Jogar em casa tem sido apenas uma condição de tabela para o Fortaleza na Série A do Brasileiro. Em todo o primeiro turno, o Tricolor tirou pouco proveito das partidas que fez no Castelão. O aproveitamento como mandante é de apenas 30%.
Em números absolutos, o Leão jogou dez partidas em casa e venceu apenas uma, contra o América-MG, na 13ª rodada, empatou seis e perdeu três vezes. O time não levou vantagem nem mesmo no saldo de gols, que é de dois tentos negativos.
O desempenho em casa é um dos fatores decisivos para o Tricolor ser o lanterna da competição. Em 2021, quando virou o turno na 4ª colocação, além de invicto em casa, o Leão havia vencido seis partidas diante da torcida, um aproveitamento de aproximadamente 78%.
A baixa produção nos próprios domínios não foi compensada fora de casa, onde o Fortaleza foi ainda pior em 19 rodadas, conquistando apenas seis pontos de 27 disputados. Longe do Castelão, porém, foram dois triunfos — sobre Flamengo-RJ e América-MG.
Na coletiva que concedeu após o empate com o Santos-SP, domingo, 24, que marcou o fim dos jogos de ida, o técnico Juan Pablo Vojvoda comentou que as emoções pelas quais os jogadores passam em uma partida são tão importantes quanto as partes tática, técnica e física e que, devido ao momento ruim do clube, as reações dos torcedores podem interferir, mas que a comissão técnica tem trabalhado esse ponto com os atletas.
"O jogador tem que preparar sua cabeça para responder a esses tipos de emoções [...] Numa partida de futebol as emoções estão 90 minutos muito presentes, ou alegria por fazer um gol, ou tristeza por sofrer um gol. Ou emoções, como quando o estádio todo grita ‘Uh’, quando perde uma bola. Os jogadores tem que saber manejar isso", disse.
Com 74% de possibilidade de rebaixamento, segundo cálculos do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Fortaleza vai precisar de uma “campanha de G-6” — pelo menos 30 pontos, que o 6º colocado, Flamengo, possui hoje — para chegar aos tradicionais 45 no returno.
Isso significa que mesmo que faça uma campanha impecável em casa nos jogos de volta da Série A, o Leão ainda precisará roubar pontos longo dos próprios domínios. O duelo contra o maior rival, Ceará, no entanto, será na condição de visitante. Nesse caso, com 100% de aproveitamento no Castelão, seria possível, em tese, garantir a permanência, mas a missão não é simples.
Os nove jogos do Fortaleza como mandante no returno serão contra Internacional-RS, Corinthians-SP, Botafogo-RJ, Flamengo, Avaí-SC, Atlético-MG, Coritiba-PR, Atlético-GO e RB Bragantino-SP. "Temos que trabalhar, pensar, acreditar e encontrar as soluções para este momento", prega Vojvoda.
Pressão externa aumenta, Fortaleza vê desgaste, mas descarta demissão de Vojvoda
As horas seguintes ao empate sem gols com o Santos-SP, no último domingo, 24, na Arena Castelão, pela última rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, foram de silêncio externo e muito diálogo interno no Pici. O Fortaleza vê sinais maiores de desgaste de Juan Pablo Vojvoda e avalia o trabalho do comandante argentino, mas descarta demissão neste momento, apurou O POVO.
Campeão invicto tanto do Estadual quanto da Copa do Nordeste, além de avançar às oitavas de final da Libertadores e às quartas da Copa do Brasil, o Tricolor amarga a pior campanha da Série A de 2022 após 19 jogos. Foram 14 rodadas na lanterna, com apenas 15 pontos somados. A equipe obteve apenas uma vitória como mandante.
Pelo histórico de Vojvoda no clube em pouco mais de um ano, com 100 partidas disputadas, o departamento de futebol acreditava em uma reação da equipe no Brasileirão ao longo do turno — além das peças disponíveis no elenco e os reforços recém-chegados. Em campo, porém, o time ainda não conseguiu emendar bons resultados na elite nacional.
O duelo contra o Peixe, inclusive, foi visto como divisor de águas em relação às opiniões acerca do treinador argentino. A escalação do time, as substituições no decorrer do segundo tempo e a entrevista coletiva pós-jogo, saindo em defesa de jogadores criticados pela torcida, não foram avaliadas de forma positiva internamente.
A pressão externa das arquibancadas e das redes sociais encontrou eco no Pici a partir do tropeço diante do Santos, com novas opiniões inclinadas a uma eventual troca no comando técnico se for considerada a medida adequada em determinado momento. A multa rescisória não seria um empecilho para a decisão.
Mas as impressões da noite de domingo, ainda com ânimos exaltados pelo resultado e pela situação na tabela, ganharam novos contornos no decorrer do dia de ontem, com emoções mais arrefecidas.
Por ora, os dirigentes creem que Vojvoda é capaz de comandar o Leão em uma reviravolta no segundo turno para escapar do rebaixamento, mas com a convicção de que cada duelo daqui em diante será decisivo para a disputa da permanência. O confronto direto do Cuiabá, no próximo domingo, 31, às 18 horas, na Arena Pantanal, é encarado como crucial para largar de forma positiva na segunda parte do Brasileirão.
No Pici desde maio de 2021, Juan Pablo Vojvoda comandou o Fortaleza em 100 jogos, com 46 vitórias, 24 empates e 30 derrotas. Neste período, conquistou três títulos: dois do Campeonato Cearense e um da Copa do Nordeste.