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Clubes pressionam para CBF suspender rodada do Brasileirão por causa do Flamengo
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Clubes pressionam para CBF suspender rodada do Brasileirão por causa do Flamengo

Demais clubes da elite nacional se opõe ao time carioca, que, após decisão liminar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), está liberado para receber público em jogos
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Jogo entre Flamengo e Grêmio, pela Copa do Brasil, levou público ao Maracanã (Foto: Marcelo Cortes / Flamengo)
Foto: Marcelo Cortes / Flamengo Jogo entre Flamengo e Grêmio, pela Copa do Brasil, levou público ao Maracanã

A briga dos 19 clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro com o Flamengo-RJ ainda não acabou. Há uma possibilidade de haver outros capítulos sobre a presença de torcida nos estádios que podem paralisar a competição. A chance é remota, mas existe. E não é uma decisão simples. Ela precisa estar alinhada com patrocinadores, TVs e, principalmente, Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Há indicações de que a entidade estaria de braços dados com os clubes reclamantes desta vez e em pé de guerra com o time carioca, que abraçou uma liminar para conseguir o direito de vender ingressos para suas partidas — o primeiro foi ontem contra o Grêmio, na Copa do Brasil. São três jogos seguidos, um deles ainda pela Copa Libertadores e outro pelo Campeonato Brasileiro.

Em reunião na sede da CBF para discutir o assunto semana passada, somente o Flamengo não mandou representante. Na ocasião, ficou decidido que os times da Série A não abririam os portões de seus estádios nesse momento da pandemia. Todos eles acordaram de esperar o avanço da vacinação contra a Covid-19 pelo menos por mais 30 dias, quando o assunto será novamente tratado. De posse de uma liminar, o rubro-negro carioca não vai seguir a regra e terá torcida, por exemplo, no jogo desta quarta no Maracanã pela Copa do Brasil.

"Desde que as autoridades públicas permitiram o retorno do futebol sem público (sic), o Flamengo sustenta, de forma clara e inequívoca, que não cabe à CBF ou aos clubes deliberar acerca da existência ou não de público nos estádios, por não se tratar de matéria de sua competência desportiva", informou o Flamengo.

Os demais clubes ensaiam parar o Campeonato Brasileiro se isso acontecer nas partidas da competição nacional. Há dois caminhos. O primeiro, e mais radical, é forçar a CBF a desmarcar a rodada se isso acontecer. O segundo é jogar para frente apenas as partidas de quem quer vender ingresso agora, no caso, o Flamengo. Por enquanto apenas o time carioca assumiu essa postura deliberadamente. Há outros times que vão se valer do torcedor em torneios da Libertadores, mas estes pretendem respeitar a decisão em bloco de estádios vazios no Brasileirão, caso, por exemplo, do Atlético-MG.

A Prefeitura de Belo Horizonte decidiu pela liberação de até 30% da capacidade do Mineirão após evento-teste desastroso. Os clubes do Rio Grande do Sul também estão na iminência de abrir seus portões, mas ainda não o fizeram. Estão com os 19.

O assunto da liberação do torcedor está na pauta da CBF e das secretarias estaduais de saúde, assim como dos governadores de Estados. O tema será tratado novamente em outubro. Em São Paulo, ficou estipulado pelo governador João Doria que as arenas terão a volta do torcedor em novembro, mesmo mês da realização do GP de São Paulo de Fórmula 1, cujos ingressos já estão sendo vendidos. Os clubes paulistas tendem a seguir a orientação respeitando os perigos da contaminação da doença.

Ocorre que há um problema nisso que desrespeita as orientações de isolamento da pandemia. Trata-se das aglomerações nas imediações das praças esportivas. No jogo desta terça na Vila Belmiro, do Santos contra o Athletico-PR, não havia torcedor dentro do estádio, mas todos eles estavam nas ruas, em frente ao portão principal e nos bares das imediações.

A CBF tem, em sua mesa, um pedido para desmarcar a rodada. O Flamengo enfrenta o Grêmio no fim de semana, domingo, às 20h30min. Há mais nove jogos. As bravatas desse tipo no futebol, no entanto, nunca dão em nada. A CBF jamais tomou decisões desse tipo, nem perto disso. O calendário não comporta mais datas. Se desmarcar, terá problemas para remarcar.

O problema, por enquanto, diz respeito somente ao Flamengo, de modo que Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) não teve forças para impedir que um time do Rio de Janeiro nadasse contra a corrente. A CBF vai aceitar, principalmente também pela falta de comando desde o afastamento do presidente Rogério Caboclo pela denúncia de assédio moral e sexual.

O presidente do STJD, Otávio Noronha, deferiu o pedido de intervenção dos clubes para atuarem como terceiros interessados na Medida Inominada do Flamengo, mas negou reconsideração para revogar a liminar que liberou a presença de público nos jogos do clube carioca em competições nacionais. A decisão foi tomada na noite desta terça. Isso só prova que o Rubro-Negro é forte dentro de campo e também nos bastidores.

Neste momento da discussão, a briga já nem diz tanto respeito à pandemia, aos perigos de contaminação com a Covid-19 dentro dos estádios e possível morte de pacientes, mas sim ao fato de um time de futebol ter mais regalias do que outros na mesma competição — como a presença de sua torcida na arquibancada. A CBF tem até sexta-feira para se manifestar, mas poucos acreditam que não haverá futebol no Brasil no fim de semana.

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