O Fortaleza se sagra mais uma vez campeão estadual. E nesta conquista de 2020 o homem da final foi Tinga. O lateral mostrou que tem estrela, fez gol nas duas partidas da final — incluindo o do título num lance em que a defesa alvinegra falhou de forma quase inacreditável. Parecia até que o destino queria que a bola parasse no pé dele.
Com o tento decisivo, ele chegou à relevante marca de 16 gols com a camisa tricolor — número alto para um lateral — além de cinco títulos. Pelo menos uma taça a cada ano em que atuou pelo clube.
A vitória, da forma como foi, só premiou a grande temporada que o camisa 2 do Leão vem vivendo. Se o momento de gols em sequência pode ser considerado fase, ainda não se pode cravar, mas que Tinga tem se tornado cada vez mais fundamental para o técnico Rogério Ceni, sim. Seja na lateral direita, no meio de campo ou no ataque, a vaga de grande herói das finais do Cearense 2020 foi preenchida.
O coro da torcida do Fortaleza, desde a final do Estadual de 2015, quando o título foi garantido — e o pentacampeonato do Ceará evitado — aos 47 do segundo tempo, é que é "impossível não lembrar" daquele gol de Cassiano. Não são todos que lembram e não é mencionado na letra, mas Tinga foi decisivo também ali, com assistência. O lateral-direito crava o nome de vez neste título de 2020. Um bicampeonato de um lateral predestinado.
Na primeira partida da final, vencida por 2 a 1 pelo Fortaleza, Tinga voltava de lesão e saiu do banco de reservas para ser o herói do jogo, com gol nos acréscimos e com direito a comemoração emocionada, aos gritos, passando na frente do banco de reservas do Ceará e do técnico Guto Ferreira. Foi um tempero a mais nesta decisão sempre tão cheia de emoções
O estilo de Tinga, de "colocar o coração na ponta das chuteiras", já é conhecido pelo torcedor tricolor e merece destaque. No intervalo, quando o time fazia um jogo com pouco brilho em que sofreu dois sustos de bolas na trave, cobrou maior intensidade dos companheiros. Ao fim, se rendeu em agradecimentos ao reconhecimento: "Sou muito grato ao Fortaleza, à torcida, aos jogadores, a tudo. A gente não parou por aqui, é só o começo"
Quando saiu aos 31 minutos para dar lugar a Marlon, o lateral-direito foi muito festejado no banco. Certamente também o foi pelos torcedores que acompanhavam pela TV ou rádio. Se fosse em outros tempos, sem pandemia, ouviria a aclamação dos torcedores emocionados em arquibancadas lotadas no Castelão.