Para o jogo que marcou a volta do torcedor cearense ao estádio, a ideia era falar da emoção do reencontro com o time, da nova forma de apoiar e vibrar, sem poder "juntar" todo mundo, e até mesmo do comportamento da massa frente ao protocolo sanitário que permitiu a abertura do Castelão em 10% de sua capacidade.
A derrota por 3 a 0 do Fortaleza para o Atlético-GO, porém, fez tudo isso sucumbir e o clima que era para ser de festa terminou pesado, com direito a vaias no apito final e especificamente para Bruno Melo e Matheus Vargas — que falharam e contribuíram diretamente nos últimos dois gols do Dragão —, nos minutos finais da partida.
Se serve de consolo, o evento-teste aparentemente foi um sucesso. Da tribuna de imprensa foi possível observar um bom espaçamento na arquibancada e respeito ao distanciamento social até mesmo na hora de comemorar os dois gols anulados do Tricolor ou quando os torcedores queriam esbravejar contra a arbitragem ou erro dos jogadores.
Antes de a bola rolar, a operação também correu normalmente. Antes mesmo de os carros adentrarem o estacionamento, muitos orientadores fiscalizavam quem portava ingresso (digital) e davam instruções de como proceder lá dentro. Nas escadas que davam acesso à esplanada, mais fiscalização, conferindo ingresso e documento com foto, além de verificar o que o torcedor portava. O POVO não observou ninguém sem máscara, mas encontrou quem usasse o artigo de pano, algo que o protocolo proibia. O estafe do clube cedia o item correto nestes casos.
A informação oficial do clube é que 2.785 pessoas compareceram ao Castelão para ver o 23º jogo do Leão na Série A do Campeonato Brasileiro, mas O POVO apurou que entre check-in e venda avulsa, cerca de 4 mil lugares foram reservados. Ao que tudo indica, o número reduzido dentro do Castelão se deve a desistências de última hora de sócios com entrada já garantida.
Apesar de o jogo não ter terminado em festa, é indiscutível que uma partida de futebol com torcida tem uma atmosfera totalmente diferente. E o técnico Juan Pablo Vojvoda pôde notar isso cedo, quando entrou em campo com a comissão técnica pouco depois de ter chegado ao estádio. A pequena quantidade de torcedores presente no Castelão ovacionou o comandante tricolor e o eco ajudou. Marcelo Boeck também provou do mesmo no aquecimento dos goleiros.
Com a volta da torcida, o estádio ganhou trilha sonora novamente, mesmo que nem sempre se entendam os gritos e cânticos da limitada massa permitida. Da arquibancada, o torcedor do Fortaleza jogou junto, mas dessa vez não conseguiu compensar os erros do time em campo.