A renovação de Vina com o Ceará até o fim de 2024 agitou o mercado da bola. Principal destaque do Alvinegro na temporada passada, o meia-atacante chamou a atenção do futebol brasileiro, ganhou vaga na seleção da Série A e foi especulado em clubes do eixo RJ-SP, mas preferiu ficar em Porangabuçu. Em entrevista exclusiva, o presidente do Vovô, Robinson de Castro, conta os bastidores da negociação que garantiu a permanência do camisa 29 e colocou a agremiação em "novo patamar" no cenário nacional.
+ Como "Maluco Beleza", de Raul Seixas, inspirou o Ceará até o título da Copa do Nordeste
Aos 28 anos, o jogador paranaense desembarcou em Porangabuçu para iniciar a vitoriosa parceria, que resultaria no bicampeonato invicto da Copa do Nordeste, o vice no Cearense, a campanha às quartas de final da Copa do Brasil e na classificação para a Sul-Americana após terminar a Série A em 11º. A chegada do então "Vinícius Goes", que jogara em 2019 pelo Atlético-MG, foi tratada com desconfiança por temporadas passadas de oscilação.
Mas no Ceará, ele virou Vina e desencantou. Viveu a melhor temporada da carreira em 2020 e terminou o ano como artilheiro, com 23 gols, e líder de assistências, com 19.
Com destaque no cenário nacional, a renovação com o Vovô chegou a ser tratada como improvável diante de interesse do Corinthians-SP. Entretanto, o desejo do meia-atacante era permanecer onde brilhou. Organizado financeiramente, o Ceará deu todas as condições para manter o seu principal jogador.
"Com ele nunca foi difícil. Ele sempre quis ficar. A gente tinha que fazer o negócio da permanência dele, dar as condições que o mercado daria a ele. E aí envolve os agentes. Foi difícil para você viabilizar esse investimento e chegar a uma engenharia financeira com tempo, valores, prêmios e etc, essas coisas que fazem parte do contrato", afirma Robinson.
"A gente demora por conta disso. Vi o pessoal noticiando que o Vina fechou com o Corinthians. 'Ah, o Vina vai se apresentar no Corinthians'. Em nenhum momento isso aconteceu. Depois, falaram que o Vina já tinha fechado com o Ceará, mas não tinha acontecido ainda", completa.
O Ceará surpreendeu com a renovação do meia-atacante, considerado um dos atletas de maior destaque na temporada do futebol brasileiro junto a nomes como Marinho e Claudinho. Para Robinson, a manutenção de Vina mostrou a força do clube.
"Ele não queria vir (em 2020), hoje não quer mais ir (embora). Mudou o patamar do clube, essa renovação mexeu com o mercado", diz o presidente.
Quando o Alvinegro foi buscar Vina para integrar o elenco em 2020, os dirigentes precisaram fazer esforço para convencê-lo. Segundo Robinson, apesar das oscilações, a diretoria sabia que se tratava de um atleta decisivo e que valeria a pena o investimento.
"Ele deu trabalho para vir. É um jogador que tem um espírito diferente, personalidade, fominha. Ele quer jogar, ser o cara, o protagonista. Ele tinha que deixar de querer e ser o cara. Acho que a gente viabilizou ele ser."
O clube fez contatos com outros profissionais para colher informações sobre Vina antes de realizar a investida. "Pegamos informações com o Mancini (técnico do Corinthians) e com o Anderson Batatais (auxiliar-técnico de Mancini). 'Esse cara é fera', me falaram."
Entre os prêmios individuais, Vina foi artilheiro do Nordestão, com cinco gols, e líder de assistências, com quatro, e eleito o melhor jogador da competição. Na Série A, se tornou o maior artilheiro do clube na era dos pontos corridos, com 13 tentos. Foi ainda o maior "garçom" do Brasileirão junto com Arrascaeta e Keno.