Em tempos de pandemia, as receitas de patrocínios e direitos de transmissão de televisão ajudam a aliviar as finanças dos clubes. Em novo patamar no mercado da bola, o Fortaleza conseguiu ainda outro trunfo em 2021: a negociação de direitos econômicos de jogadores. Com mais de R$ 3 milhões arrecadados no ano, o objetivo é ultrapassar a meta orçamentária para reforçar os cofres.
"Esse novo status de mercado se deve, primeiro, a um setor de inteligência que tem no clube, que observa jogadores que estão em ascensão e o clube faz a aquisição. Se deve também à coragem do clube de investir nesses jovens valores e há uma condição financeira que foi criada a partir da presença em Série A", explica o presidente do clube, Marcelo Paz, ao O POVO.
A primeira transação ocorreu em janeiro, em meio à reta final da Série A de 2020: o atacante Yuri César foi vendido pelo Flamengo-RJ para o Shabab Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos. O Tricolor teve direito a 5% do valor total em razão da taxa de vitrine pelo empréstimo e ganhou R$ 1.150.000, de acordo com comunicado oficial.
Ainda no primeiro mês deste ano, uma transferência no outro lado do globo terrestre beneficiou o Leão. No futebol japonês, o atacante Júnior Santos, que passou pelo Pici em 2019, foi vendido pelo Kashiwa Reysol para o Sanfrecce Hiroshima. A movimentação renderá 300 mil dólares (cerca de R$ 1,7 milhão na cotação atual) para o Tricolor, montante previsto a ser pago neste mês de abril.
Ainda houve a saída de Bergson, emprestado para o Johor, da Malásia, por 100 mil dólares (R$ 560 mil na cotação atual). A equipe asiática poderá exercer a opção de compra ao final do empréstimo de quatro meses por 400 mil dólares (R$ 2,2 milhões) — e o centroavante é artilheiro no Campeonato Malaio. Somadas, as três negociações geraram receita de R$ 3,3 milhões.
"Hoje, os grandes clubes do futebol mundial sempre contam com vendas, negociação de atletas e direitos econômicos dentro do orçamento. Isso não é acaso, não é algo que pode ser de vez em quando, é algo que tem que acontecer todos os anos. Para isso é preciso investir. Não vende quem não investe em venda, quem não tem ativos para poderem ser negociados. Primeiro vem o investimento, desenvolvimento e depois a possível venda e o retorno financeiro", lembrou o mandatário do clube.
O orçamento do Fortaleza para 2021 prevê arrecadação de R$ 7,5 milhões em vendas de direitos econômicos, mas o valor — já histórico para a agremiação — ainda pode ser superado. Além da possibilidade de venda de Bergson, que soma seis gols em cinco jogos pelo Johor, o meia Edinho vive boa fase no Daejeon Hana Citizen, da Coreia do Sul, e pode gerar mais R$ 2,2 milhões para o clube do Pici por 20% dos direitos econômicos.
Há, ainda, a perspectiva de uma transação realizada diretamente pelo próprio Leão envolvendo cifras maiores. O atacante Romarinho recebeu proposta de 1,5 milhão de dólares (cerca de R$ 8,5 milhões) do Yokohama Marinos, do Japão, mas o fechamento da janela de transferências internacionais no país asiático e a maior rigidez para liberação de visto de trabalho em meio à pandemia de Covid-19 travaram a venda.
"A previsão de R$ 7,5 milhões será mantida, e a gente espera até superar. É possível que seja superada se tiver mais uma grande venda, como a do Romarinho, que esteve muito perto de ocorrer e não ocorreu por uma questão de visto de trabalho e fechamento de janela. Se ela ocorrer mais na frente ou uma outra venda, será superada essa meta", disse Marcelo Paz.
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