Diante do mau início do Fortaleza na Série A do Brasileiro, com apenas um ponto conquistado em quatro jogos, o que faz do Tricolor o lanterna da competição, o presidente do clube, Marcelo Paz, convocou coletiva na tarde de ontem e falou sobre o momento.
Sereno, o dirigente reconheceu o incômodo com o começo ruim do Leão no Campeonato Brasileiro, mas tentou acalmar os torcedores mais nervosos. Ele tentou abordar o momento que o time vive por outro ângulo, de modo a inspirar confiança no elenco do Fortaleza.
"A gente teve uma fase muito boa até o final da Copa do Nordeste, invicto, aí vieram quatro derrotas. De lá para cá foram sete jogos e apenas uma derrota. A gente foi campeão estadual, largou bem na Copa do Brasil nesses sete jogos; jogando bem em quase todos eles. Tem várias formas de olhar, a pior delas é olhar para a tabela, eu também não gosto. Estou insatisfeito, preocupado, mas tenho plena convicção que com o futebol que a gente tem, o elenco que temos, vamos superar isso aí e fazer uma campanha de recuperação na Série A", disse o presidente.
Quanto à Libertadores da América, em que o Leão ocupa a terceira colocação do Grupo F, no entanto, o dirigente frisou que a luta por essa posição, que leva às oitavas de final da Copa Sul-Americana, está totalmente dentro do planejamento traçado para o torneio, como resultado aceitável.
Mesmo assim, ele acredita que com a tecnologia do árbitro de vídeo na fase de grupos da competição, a situação do Tricolor poderia ser diferente. "Se tivesse VAR na Libertadores, muito provavelmente o Fortaleza teria sete pontos. Teria vencido o River Plate — que o clube reclamou de um pênalti — e empatado com o Colo-Colo. Não tem VAR, ok", analisa.
Com relação à Série A, Paz toma como exemplo os dois últimos jogos, contra Corinthians e São Paulo, nos quais o Fortaleza foi competitivo e teve chances claras de construir um placar diferente. “A performance esta ruim? Não. A pontuação, péssima. Fisicamente, não temos jogador no departamento médico. Eu acho que a maratona faz com que a performance da equipe caia no segundo tempo, o primeiro tempo tem sido melhor, é natural por serem muitos jogos", acredita.
A conversão das finalizações em gols também foi comentada pelo presidente do clube. Em quatro partidas, o Tricolor só marcou dois tentos, ambos com Pikachu, em jogos diferentes. O dirigente, no entanto, saiu em defesa dos atacantes do time e justificou a situação como circunstancial.
"O Fortaleza formou um elenco com muito poder de fogo. Temos muitos atacantes de qualidade, tem deles que não estão nem jogando [...] mas você tem (jogando) o Renato Kayzer, que foi artilheiro do Athletico-PR no ano passado e foi titular de partidas importantes (do Fortaleza), nos últimos jogos tem entrado; o Romero já tem nove gols, Kayzer tem três gols, Moisés tem seis; Pikachu é ala, mas está sempre entrando ali (na área) e tem dez gols. É uma questão de momento, de circunstância, de adversário. Sempre falo isso, tem um adversário do outro lado, que também quer ganhar, que vem preparado, tem seus objetivos, também busca”, disse.
Marcelo reafirmou em vários momentos que confia nos jogadores e no trabalho da comissão técnica. Para ele, é questão de tempo para o Leão começar a vencer na Série A. “Eu falo aqui, de peito aberto, que já já a gente vai estar vencendo jogos. Pode ser domingo, contra o Botafogo; depois vem sequência de três jogos em casa, contra Fluminense, Juventude e o Clássico. Então, é todo um contexto", afirmou.
Sobre reforços, que só poderão ser contratados a partir de 18 de julho, quando a janela abrir — a não ser que seja uma peça livre no mercado —, o chefe da diretoria executiva do Fortaleza admitiu que chegadas e até saídas podem acontecer, mas como ainda está distante, pediu valorização para os atletas que estão hoje no elenco tricolor.
Após nova punição ao Crato, Paz faz questionamentos sobre o presidente do TJDF, que rebate
O Fortaleza se posicionou quanto à reforma da pena imposta ao Crato por parte do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (TJDF-CE), em julgamento realizado na manhã de ontem.
