Movida por paixão e lealdade, a massa tricolor foi apresentada a Buenos Aires. E Buenos Aires foi apresentada à massa tricolor. Durante os últimos dias, a rotina da capital argentina conheceu a euforia e a alegria dos torcedores do Fortaleza, que vivenciaram cada segundo de imersão na estreia internacional oficial do. Invadiram calles, bares, praças. Em comum, o dress code pintado em vermelho, azul e branco, simbolizando espécie de Carnaval fora de época em terra estrangeira.
O bloco carnavalesco esbanjou simpatia em Buenos Aires. Muitos torcedores sequer sabiam falar espanhol, o que em nada afetou a convivência com os argentinos. Numa mistura de portunhol com "cearencês", os hinchas tricolores se espalhavam e comemoravam a chance de assistir a uma partida histórica para a agremiação do Pici.
O centro de Buenos Aires, onde fica um dos principais pontos turísticos da cidade, o Obelisco, foi preenchido pelos tricolores. Cruzar com um torcedor vermelho-azul-e-branco era inevitável. Estavam em todas as partes. O cumprimento tradicional, forte, do fundo da garganta: "Bora, Leão", em bom português. "É o Lion", na mistura com o inglês.
Teve até forró pé de serra na terra do tango. Uma típica churrascaria de Buenos Aires recebeu tarde calorosa ao som do ritmo nordestino. Para esquentar o clima para a estreia, o Fortaleza promoveu Fanfest com rodízio de carne e open bar horas antes da peleja. No evento, o presidente Marcelo Paz era protagonista em palco lotado. Os torcedores cantaram as músicas do clube, pularam como se estivessem em arquibancadas e comemoraram ansiosos o pré-jogo. Os palpites eram um só: vitória do Leão em plena Avellaneda.
A expectativa por ver o Fortaleza pela primeira vez na Copa Sul-Americana era tanta que a torcida extrapolou a pontualidade. Quatro horas antes do horário do jogo, os torcedores já se aglomeravam do lado de fora do estádio. Tinha gente apaixonada pelo clube de todas as partes do Estado, da Capital ao Interior, e até de fora. Acompanhado da esposa, o comerciante Dinho Ferreira veio direto do Rio Branco (Acre), terra natal dele, para ver o time cearense.
"Tenho um grande carinho pelo povo de Fortaleza. E me vi torcendo pelo Fortaleza. Estou muito empolgado. Torcida em peso, todos de parabéns. De repente, o Fortaleza foi subindo de divisão e ganhando. Eu pensei: 'Quer saber de uma coisa, vou esquecer o Flamengo e vou pelo Fortaleza'", afirmou.
Depois de oito anos na Série C nacional, a torcida do Leão vê o clube viver novo ápice. O torcedor Leonardo Machado acompanhou de perto a fuga do time da Terceirona, em Juiz de Fora (MG), onde conquistou o acesso em 2017. Agora tem o privilégio de assistir in loco o Tricolor do Pici em plena Avellaneda, disputando a Sula.
"É um dilema que o Fortaleza vem dizendo nos últimos tempos: foi do inferno ao céu de forma muito rápida. O time entrou em outro patamar. Agora é o ápice. A Cidade, o Estado, estamos representando quase 2 milhões de torcedores que queriam estar aqui. É um sonho realizado", comentou Leonardo.
Independentemente do resultado, os torcedores do Fortaleza voltam para casa com sentimento de orgulho. A festa em Buenos Aires para presenciar um dia histórico vai ficar para sempre guardado na memória dos hinchas do Pici.