Em quase 30 minutos de entrevista, a cara de durão deu lugar ao semblante sereno do mineiro de 48 anos, que gosta de papear, aprecia boa música (de preferência rock) e comanda o Ceará. O técnico Enderson Moreira conversou com O POVO, revelou um pouco sobre a vida fora dos gramados, os hobbies e, claro, falou de futebol.
O treinador fez balanço de seu primeiro mês de trabalho no Ceará em 2020, falou sobre o atacante Rafael Sobis, avaliou os centroavantes da equipe, comentou sobre o desejo de vencer a Copa do Nordeste e contou com quantos jogadores pretende trabalhar na Série A. Abaixo, você confere os principais trechos da entrevista.
O POVO - Qual balanço que você faz deste primeiro mês de trabalho?
Enderson Moreira - Tem muita coisa a ser melhorada. São dois caminhos. O primeiro é a gente ter resultado. Isso vai passar um pouco mais de credibilidade e tranquilidade. Ao mesmo tempo, você não pode deixar de trabalhar as suas ideias, aquilo que penso sobre futebol. Não tive nenhuma semana aberta em um mês. Fiz poucas intervenções. Mas a gente conseguiu avançar em algumas coisas importantes.
O POVO - O Ceará fez um bom investimento para 2020 com contratações de peso. O elenco é mais qualificado do que em 2019?
Enderson Moreira - Acho que temos mais alternativas. Precisamos fazer alguns ajustes. Não tenho pressa. Preciso de mais tempo para ter avaliação mais precisa. Acho que o Ceará vai chegar naturalmente ao final do Estadual com algumas saídas e algumas chegadas.
O POVO - Para ficar ainda mais redondo, quanto jogadores você precisa para fechar o elenco?
Enderson Moreira - Estou em processo de avaliação. Eu queria ter um grupo mais reduzido. Teria 25, 26 atletas. Na verdade, temos que ter um sub-23 bem qualificado para ter um grupo pequeno. Para quando tiver necessidade, nós buscarmos jogadores da base que de alguma forma se destacaram.
O POVO - Você teve alguma conversa especial com o Sobis para ele desencantar de vez?
Enderson Moreira - Eu conheço o Sobis há muito tempo. Nunca tínhamos trabalhado juntos, mas a gente brincava: "Um dia a gente tem que trabalhar junto". Ele é um jogador vitorioso, que sempre foi muito importante por onde passou e tem uma relação muito bacana com a competitividade. A gente tem conversado um pouquinho. Eu preciso respeitar as características dele. Não é atacante para ficar enfiado entre zagueiros. Ele é um jogador inteligente, que flutua bem, sai da área, faz gol, mas também cria situações de gol.
O POVO - Queria saber um pouco mais de como é o Enderson fora dos gramados.
Enderson Moreira - Eu tenho a cara fechada. Todo mundo acha que sou bravo demais. Geralmente sou um cara muito leve, divertido. Vida de treinador é muito solitária porque o treinador tem muito diálogo consigo. Minha família não veio pra cá porque tem a vida em Belo Horizonte. Minha esposa vem eventualmente. Tenho uma vida extremamente normal. Adoro música. Acabei de trazer um som de BH. Tenho ligação enorme com o rock nacional de 1980.
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Frustração
Enderson revelou frustração por passagem em 2019. "Fui muito bem recebido. Não vou esquecer jamais. Foi muito triste quando saí. Queria ter entregado resultados melhores, não só para os torcedores, mas para os funcionários, que torciam tanto para dar certo"