Os auditores do Pleno decidiram dar WO em todas as partidas do time do Cariri, que já havia sido excluído, mas tinha tido apenas quatro jogos anulados. Com a mudança, a classificação da primeira fase do Estadual precisa mudar e há consequência para todo o restante do certame.
Na prática, isso não deve acontecer porque a Federação Cearense de Futebol e os quatro clubes semifinalistas (Fortaleza, Ferroviário, Iguatu e Caucaia) vão recorrer ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), portanto, será necessário aguardar a decisão da instância superior para saber o que vai acontecer.
Em coletiva concedida na tarde de ontem, o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, e o vice-presidente e diretor de futebol, Alex Santiago, abordaram o assunto. Enquanto o segundo foi mais técnico, explicando o porquê do Tricolor entender que a decisão do TJDF é equivocada, o primeiro fez questionamentos a respeito do presidente da instituição, Fred Bandeira.
"O Fred Bandeira, que quis tirar o Fortaleza do Campeonato (Cearense) em 2015, é quem está conduzindo (o processo referido), para querer melar o nosso tetracampeonato. Por que o Fred Bandeira foi indicado pelo Sindicato dos Árbitros? Queria que vocês pesquisassem isso aí. Qual foi a benfeitoria que ele fez para o Sindicato dos Árbitros? E todo mundo sabia que ele foi indicado para ser presidente. E por que o auditor que mudou o voto hoje deve ser o próximo presidente do Tribunal? Queria que vocês pesquisassem isso aí", disse Paz. O auditor a quem ele se refere é Luciano Bezerra, que foi relator do processo que excluiu o Crato do Estadual de 2022.
Procurado pelo O POVO, Bandeira se manifestou. "É lamentável a postura de um dirigente de um clube de Série A e que está na Libertadores adotar esse tipo de atitude, atacando não só a minha pessoa, mas ao Tribunal como um todo. Deveria ter mais respeito e ter cuidado, para que não sofra consequências por esse tipo de ataque. Me limito a comentar o que o presidente Marcelo Paz falou, dizendo que foi feita a devida justiça sim, os votos foram aplicados [...] Em 2015 eu era procurador de justiça, fiz apenas uma denúncia, não fui eu que julguei. Nosso julgamento hoje foi pautado no contraditório e ampla defesa. Ataque pessoal não é atitude de dirigente que se preze, de dirigente que deveria ser grande, coisa que o Marcelo Paz se mostra pequeno. Lamentáveis os comentários, tenho certeza que ele fez isso de cabeça quente e deve repensar as atitudes. No mais, a insatisfação deve ser perseguida nas instâncias superiores", respondeu o presidente do TJDF, ressaltando que o Pleno é composto por nove auditores e que ele não vota sozinho.
Quanto à indicação por parte do Sindicato dos Árbitros, Bandeira disse que Paz deveria perguntar ao Sindicato e lembrou que na primeira gestão foi indicado pelos clubes, não contando apenas com o voto do Fortaleza.
Entendimento do Fortaleza
Alex Santiago, que representa os quatro clubes semifinalistas do Campeonato Cearense, elencou motivos, disse que as supostas manipulações de resultados na competição devem ser “muito bem apuradas, mas da maneira correta, por meio dos instrumentos jurídicos corretos e punir as pessoas corretas”. O citou alguns pontos que considera estranhos em todo o processo.
“O Maracanã e o Icasa, tomando ciência do primeiro WO aplicado, em Ferroviário x Crato, na última rodada da fase de classificação, curiosamente não apresentaram denúncia naquele momento, que em tese seria o ideal [...] É curioso também entender o porquê aquilo aconteceu naquele momento (os dois clubes se manifestarem depois do término da segunda fase) [...] e aí depois nós temos um problema que é a suspensão do campeonato antes das semifinais", enumerou, afirmando também que não constam as custas corretas no processo.
O ponto que Santiago colocou como mais importante, porém, foi o instrumento pelo excluiu o Crato da competição. “Foi uma petição assinada por dois clubes, chamada medida inominada, não foi uma ação movida pela Procuradoria, que é quem tem competência para poder impor uma punição de exclusão. Essa peça (medida inominada) jamais excluiu algum clube de uma competição, mas excluiu o Crato", disse.
Por fim, o dirigente tricolor tranquilizou a torcida do clube. "Estamos seguros mesmo de que, certamente, a justiça vai dar a resposta correta. Título conquistado dentro de campo não se tira e o Fortaleza é tetracampeão cearense", garantiu.