvidos na segurança, enquanto para o duelo do fim de semana, o documento da reunião de tomada de providências registrou 553 PMs — 278 para a área externa e 275 para a interna.
A primeira ocorrência aconteceu no início da tarde de domingo, quando homem com camisa do Fortaleza foi espancado no bairro distante do estádio. O fato, entretanto, não entra na conta da operação de segurança do jogo.
"Na parte externa foi tudo dentro da normalidade. Houve ocorrência bem antes, por volta de meio-dia, isolada, no Bom Jardim, mas não faz parte do policiamento externo, que só começou a atuar às 14 horas", explica o coronel Roberto Costa, que faz parte do Batalhão do Raio.
A única anormalidade, segundo ele, foi a falta dos ônibus que costumam levar as organizadas do Ceará, o que fez com que eles fossem a pé de Porangabuçu até o Castelão, mas com a escolta do Raio, comandado pelo próprio coronel Roberto.
"Durante a escolta, alguns torcedores saíram do comboio entraram numa loja de conveniência para saquear e a gente conteve", relata o militar. Além disso, do lado de fora foi registrado também um roubo no entorno do estádio, que causou tumulto próximo da rotatória, uma dispersão com canhão d'água em um grupo que forçava entrada em um dos portões do estádio e uma tentativa de furto a motociclistas após a partida. "Não teve ônibus quebrado ou vandalismos, a não ser no (caso) do posto", ressaltou.
Dentro do Castelão, a toda hora se ouviam estampidos, mas segundo o major Ladim, que coordenou toda a operação interna da sala de comando do estádio — de onde se controlam câmeras e sistema de som do local —, todos os dispositivos de segurança funcionaram.
"Houve o acesso dos torcedores pela escadaria, teve a operação nas catracas, de circulação no estádio, o controle de acesso a campo; teve uma invasão, mas foi repelida. Então toda essa mecênica aconteceu tranquilamente. O que destoou foi o comportamento agressivo e vândalo de alguns torcedores", avaliou.
Ele se refere ao fim da partida, quando o policiamento segurou a torcida do Ceará por uma hora após o fim da partida, a fim de evitar encontro de torcidas rivais do lado de fora. Segundo a Polícia, cadeiras foram quebradas e arremessadas contra PMs e no campo e, por isso foi necessário. "o uso progressivo da força para conter o tumulto", segundo a PM. O número de cadeiras depredadas ainda não foi contabilizado e deve ser divulgado ainda hoje.
Chamou atenção o fato da opção por liberar primeiro a torcida do Fortaleza, que ocupava 70% do estádio. Por estar em maior quantidade, os tricolores demorariam mais a dispersar que a torcida do Ceará, que só ocupava 30% da arquibancada. Major Landim explicou que a decisão foi tomada na reunião de tomada de providências para a partida, com todas as autoridades, clubes e Federação Cearense de Futebol. Além disso, seria necessário mais contingente para conter a maior parte do público.
Outra ocorrência emblemática na parte de dentro ocorreu no setor premium. Um homem e uma criança foram atingidos por tiros de munição de impacto controlado (balas de borracha). Em nota oficial, a Polícia diz que os disparos teriam sido feitos pela Guarda Municipal, que compareceria ao evento com 12 agentes, segundo o Plano de Ação.