O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira, 10, para permitir a realização da Copa América no Brasil. Os ministros Ricardo Lewandowski, Carmen Lúcia, Marco Aurélio Mello, Edson Fachin, Gilmar Mendes e Dias Toffoli votaram contra pedidos para vetar a competição marcada para começar no próximo domingo, em Brasília, com a partida entre a seleção brasileira e a Venezuela.
O debate se dá agora em torno da necessidade ou não de apresentação de um plano ao STF, a ser elaborado pelo Governo Federal, com medidas preventivas para evitar a disseminação do coronavírus durante o evento. A proposta partiu de Lewandowski e foi subscrita por Fachin.
"O Governo Federal tem a obrigação de tornar públicas, com a celeridade que as circunstâncias exigem, considerada, especialmente, a proximidade do início dos jogos da Copa América 2021, as providências que adotou, ou que pretende adotar, para garantir a segurança da população durante o evento e, de modo particular, a dos torcedores, jogadores, técnicos, integrantes das comitivas e profissionais de imprensa que ingressarão no País", diz um trecho do voto de Lewandowski, que é relator de um dos pedidos para vetar o torneio.
O tribunal analisa, ao mesmo tempo, três processos movidos por PT, PSB e Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos contra a realização da competição. Os julgamentos simultâneos estão sendo feitos no plenário virtual — plataforma que permite aos ministros analisarem os processos e incluírem os votos no sistema sem a necessidade de reunião presencial ou por videoconferência.
O requerimento do PT foi enviado a Lewandowski na forma de adendo dentro da ação que obrigou o Governo Federal a apresentar um plano nacional de imunização contra o coronavírus. Já as ações do PSB e da Confederação Nacional de Trabalhadores Metalúrgicos acabaram sendo distribuídas ao gabinete da ministra Cármen Lúcia, que solicitou a sessão virtual extraordinária para discutir o caso.
Os seis ministros defenderam negar o pedido da associação de classe por questões processuais. Já sobre a ação enviada pelo PSB, a maioria considerou que a decisão sobre a realização do evento cabe aos gestores públicos estaduais e municipais que vão sediar os jogos. Apesar do sinal verde, Cármen Lúcia observou que eles podem ser responsabilizados caso coloquem em risco a saúde da população.
"A promoção de eventos que convidam ou possibilitam a aglomeração, restritos às opções políticas e à condução administrativa de competência do Poder Executivo, é ainda mais gravosa em ambiente de colapso do Sistema Único de Saúde, castigado pela carência de recursos no atendimento hospitalar da fração de pessoas internadas ou à espera de leitos de tratamento intensivo, sem os quais a mortalidade é significativamente maior e terrivelmente sofrida", escreveu.
Como adiantou o jornal O Estado de S. Paulo, a maior parte dos ministros não vê problemas na realização da competição, uma vez que os jogadores serão submetidos a testes para diagnosticar infecção por Covid-19 e a disputa não terá público.
Apesar de ser sede, a realização da Copa América sofreu resistência dos próprios jogadores da seleção. Eles lançaram manifesto, no qual criticam a competição e a Conmebol, ainda que reiterem que não desistiriam de vestir a "Amarelinha". Paralelamente, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vive crise após o presidente Rogério Caboclo ser acusado de assediar sexual e moralmente funcionária da entidade. Ele está afastado preventivamente.
"É muito sério", afirma Pia Sundhage sobre escândalo de assédio sexual na CBF
A técnica da seleção brasileira feminina, a sueca Pia Sundhage, classificou como "muito sério" a denúncia de assédio sexual e moral envolvendo o presidente da CBF Rogério Caboclo. Uma funcionária da entidade protocolou uma denúncia na última sexta-feira, 4, o que motivou o afastamento do dirigente por 30 dias pelo Conselho de Ética da entidade.
"É muito sério. Eu gostaria de poder explicar isso em sueco, já que inglês não é a minha língua materna, e nesse caso as palavras são muito importantes. Você pode ter sua opinião pessoal, conversamos com as atletas, informamos as atletas, todas têm opinião. E cada uma de nós tem que ter responsabilidade sobre as suas respostas", afirmou a treinadora. As declarações foram dadas em entrevista em San Pedro del Pinar, na Espanha, na véspera do amistoso da seleção contra a Rússia, que será realizado em Cartagena hoje.
Esta foi a primeira entrevista organizada pela CBF nesta semana de preparação para os amistosos. Apenas a técnica participou. As jogadoras da seleção brasileira não se pronunciaram publicamente sobre o caso desde o início dos treinos na Espanha, na terça-feira. A treinadora também mostrou preocupação com a influência do episódio na preparação para a Olimpíada.
"Estamos nos aproximando das Olimpíadas. Fomos um pouco abarrotadas por toda essa situação, e acho que é importante voltarmos o foco para o campo", afirmou a treinadora. Na próxima segunda-feira, a equipe brasileira joga contra o Canadá, também em Cartagena. Esta é a última Data Fifa antes da disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio.