Era 4 de julho de 1993 em Gayaquil, no Equador, quando a Argentina venceu o México por 2 a 1, com gols de Gabriel Batistuta, e levantou a 12ª taça da Copa América. Lionel Andrés Messi Cuccittini, para muitos o maior jogador argentino da história, para outros o segundo melhor, para praticamente todos um dos três melhores, recém completara 6 anos.
De lá para cá veio um bicampeonato olímpico (sub-23) e só sobraram finais para o elenco principal — inclusive uma de Copa do Mundo, em 2014. No Maracanã, naquela decisão, a Alemanha venceu por 1 a 0 na prorrogação. Desta vez o mesmo palco lavou a alma do craque de uma geração. Num estádio com público parcial, em uma competição que provavelmente nem deveria ter ocorrido em decorrência da ainda descontrolada pandemia de Covid-19, uma justiça histórica foi feita. Pior para o Brasil.
A Argentina derrotou o Brasil por 1 a 0, com gol de Dí María, e levantou a primeira taça desde 4 de julho de 1993. Messi é campeão com a camisa azul e branca, em vez da blaugrana, do Barcelona, com que tantas glórias comemorou. Pela primeira vez na história da Copa América, a seleção brasileira não foi campeã em casa.
Messi não foi protagonista desta vez, ao contrário do que fez em todo o resto da competição — da qual sai artilheiro e líder em assistências. Podia ter sido vilão caso o Brasil empatasse, por ter se atrapalhado na cara do gol, diante de Ederson, em lance em que podia ter feito o 2 a 0. O gol não foi necessário, graças à disciplina tática de De Paul, Montiel, Paredes.
A partida teve um primeiro tempo equilibrado, de poucas chances em que a Argentina aproveitou a melhor delas. E um segundo de domínio brasileiro, contragolpes perigosos e placar inalterado.
O gol saiu aos 22 minutos. Em falha de Renan Lodi, Di María recebeu bela enfiada de bola de De Paul e encobriu a saída de Éderson para marcar um golaço. O Brasil pouco pressionou no restante da etapa.
Na segunda, a pressão foi total nos primeiros minutos e Richarlison chegou a empatar em bela trama de ataque. O assistente anulou o gol por impedimento, decisão ratificada pelo VAR.
Tite tentou dar novo ritmo ao time. Pôs Vinícius Jr., Gabigol, Emerson. As chances vinham, a Argentina cadenciava o jogo de forma tanto quanto violenta, e chegava até a ameaçar mais no talento de Di María e Messi.
O Brasil era o atual campeão do torneio, tendo vencido mesmo sem Neymar a edição passada, também em casa. Desta vez o camisa 10 estava em campo, motivado para ficar com a taça.
Entre 2013 e 2017, o brasileiro foi companheiro do camisa 10 argentino. Eram dois terços de um dos maiores ataques da história do futebol. O protagonista daquele Barcelona, porém, nunca foi outro.
Ele vestia a 10. Ele ainda a veste. E, ontem, naquele que é provavelmente o maior templo do futebol, naquele que é possivelmente o maior clássico do esporte, ele levantou a taça com uma camisa que não a azul-grená.
No dia 25 de novembro de 2020, o mundo — e, em especial, a Argentina — perdeu Maradona. Muito embora não estivesse em forma ou no time, ele ainda era atleta profissional naquele 4 de julho de 1993. Ou seja, o elenco principal argentino não era campeão desde que Don Diego se aposentou. Onde quer que ele esteja, ele festeja o título de Messi.