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Da dor à glória: a ascensão meteórica do Fortaleza da Série C à Libertadores
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Da dor à glória: a ascensão meteórica do Fortaleza da Série C à Libertadores

Em cinco anos, Leão do Pici muda de patamar no futebol nacional, acumula conquistas e feitos históricos e vai da Série C para a principal competição da América do Sul
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Já caía a noite em Goiânia (GO) naquele 3 de novembro e a festa no gramado do Antônio Accioly não cessava. Entre um abraço e outro em funcionários, jogadores e dirigentes, Rogério Ceni avisou: "Eu vou acostumar vocês a ganhar". O episódio após a vitória do Fortaleza por 2 a 1 sobre o Atlético-GO, que selou o acesso à Série A após 13 temporadas, é uma das páginas marcantes da ascensão do clube nos últimos cinco anos, quando saiu da Terceira Divisão nacional rumo à principal competição da América do Sul.

De fato, o Tricolor se acostumou a vencer nas últimas temporadas, ainda antes da chegada de Ceni e depois da saída do ex-goleiro, com o histórico trabalho do argentino Juan Pablo Vojvoda. A mentalidade vencedora inserida pelo então treinador somou-se à organização administrativa, saúde financeira e competência esportiva, fatores que catapultaram a subida de patamar.

Rebaixado da Série B em 2009, o Leão fracassou em tentativas de acesso de 2010 a 2016 — em uma delas, contra o próprio Juventude-RS — rival derrotado nesta sexta--feira, quando o Fortaleza assegurou vaga na Libertadores 2022. A saída da Série C só ocorreu em 2017, sob o comando de Antônio Carlos Zago, superando o Tupi-MG. O time do Pici terminou com o vice-campeonato nacional e abriu as portas para a chegada de Ceni.

Logo na primeira temporada, o treinador conseguiu o primeiro título nacional do clube, com a conquista da Segunda Divisão. No ano seguinte, venceu o Campeonato Cearense, a Copa do Nordeste e realizou — até então — a melhor campanha de um clube cearense na Série A por pontos corridos, com a nona posição e classificação para a Copa Sul-Americana, primeiro torneio internacional da agremiação.

Em 2020, o Fortaleza faturou o bicampeonato estadual, mas caiu na semifinal do Nordestão diante do arquirrival Ceará e brigou contra o rebaixamento no Brasileirão até a reta final. Os maus resultados culminaram em reformulação no elenco para este ano, que também começou sob contestação até nova eliminação do mata-mata regional, desta vez para o Bahia.

Em maio, então, o departamento de futebol tomou a decisão que mudou os rumos da história do clube: a contratação de Vojvoda. Com trabalhos surpreendentes em clubes modestos do continente, o argentino de 46 anos festejou o primeiro título da carreira, com o tricampeonato cearense, acumulou quebra de tabus e atingiu resultados históricos: a melhor campanha do clube na Copa do Brasil, indo até a semifinal, além da vaga na Libertadores.

A vitória por 1 a 0 sobre o Juventude, na última sexta, selou a classificação para a fase prévia do torneio continental. Já em Cuiabá (MT), para o jogo de amanhã à noite, os tricolores ficam atentos ao duelo do Fluminense-RJ contra o Bahia, às 16 horas de hoje, que pode carimbar a vaga direta à fase de grupos.

"O dia que liberta. Já teve o jogo de sete anos, hoje tem o dia que liberta. Lá no Inter, quando eu pude ser campeão da Libertadores, em 2006, o Fernandão falou uma frase que ficou gravada e que depois virou título de várias histórias, vários livros: 'A noite sem fim'. Aqui, nós temos a oportunidade de ter o dia que liberta", disse o goleiro Marcelo Boeck, que viveu a trajetória de 2017 a 2021.

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