O afastamento de Rogério Caboclo, denunciado por assédio moral e sexual, da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), é mais um capítulo problemático envolvendo presidentes da entidade máxima do futebol brasileiro. Os últimos três comandantes eleitos da entidade foram banidos do futebol: Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero.
Caboclo foi afastado da presidência por 30 dias, em decisão tomada pela Comissão de Ética da CBF. Caso não volte ao poder, o dirigente será o terceiro entre os últimos quatro presidentes da Confederação a não conseguir concluir o mandato. Apenas José Maria Marin ficou todo o período na presidência. Entretanto, foi preso e banido do futebol posteriormente.
Um dos nomes mais emblemáticos do futebol nacional, Ricardo Teixeira presidiu a entidade de 1989 até 2012, quando renunciou ao cargo. O dirigente participou de um período da seleção brasileira campeã do mundo em 1994 e 2002. Enfrentando problemas de saúde, investigações de irregularidades e superfaturamentos, o dirigente sempre negou as denúncias, mas tomou a decisão de deixar o posto que ocupou por 23 anos. Em 2019, a Fifa constatou o recebimento de propinas, e Teixeira está banido do futebol. Ele subiu ao poder ciceroneado pelo todo-poderoso João Havelange, ex-presidente da CBD e da Fifa e que também figura nesta lista.
Com a renúncia do antecessor, José Maria Marin assumiu o comando interinamente, sendo efetivado em março de 2012. O dirigente ficou no cargo até o fim de 2014, terminando o mandato. Após deixar a CBF, foi preso junto a outros seis dirigentes em operação coordenada pela polícia federal dos EUA, o FBI, e autoridades locais da Suíça, em maio de 2015. Dois anos depois, o ex-presidente foi considerado culpado pelas acusações de fraudes e lavagem de dinheiro. A pena acabou reduzida e ganhou liberdade em 2020, por riscos à saúde em razão da pandemia de Covid-19.
Em maio de 2015, Marco Polo Del Nero assumiu a presidência, mas a Fifa o afastou no fim de 2017 — por denúncias de corrupção da justiça norte-americana. No ano seguinte, o dirigente foi banido do futebol, após o Comitê de Ética da entidade máxima do futebol mundial comitê considerá-lo culpado de suborno, corrupção e outras infrações. Com a crise de comando atual da CBF, chegou a se reaproximar do poder, apesar do veto da Fifa.
Com a saída de Del Nero, Coronel Nunes — atual presidente em exercício — assumiu provisoriamente entre 2017 a 2019, até a eleição vencida por Rogério Caboclo. Ele chegou ao cargo nos dois momentos por ser o vice-presidente mais velho.
Além dos quatro ex-presidentes da CBF, um ex-presidente da CBD também figura na lista. O influente João Havelange presidiu a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) de 1958 até 1975. Durante seu mandato, o Brasil foi tricampeão mundial: 1958, 1962 e 1970. Em 1974, tornou-se presidente da Fifa, sucedendo o britânico Stanley Rous. Com isso, o brasileiro foi o primeiro comandante não europeu da entidade. Havelange deixou o cargo em 1998. Já em 2010, o dirigente e seu genro, Ricardo Teixeira, foram acusados de corrupção, sendo considerado culpado posteriormente pela Justiça da Suíça.