O paradoxo vivido pelo Fortaleza na temporada 2022 fez com que o Leão chegasse, ao mesmo tempo, numa virada de turno da Série A em último lugar e entre os oito melhores times da Copa do Brasil. Amanhã, o Leão abre uma disputa por vaga na semifinal do mata-mata contra o Fluminense e aquilo que era para ser um orgulho para a torcida acabou virando objeto de cisão entre os tricolores.
Preocupados com a situação do time no Campeonato Brasileiro, competição que é a base para o atual momento do time (financeiro e esportivo), alguns defendem que o técnico Juan Pablo Vojvoda escale uma equipe reserva na Copa do Brasil e mantenha o foco totalmente voltado para uma campanha de recuperação na Série A. Já outros entendem que não se pode abrir mão do torneio após ter chegado nesta etapa, fruto de uma eliminação imposta ao maior rival, o Ceará.
Uma discussão semelhante aconteceu em meio à disputa da Libertadores da América. Havia uma tese de que o certame da Conmebol atrapalhava o time na Série A e alguns queriam que o Leão não gastasse mais energia nas partidas internacionais, principalmente após um início ruim, e se dedicasse totalmente à competição doméstica. Na época, o discurso de Vojvoda era de que o time tinha que desfrutar do que havia conquistado no ano anterior e o treinador afirmava sempre usar o que tinha de melhor a cada jogo, independentemente do campeonato.
Desta vez, porém, o argentino foi mais cauteloso. “É uma competição que para nós é importante, para o torcedor também. Vamos jogar essa partida (contra o Fluminense) com máxima de força e responsabilidade, mas levando em conta a recuperação física de nossos atletas porque três dias depois vamos jogar um partida muito importante com o Cuiabá”, disse, na coletiva após o empate do Fortaleza com o Santos.
A preocupação do treinador é justa, já que a CBF negou o adiamento do jogo contra o Dourado para segunda-feira, 1º, e o duelo está mantido para domingo, 31. Isso significa que o Tricolor terá dois dias para viajar ao Mato Grosso e se preparar para o confronto direto.
Quando cita que vai levar em conta a recuperação dos jogadores para o duelo seguinte, Vojvoda pode estar sinalizando que poupará algumas peças. Por outro lado, ao destacar que o jogo contra o Fluminense também tem seu peso, fica claro que o Tricolor não vai entrar em campo amanhã no Castelão sem o intuito de ser competitivo e de conquistar a vitória.
Se precisar mexer no time considerado titular, o técnico do Leão tem mais opções, com os cinco reforços contratados na janela regularizados. Deles, apenas o meia Otero não estreou, mas deixou claro que está pronto, ao ser apresentado oficialmente, ontem.
“Estou para a guerra, já. Estou esperando ansiosamente a minha estreia. Mas é como eu falei, são situações do treinador. Obviamente eu o entendo. O tempo de Deus é perfeito. No dia que for para eu entrar, tenho que estar na melhor forma para ajudar o time”, afirmou.
Em contrapartida, o número de desfalques se equipara. Apesar de não ter tido nenhuma nova baixa após o jogo contra o Santos, o Fortaleza ainda não deverá ter à disposição o goleiro Fernando Miguel, os volantes Hércules e Zé Welison, além do meia Matheus Vargas e do lateral-direito Tinga, todos no departamento médico. O volante Felipe também não está mais no elenco, devido à negociação com o Al-Batin, da Arábia Saudita.
Resta saber ainda se Vojvoda voltará a escalar o time com uma linha inicial de quatro jogadores, abrindo mão da trinca de zagueiros definitivamente. O treino da tarde de hoje deve dissipar as dúvidas, pelo menos para o elenco tricolor.
Apresentado, Otero projeta estreia pelo Fortaleza: "Esperando ansiosamente"
No início da tarde de ontem, o Fortaleza apresentou o meia-atacante Rómulo Otero no Centro de Excelência Alcides Santos. O venezuelano foi o terceiro reforço anunciado pelo Leão do Pici na atual janela de transferências.
Já regularizado no BID da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Otero já foi relacionado para duas partidas, mas ainda não recebeu oportunidade do técnico Juan Pablo Vojvoda. Por isso, o meia revelou ansiedade pela primeira partida no Fortaleza e disse entender as escolhas do treinador.
“Tô para guerra já. Estou esperando ansiosamente a minha estreia. Mas é como eu falei, são situações do treinador. Obviamente eu o entendo. O tempo de Deus é perfeito. No dia que for para eu entrar, tenho que estar na melhor forma para ajudar o time”, ponderou.
Para Otero, a conversa com Vojvoda foi determinante para ele aceitar a proposta do Fortaleza. Porém, outros dois personagens tiveram influência na decisão do venezuelano: Zé Welison e Éderson.
“Falei muito com o treinador. Ele me apresentou muitas coisas boas e me interessou bastante. Não é segredo para ninguém, o Ederson começou a me ligar várias vezes e me deixou muito motivado, mostrou a grandeza do clube. Também conversei com Zé Welison, porque joguei com ele no Atlético. Eles influenciaram”, assumiu.
A última partida oficial de Otero foi ainda em abril, quando ele entrou em campo pelo Cruz Azul, do México. Apesar disso, o meia disse estar fisicamente bem devido a rotina de treinos do Fortaleza:
“Sim, já estou bem fisicamente. Quando cheguei, confesso que estava parado, por umas duas ou três semanas. Mas desde que cheguei no Fortaleza foi um treinamento físico muito forte. Acredito que hoje estou bem melhor (fisicamente)”, comentou.
Polivalente, Otero pode jogar em mais de uma posição no meio de campo. Porém, o meia revelou onde se sente melhor, mas diz estar disponível para jogar até de zagueiro.
“Me sinto muito bem pela esquerda, porque posso ir para dentro e finalizar com a minha melhor perna. Na seleção eu sempre joguei pelo meio, de camisa 10. Confesso que pelo meio e esquerda são minhas posições de preferência, mas se me botar para jogar pela direita, eu vou jogar. Se me botar para jogar de zagueiro, eu vou jogar também”, afirmou.