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Fã de Clodoaldo Silva, cearense Henrique Gurgel faz história na natação paralímpica
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Fã de Clodoaldo Silva, cearense Henrique Gurgel faz história na natação paralímpica

Paratleta de 39 anos mergulha na paixão pelas águas após acidente, transforma esporte em profissão e acumula conquistas em competições nacionais e internacionais com inspiração no multicampeão nadador potiguar
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Henrique Gurgel é referência no paradesporto cearense (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Henrique Gurgel é referência no paradesporto cearense

Aos 39 anos, o cearense Henrique Samuel Oliveira Gurgel tem fôlego e ambição de sobra para cravar o nome entre os principais atletas da natação paralímpica do Brasil. Acostumado a superar desafios, o atleta aprofundou a paixão pelas águas em meio à reabilitação após sofrer acidente há mais de 15 anos, passou a encarar o esporte de forma profissional. Hoje, acumula conquistas históricas com inspiração no multicampeão e ídolo Clodoaldo Silva.

Na juventude, Henrique já praticava natação e também jogava futebol, inclusive nas categorias de base do Fortaleza, entre 1994 e 1997 — hoje, o clube o apoia no paradesporto. Com a lesão medular e a realidade sobre uma cadeira de rodas, viu o esporte como ferramenta para seguir ativo e em contato com outras pessoas de situação similar.

"O esporte veio antes da deficiência. Fazia parte de seleções do colégio e no próprio Fortaleza, quando joguei nas categorias de base. A natação com deficiência vem desde 2008, foi quando participei da minha primeira competição", recorda.

Daí em diante, o nadador não custou a alçar voos maiores. Em 2010, participou do primeiro torneio além das fronteiras nacionais, na Argentina. Esteve também, por exemplo, em Pan-Americano, Sul-Americano, Paralimpíadas Universitárias e "12 a 15" Opens Internacionais, em países como Alemanha e Portugal. O sucesso e o poder de inclusão o fizeram fundar a Associação Cearense do Esporte Adaptado (Acea Brasil).

Atual campeão brasileiro e pan-americano universitário, Henrique Gurgel já faturou medalhas no Open Internacional em 2016, 2017 e 2019 e está de malas prontas para a Colômbia, onde será o único representante do Brasil em Medellín, entre os dias 29 de novembro e 6 de dezembro, quando competirá em sete provas.

"O esporte, realmente, é um divisor de águas de tudo. Digamos que te projeta. E uma frase que muito atletas dizem é que são gratos ao esporte. Então, eu sou grato ao esporte por ter me projetado aonde eu fui. Por exemplo, conduzir a tocha olímpica, ser convocado para o Rio-2016, com certeza foi algo impactante. Com certeza, também, o esporte te coloca como alguém que está no meio de todos. O esporte é inclusivo em todos os esportes olímpicos e paralímpicos", garante.

Em meio à trajetória, o paratleta cearense teve a oportunidade de conhecer ídolos e outros grandes nomes do esporte, principalmente da natação. Clodoaldo Silva, o "Tubarão Paralímpico", que marcou história nas águas, tornou-se a principal referência.

Clodoaldo ganhou mais de 500 medalhas ao longo da carreira, que começou aos 16 anos, e levou 14 medalhas em cinco Paralimpíadas. Apenas em Atenas, em 2004, faturou sete premiações — seis de ouro e uma de prata —, tornando-se o maior medalhista brasileiro em uma única edição paralímpica. O sucesso do atleta potiguar inspirou Henrique Gurgel, que ainda iniciava o percurso profissional na natação enquanto o nordestino brilhava.

"Um dos primeiros caras que eu conheci foi o Clodoaldo Silva. Um cara que foi um dos pilares da natação nos anos de 2000 a 2010, quando foi o meu começo. Então, (o ídolo) é o Clodolado Silva, em questão de personalidade pelo que eu conheci, não só pelas conquistas que ele obteve", explica.

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