Busca por reforços no mercado, valores de vendas milionárias de Saulo Mineiro e Charles, desafios financeiros na pandemia e prejuízos no orçamento por eliminações. De forma transparente, o presidente do Ceará, Robinson de Castro, comentou sobre esses e outros assuntos em pouco mais de uma hora de coletiva realizada ontem, em Porangabuçu. O POVO traz os principais temas abordados pelo dirigente.
O clube alvinegro movimentará quase R$ 10 milhões no caixa, em 2021, com as transações recentes de Saulo e Charles para clubes do exterior. A quantia será importante dentro do planejamento orçamentário da agremiação, que estipulou inicialmente para a temporada somar R$ 25 milhões com venda de atletas.
"Não vamos atingir jamais porque até o mercado internacional está em crise e não vai pagar os preços que se pagava antes. Têm muitos clubes que querem vender atletas para fechar suas contas e não estão conseguindo", pontuou o dirigente do Vovô.
Sem revelar para qual clube Saulo se transferirá por questões burocráticas pendentes, Robinson confirmou que a venda foi finalizada por 1,5 milhão de dólares (cerca de R$ 7,89 milhões na cotação atual). O valor será pago para a aquisição total dos direitos econômicos pertencentes a Ceará (90%) e Volta Redonda (10%). Desta forma, o Alvinegro embolsará aproximadamente R$ 7,1 milhões.
O dirigente confirmou ainda que Charles foi vendido por 900 mil euros ao Midtjylland, da Dinamarca. Com direito a 50% do valor da venda — a outra metade pertence ao Internacional-RS —, o Ceará recebeu cerca de R$ 2,7 milhões. Mais 600 mil euros serão pagos pelo Midtjylland no primeiro semestre do próximo ano. O Alvinegro permanece com 15% dos direitos econômicos do volante.
"Mudou a forma como o mercado internacional vê o Ceará. Antes, a gente tinha dificuldade de entrar. O Ceará se globalizou. Há três anos, não conseguíamos vender para fora. Hoje, nos inserimos nesse mercado. Isso é muito importante para o clube", afirmou Robinson, que ressaltou ainda a movimentação de cerca de R$ 13 milhões com a venda de quatro atletas em 2021 — além de Saulo e Charles, Tiago Pagnussat e Mateus Gonçalves para clubes de Japão e Paraguai, respectivamente.
Sobre o momento de dificuldade em meio à pandemia, o dirigente alvinegro explicou que são necessárias medidas duras para manter a saúde financeira do clube. Entre as ações importantes para o fluxo de caixa está a venda de atletas. "As despesas vão se manter. Não tem como reduzir muito. É procurar ter criatividade e inteligência para buscar soluções. Estamos em um ano de desafio. Vocês vão ver muitos clubes quebrando. Isso não vai nos alcançar. É papel do gestor fazer isso. Eu tenho que proteger o clube."
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Atento ao mercado, Robinson disse que o Ceará vai buscar até três contratações pontuais para a sequência da Série A. Por precaução, para evitar concorrência, ele evitou falar os nomes e as posições buscadas. O presidente adiantou ainda que clube trabalha para assinar novos vínculos com jogadores importantes como Luiz Otávio e Richard e que Bruno Pacheco já possui renovação automática prevista em acordo contratual.
O dirigente admitiu também que houve impacto nas receitas provocadas por tropeços na temporada, como as eliminações na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana e a perda do título da Copa do Nordeste. "Acredito que em torno de 25% a 30%. Estamos tentando equalizar o orçamento para nossos contas fecharam com êxito."