Logo O POVO+
Vina diz ter feito escolha certa no Ceará: "Amo estar aqui todos os dias"
Esportes

Vina diz ter feito escolha certa no Ceará: "Amo estar aqui todos os dias"

Em entrevista exclusiva, meia-atacante se declarou ao Alvinegro do Porangabuçu, apontou favoritismo na Sul-Americana e mostrou confiança em virada sobre o Fortaleza na Copa do Brasil
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Vina mostrou confiança ao falar sobre o duelo do Ceará contra o Fortaleza pela classificação na Copa do Brasil (Foto: Aurélio Alves/O POVO)
Foto: Aurélio Alves/O POVO Vina mostrou confiança ao falar sobre o duelo do Ceará contra o Fortaleza pela classificação na Copa do Brasil

Um dia após a classificação histórica na Sul-Americana, o meia-atacante Vina conversou com exclusividade com o FutCast, o podcast do O POVO sobre o futebol cearense. O camisa 29 apontou o favoritismo do Ceará na Sul-Americana e mostrou confiança para o Clássico-Rei decisivo pelas oitavas de final da Copa do Brasil. O jogador revelou ainda que pensou em largar o futebol na adolescência e se declarou ao clube do Porangabuçu.

O POVO - O que o Ceará representa para você?

Vina - O Ceará foi minha afirmação de maturidade, de viver o clube, de ter essa sintonia com o torcedor, esse carinho, respeito. Isso me motiva a cada dia estar no clube feliz. Fiz escolhas certas para a minha vida, carreira, de ter vindo pra cá, continuado aqui. É sempre buscar mais, é o que o torcedor espera. A gente sabe como é o futebol, é resultado. Torcedor quer ver dentro de campo jogadores que se entregam, se identificam, que vivem o clube como eles. É o que procuro fazer no Ceará. Essa energia tem sido fundamental na minha vida. É um momento mágico o que estou vivendo. Fora das quatro linhas, uma coisa junta a outra. Isso motiva. Faz com que cada dia chegue para trabalhar feliz. Fiz as melhores escolhas da minha vida.

OP - Quando acertou com o Ceará em 2020, você imaginava que seria dessa forma?

Vina - Como todos sabem, eu tinha mais um ano no Atlético-MG quando tive a proposta do Ceará. Fiz a reunião com meu staff e minha família. Vi o projeto do clube. Gostei muito. Já tinha jogado na região, no Náutico, no Bahia. Sei da grandeza que o Ceará tem. E hoje, a cada dia que vivo esse clube, se comprova essa grandeza. Fico feliz com a projeção desde que cheguei aqui. O clube vem numa crescente. Tudo aquilo que me apresentaram na proposta, as coisas estão fluindo bem. Fico feliz de fazer parte desse crescimento significativo do Ceará. A nível não só nacional, mas internacional. A prova disso é o campeonato sul-americano que a gente está fazendo. Feliz demais não só pela minha carreira, mas pelo crescimento do clube.

OP - Antes de você se tornar o Vina do Ceará, quando ainda era Vinícius lá atrás, qual foi a sua história para se tornar jogador?

Vina - Sempre amei jogar futebol. Jogo desde os quatro anos. Joguei por três anos os dois (futsal e futebol de campo) e estudava. Meus pais sempre batalharam bastante para não faltar nada dentro de casa. Meu pai trabalhou 20 e poucos anos de garçom à noite, de madrugada. Minha mãe, na época, estava grávida do meu irmão mais novo. Ela me levava de ônibus para treinar. Sempre me entreguei no futebol. Nunca me vi fazendo outra coisa que não fosse jogar futebol. E a recompensa veio com muita ajuda dos meus pais e da minha avó, que hoje não está mais presente, mas me ajudou bastante. Teve uma época da minha vida, na transição com 15 anos, no Paraná Clube. Nessa transição do futebol para o campo, cheguei até a pensar em largar o futebol.

FutCast - E o que foi determinante para você seguir no futebol?

Vina - Minha avó teve um papel fundamental. Ela sempre soube que era o meu sonho. Ela teve uma conversa dura comigo para não largar o futebol. Estava meio desanimado, Eu via todos os amigos ali de infância tendo muitas coisas para fazer. Treinava de manhã e de tarde, estudava à noite. Chegava morto de cansado em casa e já dormia para no dia seguinte viver tudo de novo. Ela me fez ver que valeria o esforço. Hoje estou vivendo esse sonho que ela me ajudou, meus pais ajudaram.

OP - Nós entrevistamos o Tiago Nunes quando ele ainda estava no Ceará. Ele falou muito sobre a capacidade que o Ceará tinha de brigar por título na Sul-Americana. Agora o Ceará tem a melhor campanha na competição. Como vocês veem essa possibilidade de título?

Vina - O Tiago começou a plantar essa sementinha em nós por ter sido recentemente campeão pelo Athletico-PR (em 2018). A gente sabe é que é uma equipe que vem num crescimento grandioso, que conquistou também uma Copa do Brasil recentemente. O Tiago, por ter essa experiência recente, começou a plantar a sementinha não só para nós jogadores, mas para todos que fazem o clube. Começaram a realmente acreditar. A cada fase que está passando na competição, está vendo que é possível. Temos consciência de que o campeonato mais importante é o Brasileiro. A gente quer continuar na Série A, buscando coisas grandes na competição. Mas quando entra em competição de mata-mata, não só Sul-Americana, mas a Copa do Brasil também é possível. Todo respeito ao nosso rival pelo placar que foi feito no primeiro jogo. Temos totais condições de igualar o resultado, de ultrapassar. Está em aberto. Clássico a gente sabe como é.

