Na madrugada do último domingo, 7, Amanda Nunes mais uma vez mostrou o motivo de ser considerada a maior lutadora da história das artes marciais mistas (MMA) feminino. Em apenas dois minutos e três segundos, a brasileira encaixou um triângulo reverso na australiana Megan Anderson e obrigou a oponente a desistir do combate após a finalização. Assim, a baiana de Pojuca manteve seu cinturão de campeã da categoria peso-pena (até 66 kg) do UFC. Ela, que também é campeã entre as peso-galo (até 61 kg) do maior evento do esporte, acumula feitos na carreira que a colocam entre os maiores nomes da história, independentemente do gênero.
Ela é a única lutadora, dentre homens e mulheres, a defender, simultaneamente e com sucesso, dois cinturões do UFC. Ela possui retrospecto atual de 12 vitórias consecutivas no evento, uma a menos que o nigeriano Kamaru Usman, que, com 13, tem a maior sequência atual. A “Leoa” não sabe o que é uma derrota desde setembro de 2014, quando perdeu por nocaute técnico para a norte-americana Cat Zingano.
Vale ressaltar que o recorde de vitórias consecutivas do UFC pertence ao brasileiro Anderson Silva, com 16 triunfos em sequência, entre 2006 e 2013. Nunes é ainda a quinta com mais defesas de título bem sucedidas, com nove (três no peso-pena e seis no peso-galo). Jon Jones, com 14, é o recordista.
O cartel de Amanda, que atualmente está com 32 anos, no UFC é de 14 vitórias e apenas uma derrota. O aproveitamento dela é de 93,3%. Na carreira inteira, somando lutas em outros eventos, o histórico dela consiste em 21 triunfos e quatro reveses. Dessas vitórias, 13 foram por nocaute, 4 por finalização e 4 por decisão dos juízes.
O percentual de vitórias da brasileira se compara ao dos maiores campeões da história do UFC, apesar da carreira dela não dar qualquer indicativo de desgaste. Jon Jones (91,3% de vitórias), Georges St-Pierre (91,3%), Demetrious Johnson (83%) e Anderson Silva (70%) são poucos a terem uma trajetória comparável.
O primeiro cinturão da Leoa, o do peso-galo, veio em julho de 2016, quando ela finalizou com facilidade Miesha Tate, com um mata-leão, ainda no primeiro round, com três minutos e 16 segundos. Depois disso, ela chocou o mundo ao "atropelar" Ronda Rousey, até então o maior nome do MMA feminino, com nocaute em menos de um minuto.
Já o cinturão das peso-pena veio pouco mais de dois anos depois, em dezembro de 2018, após outro nocaute avassalador, aos 51 segundos do primeiro round, sobre a também brasileira Cris Cyborg — que ostentava sequência de 20 lutas sem derrota e tinha fama de "invencível". A Leoa herdou a cotação.
Ao todo, sete atletas conseguiram ser campeões em mais de uma categoria do UFC (Henry Cejudo, Randy Couture, BJ Penn, Georges St-Pierre, Conor McGregor, Daniel Cormier e Amanda Nunes). O clube fica ainda mais seleto quando restrito àqueles que ostentaram dois cinturões de forma simultânea: Penn, McGregor, Cormier e Nunes. Só um lutador, em toda a história, foi bem sucedida ao defender os dois títulos paralelamente. Amanda Nunes.
Para um futuro próximo, é provável que a Leoa volte a defender o título do peso-galo. Julianna Peña, sexta colocada no ranking desta categoria, é a favorita a ser desafiante pelo cinturão. O presidente do UFC, Dana White, se mostrou empolgado com o desempenho de Amanda. “Ela é incrível. Ela fez parecer fácil uma luta contra uma adversária bem dura. Ela é uma das pessoas mais legais do mundo e vamos conversar sobre ela voltar logo e defender o título do peso galo. Julianna Peña mandou mensagens para todos nós esta noite. Nós poderíamos fazer isso”, disse o gestor após a luta.
Joe Rogan, apresentador responsável por entrevistar os atletas do UFC após os combates, foi enfático ao avaliar o domínio de Amanda no evento. "É a maior da história! O problema é que não tem mais ninguém para enfrentar você!", ressaltou.
"Não sei, Joe, se existe alguém que ganhe de mim. Mas não é minha culpa (risos). Sei que tem várias meninas aí que querem essa oportunidade, estou só esperando", respondeu a líder do ranking peso-por-peso feminino do UFC. “Fico mais forte e melhor sempre. Uma leoa é sempre perigosa, mas quando ela tem uma filha, fica ainda mais perigosa. Eu vou me aposentar invicta e com os dois cinturões na minha cintura", homenageou Amanda.
A campeã se referia a Reagan Ann Nunes, filha dela com a esposa, a também lutadora Nina Ansaroff. A leoazinha atualmente tem cinco meses de vida e apareceu ao lado de Amanda no octógono após o triunfo mais recente dela no MMA.