Era tensão regada a cerveja. O tal do Rojo, dono de sete Libertadores, se fazia grande. E, meio que repetindo a expressão que viralizou do presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, após o sorteio do jogo, o torcedor do Leão, antes da partida, sentia apertar o pescoço. Mas aí, o sinal da transmissão se estabilizou, o Fortaleza resistiu aos 15 minutos que se pintavam perigosos, Osvaldo cresceu, David fez os hermanos suarem e o primeiro tempo passou com o Leão no páreo. Era Independiente, era o intenso futebol argentino, mas não assustava mais. E o torcedor no bar Cantina 1918, no bairro Dinísio Torres, aqui em Fortaleza, ousou relaxar.
"Não é esse bicho papão todo, não", brincava o analista de suporte Felipe Amorim, 32. Para ele, naquele ponto, o Independiente ia mostrando que os problemas extracampo do Rey de Copas poderiam alavancar o Leão. Mas aí veio o segundo tempo e o gol de Fernández. A confiança da etapa inicial deu uma esmorecida, mas não se apagou. E a esperança ainda fagulhava a cada novo lance.
Sobrou emoção, faltou unha, e os cabelos poderiam rarear do tanto que iam sendo puxados a cada oportunidade perdida — e foram muitas. Para a estudante Isabela Nara, 14, as chances desestabilizadas foram gradualmente minando o time. "Mas, pelo menos, anima a gente, porque mostra que aqui, com a torcida, eles vão ter força de reagir", acredita.
É essa também a expectativa de Mikael Morais. O torcedor completou ontem 34 anos e queria de presente que o time conseguisse manter em aberto o jogo da volta. "A gente vai virar aqui, o Tricolor tá vivissímo". A impressão, compartilhada entre goles, é a de que, depois de descortinar o mistério do Rojo e agora com a força da torcida em casa, para o Lion parece mais possível.