Sobre a Sul-Americana, a cada jogo a gente comprova. E está surpreendendo, sendo realmente o favorito. A gente sabe que no futebol o favoritismo tem que se valer dentro de campo. Essa Sul-Americana, assim como a gente vai buscar a Copa do Brasil, são competições com nível alto, mas está mais palpável. O Campeonato Brasileiro é longo, onde têm algumas questões que é difícil de bater com clubes que sempre despontam, como Atlético-MG, Palmeiras, o Flamengo que está chegando. Sabe que é difícil ser campeão brasileiro, mas tenho certeza que em breve a gente vai estar diminuindo ainda mais essa margem para eles e vai estar podendo buscar esse título também. Hoje, a gente sabe da importância do Brasileiro, tem que se manter na Série A, fazer uma boa Série A. O clube, desde o começo do ano, procurou fazer elenco qualificado justamente para isso, de aguentar mais de uma competição em alto nível. Mata-mata são dois jogos. Tem que estar bem no dia, ser copeiro, saber jogar essa competição. E a gente está sabendo lidar com isso.

OP - E como está a confiança do elenco sobre a Copa do Brasil em meio à desvantagem de ter perdido o jogo da ida por 2 a 0?

Vina - É possível. O futebol mostra isso. Nesta semana mesmo, a gente teve o exemplo do Internacional. Não era na Copa do Brasil, mas é uma competição de mata-mata (Sul-Americana). Conseguiu um resultado importante em casa. A gente sabe como é o clássico, o que envolve um clássico. A gente vai em busca da classificação. Existe respeito pelo adversário. Mas sabemos da nossa competência, do que o nosso grupo é capaz. Está mostrando essa trajetória nesses campeonatos. A mobilização vai começar depois do jogo contra o Fluminense. Hoje, o pensamento é no Fluminense, no Campeonato Brasileiro. Vai ser um jogo festivo para o lado deles.

Vina participou do FutCast, podcast do O POVO
Vina participou do FutCast, podcast do O POVO (Foto: REPRODUÇÃO)

OP - E vocês querem estragar a festa de despedida do Fred…

Vina - Eu tive a oportunidade de jogar com ele. Sei da importância dele no clube, a importância dele no futebol brasileiro. Mas que a gente possa estragar a festa conseguindo um resultado importante. A gente mostra que no Campeonato Brasileiro nós somos um visitante indigesto. Independente disso, não vai atrapalhar a carreira do Fred, pode atrapalhar a despedida, mas a carreira, a gente sabe que ele teve uma brilhante.

Mas que a gente possa fazer um grande jogo e aí, sim, mobilizar para o clássico. Sabe que envolve todo o Estado, a cidade. Daí, sim, o pensamento vai ser total nesse clássico, um jogo decisivo. A torcida vai comparecer, a festa que sempre fazem. Mostrou isso no jogo da Sul-Americana, o quanto eles são importantes. Como falei, clássico é muito uma questão de mental. Sabemos que nosso rival tem um jogo importante, onde precisam se classificar para ter um ambiente bom. Eu não vou deixar minha torcida para eles, mas que seja feito o melhor, se tiver competência para se classificar. Não muda nada para a gente. O jogo da semana que vem vai ser um jogo mental. Eles têm o 2 a 0 da primeira partida, mas a gente já mostrou que é capaz. No ano passado, a gente conseguiu fazer também 4 a 0 neles. Tudo é possível. O clássico está aberto. Eles sabem da nossa força. Que seja um grande jogo e vença o melhor.

FutCast - Como tem sido trabalhar com o Marquinhos Santos?

Vina - A gente vinha num momento bom com Dorival. O Dorival fez mudanças corretas, não só taticamente, mas no dia a dia com o grupo, uniu ainda mais, mostrou a força que nosso grupo tem. E o Marquinhos, ele mesmo fala nas entrevistas, quando conversa, que ia mudar pouco porque sabe que vinha sendo um bom trabalho do Dorival. Mas cada treinador tem seu método de trabalho. Aos poucos, o Marquinhos vai colocando aquilo que ele entende de futebol. E nós, jogadores, tentamos assimilar da melhor maneira possível para que as coisas fluam. Vejo que a cada jogo a gente está entendendo mais. Ele cada vez mais vai entendendo o grupo, os jogadores, até as variações de posição. Eu joguei com ele de ponta, de falso 9. Ontem (quarta-feira, 6/7), joguei onde me sinto mais confortável. Foi um grande jogo, não só meu, mas de toda a equipe. A gente mostrou desde o começo do jogo que queria a classificação, que não iria montar no placar que foi feito no primeiro jogo. É dessa maneira que a gente vai vendo o crescimento de todo o grupo.

FutCast - Quais foram os momentos mais marcantes pelo Ceará até agora?

Vina - Referente a período marcante, sinceramente, todos os jogos do Ceará são marcantes. Hoje eu vivo o clube intensamente. Gosto muito, amo estar aqui todos os dias, vestir essa camisa. É especial.

O que você achou desse conteúdo?