Dos muitos clichês do futebol, “cada jogo tem sua história” é um dos mais reproduzidos e, mesmo que a máxima seja verdadeira, também é possível depreender determinadas situações de uma equipe observando uma sequência de partidas.
Do jejum de vitórias do Fortaleza na Série A do Campeonato Brasileiro, que já dura seis jogos, por exemplo, é possível notar um problema no ataque. Nas últimas seis rodadas, o Leão só marcou quatro gols e passou em branco três vezes — inclusive nos últimos dois jogos que fez, as derrotas para Atlético-MG e Internacional-RS.
Não se deve tirar conclusões precipitadas, no entanto. O problema do Fortaleza não tem sido criação. Nesses seis jogos em que não conseguiu vencer — contra Santos-SP, Juventude-RS, Cuiabá-MT, Bahia, Galo e Colorado —, o Tricolor finalizou entre 12 e 19 vezes e colocou quatro bolas na trave. A conversão de todo esse volume em gols, no entanto, é que tem feito falta ao time.
Nesse período sem vitórias, o Leão acertou, em média, 4 chutes a gol por partida. O problema é que o time acumula, só nessa sequência, cinco grandes chances perdidas e duas penalidades desperdiçadas, contra Santos (com Crispim) e Juventude (com Bruno Melo). Se ambas tivessem sido convertidas, em tese, hoje o Fortaleza teria quatro pontos a mais na classificação e seria o terceiro colocado, com um ponto a menos que o vice-líder Palmeiras-SP.
A comissão técnica tem mexido bastante na formação de ataque nos últimos jogos, a fim de encontrar a melhor escalação. Para ficar só na dupla de ataque, já que o 3-5-2 é o esquema mais característico do Fortaleza com Vojvoda, quatro combinações diferentes começaram os últimos seis jogos. Para além disso, com as alterações, o comandante tricolor já oportunizou o máximo de jogadores possíveis, de Torres a Depietri, formando várias combinações. O problema, porém, persiste.
Robson foi o único atacante presente em todas as últimas seis formações iniciais. O camisa 7, no entanto, é o segundo atleta do Tricolor que mais desperdiça grandes chances (quatro até aqui), segundo o portal especializado em estatísticas SofaScore, de onde todos os dados deste texto foram colhidos. Ele fica atrás apenas de Pikachu (que contabiliza oito despercídios).
Nas coletivas, Vojvoda tem ressaltado sempre, com exceção da partida contra o Bahia, que o Fortaleza tem criado oportunidades. “O futebol é um esporte em que muitas vezes um time faz tudo para ganhar e não consegue”, lamentou o argentino, após a derrota contra o Inter.
Apesar da pontaria não estar afinada atualmente, o Fortaleza faz o caminho correto, afinal de contas, quem mais cria, soma chances extras de fazer gols. É necessário, no entanto, que os jogadores tenham mais capricho e atenção nas conclusões. Especificamente contra o Internacional, o cansaço pode ter atrapalhado. Por isso, a comissão técnica resolveu dar dois dias de folga — ontem foi o primeiro — e só iniciará os trabalhos para enfrentar o Sport-PE amanhã. Na Ilha do Retiro, o Tricolor vai tentar, enfim, matar a fome por gols e triunfos.
