O Fortaleza completa dois meses de temporada 2022 amanhã e, até aqui, vem seguindo o planejamento do ano para dentro das quatro linhas à risca.

Invicto e finalista de duas competições, o Tricolor conta com um elenco que oferece diferentes características, com jogadores experientes para as competições que vai disputar e que é praticamente todo utilizado pelo técnico Juan Pablo Vojvoda.

“A gente estabelece uma rota de voo e busca seguir, sabendo que o nível das competições vai aumentar, que derrotas vão acontecer eventualmente, mas os conceitos que foram implementados não podem ser revisados ou repensados; o planejamento não pode ser questionado, a gente precisa seguir com a rota de objetivos. A gente vai entrar em um momento denso da temporada, com muitas competições paralelas, jogos sequenciais e existe um planejamento de periodização e utilização de atletas [...] E essa primeira parte do ano ajuda nesta segunda, porque o professor (Vojvoda) já rodou bastante o elenco, utilizou praticamente todos os atletas, já entende mais ou menos como eles se comportam em algumas funções e a hora de fazer esses giros constantes é nesse momento de densidade de temporada", explica o diretor de futebol e vice-presidente do Fortaleza, Alex Santiago, ao O POVO.

Os objetivos mínimos das duas primeiras competições do ano já foram alcançados. No Estadual, o esperado era ser pelo menos finalista, enquanto na Copa do Nordeste chegar à semifinal já era tido como aceitável. O Leão foi além e o pensamento agora é “ir para o segundo passo, considerado sucesso, que é buscar os títulos", afirma o dirigente.

A parte densa da temporada que Santiago se refere começa a partir de abril, com o início da Copa Libertadores, Série A do Brasileiro e Copa do Brasil. O que o time tem feito nas primeiras competições do ano, como disse o diretor de futebol, tem influência direta no restante do planejamento, mas reforços devem chegar, mesmo que em pequena quantidade.

"A gente vai contratar agora só pontualmente. Estamos verificando algumas situações de rendimento ainda, não temos isso bem fechado, mas deve vir alguém para o meio de campo e talvez a gente pense em mais um zagueiro pela esquerda", comentou Alex.

Para o torcedor, a Libertadores pode até ser a grande menina dos olhos da temporada, mas a diretoria do clube ainda tem a Série A como base de todo o projeto. O torneio continental, no entanto, tem um brilho especial e o departamento de futebol não nega que tem preparado o grupo para ter condições de fazer um bom papel. A meta, inclusive, é avançar para as oitavas de final do próprio torneio ou para a mesma fase da Copa Sul-Americana — acontecerá se o time ficar em 3º lugar no Grupo F.

“A gente tem um elenco maduro, que tem atletas de boa experiência na Libertadores (citou Landázuri, Romero, Lucas Lima, Boeck, Pikachu, Zé Welison) e a preparação logística também vem fazendo seu trabalho de mapeamento há algum tempo, para que a gente tenha sempre a melhor localização no país que vai visitar, como ficar em um hotel esteja próximo do estádio, próximo de bons centros de treinamento; uma preparação, inclusive, um pouco mais ampla, de eventuais ações da torcida que possa comparecer aos jogos fora de casa também, então são uma série de ações que vêm sendo tomadas desde o final do ano passado e agora a gente vai estar apenas executando”, garante o dirigente.

Com o intuito de suportar um período de muitos jogos em sequência e por competições de nível mais alto, incluindo viagens mais longas, o Fortaleza também tem buscado oferecer mais aos atletas, como conta Santiago.

"A gente está investindo muito em três pilares: tecnologia, regeneração e prevenção de lesões, porque a logística da gente é desfavorável, principalmente nesse Brasileiro, que só vai ter Ceará e Fortaleza da região Nordeste. Uma maneira de você conseguir montar um bom time com pouco investimento é tendo uma aplicação grande de tecnologia dentro do futebol", disse.

Uma das situações, baseada em neurociência e psicologia, é espalhar telas por todos os ambientes que os jogadores frequentam no clube e nas telas sempre exibir jogos do próximo adversário. O clube também tem conseguido trabalhar situações de regeneração dentro dos aviões e nos hotéis, além de trabalhar com um software de termografia que detecta lesões mínimas e movimentações de fibra muscular atípicas que podem sugerir lesões.

Quanto à preparação dentro de campo para os jogos, segue sendo feita ao estilo de Vojvoda, pensando sempre apenas no próximo adversário. Por isso, no Pici, o foco está todo voltado para a final da Copa do Nordeste. "Nós não queremos pensar em outra coisa essa semana que não seja a final da Copa do Nordeste. Aqui ninguém pensa nada a não ser no Sport", garante Alex.