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Clássico-Rei chega a sexta edição consecutiva sem torcida e acumulando prejuízos
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Clássico-Rei chega a sexta edição consecutiva sem torcida e acumulando prejuízos

Sem bilheterias, clubes deixaram de arrecadar R$ 400 mil por duelo entre ambos, mas as baixas vão além do público. Paralelamente, custo do jogo tem se elevado durante a temporada
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Castelão passou quase a temporada inteira sem receber público (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Castelão passou quase a temporada inteira sem receber público

Um dos assuntos mais comentados em semana de Clássico-Rei é a quantidade de público que vai comparecer ao Castelão. Pelo menos era assim antes da pandemia do novo coronavírus. Em 2020, porém, nos acostumamos a ver o maior produto esportivo cearense apenas pela TV, escutando os gritos de técnicos e jogadores ressoarem nas arquibancadas vazias.

O ritmo de venda dos bilhetes, que empolgava apostadores e inflamava as torcidas, está fora do aquecimento do duelo entre Fortaleza e Ceará pela sexta vez consecutiva, em sete partidas dos rivais na atual temporada. Apenas o primeiro jogo entre Leão e Vovô neste ano teve presença de público.

Válido pela segunda rodada da Copa do Nordeste, o Clássico-Rei do dia 1º de fevereiro teve 29.664 torcedores pagantes (pouco mais de R$ 30 mil, no total), o que gerou renda de bruta de R$ 400.603,00. Como mandante, o Tricolor ficou com toda a renda líquida, de R$ 118.318,03. O valor pode até ser considerado baixo pelos padrões do duelo, mas quase metade do público foi de sócios-torcedores, que entram no boletim financeiro a R$ 1.

De lá para cá, no entanto, o rentável Clássico-Rei passou a representar prejuízo. As despesas dos últimos três ficaram entre R$ 60 mil e R$ 70, enquanto a arrecadação foi zero. Na partida válida pela segunda fase do Estadual, entretanto, o custo ficou na casa dos R$ 34 mil e na semifinal da Copa do Nordeste, que teve o menor prejuízo do dérbi cearense em 2020, menos de R$ 30 mil, pago pela Liga do Nordeste.

Para o jogo de domingo, às 20h30min, no Castelão, a tendência é que o valor se assemelhe aos clássicos mais recentes. O prejuízo pode até não parecer tão alto para os padrões de Ceará e Fortaleza, mas os clubes pensam mesmo é no que deixam de arrecadar em uma partida desse porte.

“Em um jogo como esse, o clube tira R$ 400 mil, no mínimo, mas (com a falta de público), está tendo é despesa de R$ 70 mil. E isso não é pior porque tem a anistia do Governo (do aluguel do Castelão, que é de R$ 20 mil)”, disse Tahim Fontenele, responsável pela organização dos jogos do Tricolor.

O valor mencionado por Tahim foi justamente a arrecadação líquida do Fortaleza no jogo da 32ª rodada da Série A de 2019. De um bruto superior a R$ 900 mil, o Leão ficou com R$ 402,725,19.

Bilheteria é apenas uma maneira de arrecadar. O diretor financeiro do Ceará, João Paulo Silva, detalha que além dos cerca de R$ 500 mil que o clube faturaria como mandante em um jogo desse porte no Campeonato Brasileiro, deixa de ganhar também em outros pontos.

“Além da bilheteria, o clube deixa de arrecadar com alimentação e bares, cerca de R$ 60 mil por jogo, venda de camarotes, que fica em torno de 50 mil por jogo, e estacionamento, que dá 40 mil por jogo”, disse. Quanto ao custo da partida, o dirigente alvinegro diz que é o mesmo em qualquer partida sem a torcida, por ter a mesma logística.

Com público, a estrutura é drasticamente diferente, mas compensa. Até mesmo no Campeonato Cearense, em que a renda é dividida, chegaria a sobrar líquido em um Clássico-Rei, entre R$ 200 e R$ 250 mil para cada time, segundo João Paulo.

Assim como foi nas últimas seis partidas, domingo a operação da partida entre Fortaleza e Ceará será com o mínimo de pessoas. O protocolo da CBF limita a 300 pessoas ao todo. “São 50 pessoas entre atletas e comissão técnica para cada time, mas o mandante tem direito a mais 30 pessoas, que são as que participam da logística de realização do evento. O quadro de operação, que inclui os profissionais do Castelão, chega a 42 pessoas (há interseção com os 30 a mais do mandante) e o restante é imprensa, arbitragem, quadro móvel de campo e ambulância”, detalha Tahim Fontenele.

O marcante “esquema de segurança” do Clássico-Rei ficou para trás. Ao invés de 700 policiais militares, como antes da pandemia, domingo haverá 20 do lado de fora e 25 do lado de dentro, com mais alguns seguranças particulares.

Boletim Financeiro - Clássicos-Rei de 2020

Fortaleza 1x0 Ceará - Final do Estadual / Jogo 2
R$ 61.615,01 de prejuízo (todo do Fortaleza)

Ceará 1x2 Fortaleza - Final do Estadual / Jogo 1
R$ 62.589,38 de prejuízo (todo do Ceará)

Ceará 1x0 Fortaleza - 7ª rodada da Série A do Brasileiro
R$ 70.507,23 de prejuízo (todo do Ceará)

Ceará 1x2 Fortaleza - segunda fase do Estadual / rodada 6
R$ 34.708,03 de prejuízo (todo do Ceará)

Fortaleza 0x1 Fortaleza - Copa do Nordeste / semifinal
R$ 29.982,10 de prejuízo (todo da Liga do Nordeste)

Fortaleza 1x1 Ceará - Copa do Nordeste / 1ª Fase
R$ 400.603,00 renda bruta
Líquido: R$ 118.318,03 (Fortaleza)

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