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Primeira mulher libanesa a participar de três edições de jogos olímpicos e atual detentora do recorde nacional de corrida do Líbano nos 200 e 400 metros livres, Gretta Taslakian encontrou na culinária uma nova perspectiva após decidir encerrar a carreira de atleta profissional. Dona do restaurante Baytna, inaugurado em julho de 2021 em Fortaleza, a ex-competidora contou, em entrevista ao O POVO, a trajetória no atletismo e as motivações que a fizeram escolher a capital cearense como a nova casa.
Nascida no Líbano em 16 de agosto de 1985, país da extremidade leste do mar Mediterrâneo, na Ásia Ocidental, Gretta teve uma infância comum. Brincadeiras, estudos e atividades físicas que eram praticadas no colégio. O início no atletismo aconteceu por incentivo do pai, um apaixonado por esportes olímpicos que conseguiu, através de um amigo próximo, colocá-la em um clube especializado.
"Comecei com 12 anos. Fui muito disciplinada nos treinos, meu pai nunca me deu a chance de praticar o esporte por diversão. Ficava muito restrito como parte de um trabalho para mim. No início, foi muito duro. Pouco a pouco, passei a amar. A cada ano fui melhorando e, com 16 anos, participei de uma competição internacional onde fui campeã dos 400 metros, além de bater o recorde feminino árabe", relembrou.
Com bons desempenhos nas competições, Gretta foi convocada para a seleção de atletismo do Líbano. "Como eu era a melhor da minha idade e também de algumas idades acima, fui selecionada para fazer parte da equipe do Líbano. Além dos jogos olímpicos, participei dos Jogos Pan-Arábicos e três vezes do Mundial, a primeira com 15 anos", explicou Gretta.
A primeira Olimpíada da libanesa foi em 2004, nos Jogos de Atenas, na Grécia. Naquele ano, Gretta Taslakian, que tinha 19 anos, ficou em sexto lugar na classificatória e não avançou. A participação no torneio, conta a ex-atleta, foi um sonho realizado.
"Eu era muito jovem. Primeiro jogos olímpicos para qualquer atleta vai ser um sonho. Para mim foi muito bom, eu amei demais, desfrutei de tudo e dei tudo de mim nessa olimpíada. Infelizmente eu não consegui uma medalha, porque para conquistar uma medalha olímpica é preciso ter três, quatro anos de preparação. Então, por isso, não fiquei tão triste, até porque quebrei o recorde nacional do Líbano nos 200 metros", avaliou a ex-atleta.
Após Atenas, Gretta Taslakian disputou Beijing, na China, em 2008, e Londres, na Inglaterra, em 2012. O feito se tornou histórico para o Líbano, nunca na história nenhuma mulher havia participado de três olimpíadas em sequência.
"A melhor para mim (em questão de desempenho) foi Atenas. Em 2008, foi mais ou menos, não muito ruim. Mas em 2012 foi o pior porque eu dediquei muito tempo, treinando seis horas por dia. Não fazia nada, apenas treinava. Faltando um mês, eu percebi que os resultados que eu teria de fazer, não consegui alcançar. O meu objetivo não era medalha, e sim passar da primeira fase para chegar à semifinal", relembrou Gretta.
Nos anos seguintes, Gretta resolveu reduzir a pressão. Em 2013, ficou em terceiro lugar do Campeonato Asiático de Atletismo, realizado na cidade de Pune, na Índia. A partir de 2015, uma nova fase da vida começou a acontecer: casamento, gravidez e a diminuição de treinos e competições.
O último torneio disputado foi no início de 2021, na Turquia, onde competiu nos 400 metros livres, conquistando a medalha de prata e quebrando o recorde nacional do Líbano. Ali, Gretta decidiu que era a oportunidade de realizar outros sonhos: a de abrir um restaurante no Brasil.
"Temos que ter consciência de quando nosso corpo não pode dar mais. Eu e meu marido tínhamos o sonho de abrir um restaurante, e eu sempre disse para ele que queria abrir no Brasil, porque eu acho que é o destino", projetou Gretta Taslakian.
Motivados pela crise econômica que o Líbano vivia em 2018 e decididos de que o restaurante seria no Brasil, Gretta veio ao país em 2020 na companhia do seu esposo, Chahe Yerevanian, para decidir qual cidade se instalariam. O primeiro destino foi São Paulo, onde ficaram por cerca de um ano e meio até o início da pandemia, quando retornaram ao Líbano com os filhos. Chahe, no entanto, permaneceu no país e, sem sentir segurança de realizar o investimento na capital paulista, optou por vir para Fortaleza.
Na capital cearense, foi amor à primeira vista. O clima quente e tropical, segundo Chahe, lembra o do Líbano, fator que os fazem sentir-se mais próximos do país natal. Além disso, observaram que não havia um mercado de culinária libanesa 100% fiel aos pratos típicos. Cerca de três meses depois, Gretta e os filhos saíram de forma definitiva do Líbano e chegaram em Fortaleza, onde vivem desde então.
“Ele (Chahe) disse: ‘aqui nós vamos abrir o restaurante’. Andávamos a pé, por uma, duas horas, procurando uma loja para fazermos o negócio. Em janeiro de 2021, começamos as obras e em julho inauguramos a Baytna, que significa nossa casa. A minha família tem o segredo das receitas libanesas, então trouxemos essas receitas com o objetivo de ser o primeiro restaurante autêntico do Líbano no Brasil.”
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